"Não podemos controlar", diz organização da feira sobre problemas com trânsito
Mesmo com recomendações, motoristas estacionam em lugares proibidos e reclamações de moradores persistem
Uma vez por mês, a Feira do Bosque da Paz, no bairro Carandá Bosque, reúne cerca de 20 mil visitantes. No entanto, nos últimos dias, a "paz" tem sido questionada devido a problemas de trânsito que afetam tanto os expositores quanto alguns moradores locais.
A principal reclamação diz respeito ao estacionamento de veículos em locais proibidos, que muitas vezes bloqueia a passagem de garagens. De acordo com uma das organizadoras da Feira do Bosque da Paz, Carina Zamboni, o problema de estacionamento não é recente.
Em setembro de 2022, a coordenação da feira teve uma reunião com a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) para discutir a organização do trânsito durante a realização do evento. “Antes, eles concordaram em permitir o fechamento de três ruas próximas à praça e fornecer cavaletes em comodato. Só que a medida não foi bem recebida pelos moradores locais, que argumentaram que prejudicava seu direito de ir e vir”, explica.
Diante das crescentes preocupações da comunidade local, uma nova reunião foi realizada em agosto de 2023, com a participação de representantes da Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo), da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), da Agetran, da Guarda Municipal e do gabinete da Prefeitura.
“Foi quando decidiram colocar placas, que impediam o estacionamento em dias de feira. O meio-fio da praça também foi pintado de amarelo e somente expositores poderiam utilizar o espaço para descarregar, das 6h até às 9h”, explica Carina.
Entretanto, até a última edição da feira, ocorrida no último domingo (15), moradores retornaram com reclamações sobre o trânsito. O último incidente envolvia um morador que demorou mais de 30 minutos para sair de casa, devido ao bloqueio de sua garagem, na Rua Kame Takaiassu.
Em entrevista concedida ao Campo Grande News, Carina reforçou que a fiscalização do trânsito não é responsabilidade da organização da feira. Inclusive, ela pontua que a feira pode ser multada, caso interfira nas regras de trânsito.
Os nossos expositores não estacionam e seguem as regras. Só que o fluxo de trânsito não pode ser controlado por nós, é papel da Agetran. Quando ocorrer um problema de trânsito, a Agetran aconselha que seja tratado diretamente com eles, não com a gente. Só que os moradores não entendem isso, tratam como descaso por parte da organização da feira”, esclarece Carina.
Segundo Carina, a organização da feira já fez campanha de conscientização sobre o assunto em suas redes sociais. “A gente até tem publicações no Instagram que recomendam aos participantes para irem de carona, de motorista de aplicativo e outras alternativas para evitar um fluxo intenso de veículos”.
Devido ao retorno de reclamações, Carina disse à reportagem que pretende marcar uma nova reunião com a Agetran. “Vamos tentar uma nova reunião com a Agetran e tentar resolver esse problema”.
Expositores - Mesmo com o problemas no trânsito e reclamações de moradores, para os expositores, a feira é uma fonte de renda essencial. Inaugurada em agosto de 2022, a Feira do Bosque movimenta R$ 7,2 milhões, além de beneficiar 550 expositores de artesanato, moda autoral, antiguidades, gastronomia e uma gama diversificada de atrações culturais.
A expositora Bruna Caruso reforça que os problemas citados são responsabilidade da Prefeitura. "Acredito que falta apoio do poder público. Inclusive, os carros que estacionaram em lugares proibidos devem ser punidos, mas a organização da feira não tem como multar e guinchar esses veículos. É necessário que o poder público faça o seu papel em garantir que quem estacionou de forma irregular seja punido".
Bruna também reforça que a Feira do Bosque da Paz tem sido uma alternativa para o comércio na cidade, já que atrai cerca de uma média de 20 mil visitantes em cada edição. “A feira é o local em que mais comercializamos, é a oportunidade em garantir o sustento e vender nossos produtos, já que o comércio de Campo Grande vem há anos decaindo”.
Em sua segunda participação, a expositora Valdiane de Oliveira também notou o grande fluxo de visitantes e afirma entender a indignação por parte dos moradores. “Olha, o movimento é bem grande. Eu entendo que os vizinhos ficam incomodados com isso, mas é só uma vez no mês. Agora, se a pessoa estaciona na saída da garagem é errado. Deve ser multada mesmo”.
Valdiane explica que também foi multada durante o evento, mesmo seguindo as regras estabelecidas entre a organização e a Agetran. “Estacionamos o carro para descarregar as coisas e terminar de montar a estrutura da barraca. Só que ele tomou uma multa, mas nem era 9 horas da manhã. O combinado é até às 9h e era 8h40. Vamos tentar recorrer”.
Ciente dos problemas de trânsito que acontecem na região, Valdiane explica que é preciso realizar uma ação educativa com os motoristas que frequentam a Feira do Bosque. “A Agetran poderia fazer um trabalho educativo junto às pessoas que visitam a feira, pois eles que movimentam financeiramente a feira e não apenas aplicar multa”.
Fiscalização - A reportagem entrou em contato com a Agetran para saber se há alguma possibilidade de reforçar a fiscalização do trânsito na região durante a realização do evento. Em nota, o órgão afirmou que que atua em parceria com os demais órgãos fiscalizadores como o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, Guarda Civil Municipal e Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul).
A Agetran também pontuou que seus agentes já estão autuando os condutores que cometem infração de trânsito nos dias de Feira.
[**] Matéria editada às 17h53, do dia 18 de outubro, para acréscimo de informações.
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