Na escola, máscara fashion e pulseira que esguicha álcool não substituem abraço
Dificuldade para respirar com acessório no rosto “dói menos” que não poder encostar nos amiguinhos
Quem achou que manter as crianças de máscaras seria o problema se enganou. O acessório é um dos itens fashion do “novo normal” nas escolas privadas de Campo Grande depois da volta às aulas presenciais. Para os pequenos alunos, a dificuldade para respirar “dói menos” que a proibição de abraçar os coleguinhas.
Betina Maluf, de 5 anos, e Amanda Pegolo, de 6 anos, são melhores amigas e admitem a frustração de não poderem se abraçar depois de meses no isolamento.
Superequipada, Betina usa até uma pulseira que esguicha álcool em gel para ir às aulas e sabe bem como se cuidar. “Usar máscara e lavar a mão”. Para ela, o chato mesmo é que “não pode abraçar, não pode sentar perto”, repete, insatisfeita por não poder fica colada na amiguinha.
Da turma matutina do Jardim 3 do Colégio General Osório, Amanda é a única que não se adaptou à máscara. “Não me deixa respirar”. Mas, a solução também foi “na moda”, uma faceshield (aquela proteção de plástico) de unicórnio.
O contato físico é o que falta para a aluninha. “Eu sentava junto com ela (Betina). Quero que acabe logo o coronavírus, porque ele maltrata as pessoas”. Amanda lembra ainda que a brincadeira preferida, pega-pega, está proibida por enquanto.
Ana Sofia, de 6 anos, se adaptou bem e apesar da saudade do contato "de verdade" com os amiguinhos, questionada sobre o que mais sentiu falta durante o afastamento, foi bem sincera: “do lanche”.
Dia do Abraço - A professora da turma Luana da Silva Ribeiro Oliveira, de 35 anos, diz ter se surpreendido com grau de entendimento dos alunos sobre a necessidade do distanciamento e cuidados. “O novo assusta, mas foi melhor do que esperávamos. A escola está muito organizada e pais conscientes. A volta está sendo muito tranquila”.
A solução para a maior queixa das crianças já existe, de acordo com a pedagoga. Cada aluninho ganhou uma capa plástica para o Dia do Abraço, implantado às segundas-feiras.
Mais novos - Ontem e hoje, o Campo Grande News visitou escolas para saber como está a adaptação da criançada. Além da volta sem grandes dificuldades, o que a reportagem percebeu é que “covid-19” e “coronavírus” são palavras na ponta da língua, até do menores
Perguntado sobre como faz para não pegar o coronavírus, Yan Thin, de 3 anos, responde: "lavar a mão com sabão e passa álcool".
Apesar da máscara não ser obrigatória, os temas infantis agradam a criançada. "A minha é da Patrulha Canina", diz Yan.
Diretora pedagógica da Escola Criarte, Flávia Muniz explica que as crianças estão divididas em cinco por sala, no máximo. A adaptação às aulas presenciais tem sido tranquila nas palavras da diretora. "A dificuldade maior é com os bebês para manter o distanciamento e a higienização", comenta. Isso porque como a demanda por colo é maior, a cada bebê que a professora ou auxiliar pega, é preciso higienizar.
A rotina de chegada já é feita quase que no automático, os pezinhos no tapete sanitizante, por exemplo, nem chegam a ser observados como regra pelos pequenos. "A gente fala e ensina tudo de uma forma lúdica, com musiquinhas. Diz que não pode pegar no amiguinho, que o bichinho está no ar e a gente não consegue enxergar. E eles entendem".