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Capital

"Não posso morrer aqui", lembra motorista esfaqueada por passageiro

Autor do crime foi julgado nesta quarta-feira, sentenciado a 8 anos de prisão e terá de indenizar a vítima

Por Clara Farias e Bruna Marques | 21/08/2024 16:22
Audineth chegando para prestar depoimento ao juiz Aluizio (Foto: Marcos Maluf)
Audineth chegando para prestar depoimento ao juiz Aluizio (Foto: Marcos Maluf)

“Eu preciso chegar no postinho de saúde, não posso morrer aqui sozinha”, durante sessão do Tribunal do Júri desta quarta-feira (21), motorista de aplicativo Audineth Aguiar dos Santos relembrou momentos após ter sido esfaqueada por passageiro. Durante o depoimento, ela contou que trabalhou cinco anos na profissão antes de ser esfaqueada por Alan Melo de Luiz, em 20 de maio de 2022.

Aos jurados, a vítima contou que buscou o autor no Bairro São Conrado, com destino ao Condomínio Vilagio Parati, por volta das 20h50. Como estava frio e o movimento de corridas estava fraco, Audineth decidiu fazer aquela última viagem e encerrar o dia de trabalho. Durante o trajeto, Alan foi em silêncio. Ele vestia um casaco com capuz e passou a viagem toda olhando para janela.

Próximo ao destino, uma feira de rua ocupava a avenida e a motorista precisou desviar pela Rua Graça Aranha, atrás do condomínio. O local era escuro e ela questionou se o endereço estaria certo, momento que Alan passou a esfaquear a motorista no rosto.

"Coloquei a mão na buzina e acelerei.Ele acertou minha orelha, ficou pendurada e ele ficou acertando meu braço", afirmou Audineth.

A mulher conta que utilizava um aplicativo para se comunicar com outros motoristas de aplicativo, e quando isso aconteceu, ela mandou um áudio dizendo que havia sido esfaqueada. Ouça a gravação abaixo.

Ao todo foram 15 facadas. Audineth conta que a única coisa que pensava na hora era conseguir chegar até o posto de saúde. "Não posso morrer aqui sozinha. Na hora da adrenalina você não sente dor", relembrou ela. Uma testemunha foi ouvida pelos jurados, pois reconheceu o casaco utilizado pelo autor no dia do crime.

Outro lado - Antes de prestar o depoimento, a defesa da Alan pediu para conversar com o homem. Momentos depois, passou a contar sua versão ao juiz Aluizio Pereira dos Santos. Segundo o relato, ele contou que usava o perfil no aplicativo com um apelido de escola que faz referência a uma espingarda que aparecia em uma série de televisão.

No dia do crime ele afirmou que tomou um copo de cachaça, aproximadamente 300 ml, e depois pediu a corrida. "Eu ia para a casa de um amigo meu. Morava no Santa Emília e ele no Jardim Botafogo. Chamei antes das 20h e a gente ia beber lá na casa dele", disse o rapaz.

Alan sentado no bando dos réus durante julgamento (Foto: Marcos Maluf)
Alan sentado no bando dos réus durante julgamento (Foto: Marcos Maluf)

Durante o julgamento, ele alegou que a motorista fazia o trajeto correto, mas ele não lembra de nada após esfaqueá-la. "Eu lembro de cinco facadas. Falar a verdade, eu não sei porque esfaqueei ela. Minha intenção não era matar, mas não sei o que aconteceu comigo naquela hora. Usei um canivete que comprei para me defender", pontuou Alan.

Depois do crime, ele acabou desistindo de ir encontrar com o  amigo e voltou para casa.

Sentença - Na sessão, a defesa de Alan sustentou as teses da desclassificação pela desistência voluntária e o afastamento da qualificadora do feminicídio. Nenhuma foi acolhida e o Conselho de Sentença decidiu por condenar o rapaz.

Alan foi, então, sentenciado a oito anos e nove meses de prisão em regime fechado pela tentativa de feminicídio. Além de indenizar a vítima no valor de R$ 10 mil, valor que deverá ser corrigido desde a data da decisão com juros de mora de 1% ao mês, contados da data do crime.

Audineth no hospital se recuperando dos ferimentos que sofreu na tentativa de feminicídio (Foto: Arquivo)
Audineth no hospital se recuperando dos ferimentos que sofreu na tentativa de feminicídio (Foto: Arquivo)

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