No dia que conseguiu internação compulsória, mãe encontrou o filho assassinado
Um dos acusados da morte de "Pedrinho" está preso, o outro foragido
Há exato um ano desde a morte do filho, Adriana Ponce de Arruda, de 33 anos, ainda tenta entender o motivo de tanta brutalidade que fez com que Pedro José de Arruda Pinto fosse velado de caixão fechado. “Eles roubaram até o direito de eu beijar o meu filho pela última vez”, lamenta.
O rapaz era usuário de drogas e até a data do assassinato, em 31 de outubro de 2019, ela lutava para conseguir na Justiça ordem para internação compulsória, o que daria outra chance ao tratamento da dependência química.
Em outubro do ano passado, ela estava a caminho do Fórum para finalizar o processo, quando recebeu a notícia que a fez mudar a rota e seguir para a delegacia. Adriana foi impactada inicialmente por um possível sequestro e mais tarde pela confirmação da morte de Pedro, encontrado em um matagal no bairro Danúbio Azul.
A vida até ali não havia sido fácil para a mãe trabalhadora, que viu o menino se envolver muito cedo com as drogas, em um bairro sem outra ocupação que não fosse dividir a rua os amigos. Para sustentar o vício, Pedro já tinha passagem pela polícia por receptação e tráfico, a primeira ao 13 anos, além de três internações na Unei (Unidade Educacional de Internação).
31 de outubro de 2019 - Com 16 anos na época da morte, o corpo do adolescente foi encontrado com várias partes do corpo quebradas. Ele foi assassinado em um matagal na rua de casa, mas sofreu sessão de tortura antes. Outro traço cruel da história é os acusados eram amigos do garoto.
“Acho que meu filho não merecia essa morte não. O caixão foi lacrado, não teve nem condição de ver o corpo”, relembra a mãe indignada.
Lucas Almeida Portela e Alisson Fernandes Ribeiro, ambos de 22 anos, conhecidos com “Rato” e “Bugue”, são os acusados da morte de Pedrinho. Alisson está preso. Lucas foragido.
Segundo informações à época, o adolescente foi sequestrado por volta das 6h, levado para um mata na região do Danúbio Azul, em Campo Grande, e assassinado.
Conforme o relatório da perícia, Pedro foi morto perto das 9h da manhã, mas o corpo só foi encontrado na noite do mesmo dia, às 19h.
O adolescente teve os braços amarrados para trás com a própria camiseta, e foi torturado e estrangulado. O menino teve uma das mãos e pé quebrados e, nas costas, também havia marca de queimadura.
Durante buscas no bairro, uma testemunha relatou à polícia que viu os rapazes conhecidos como ''Rato'' e 'Bugue'' entrando com o adolescente no matagal por volta das 6h30 e, depois de duas horas, saindo sem Pedro. A linha de investigação sempre foi relacionada a dívida de drogas.
Por escolha, Adriana diz que só sabe por cima os detalhes do crime. Mesmo com acesso ao processo do filho, diz “não ter coragem de ver o que tem lá dentro”.
Os dois acusados da morte eram conhecidos no bairro. Segundo a mãe do menino, "todos temiam pelos caras". Adriana já chegou a encontrar Alisson, o suspeito preso, na igreja bem antes da morte do filho. Ela nunca imaginou que seria ele quem traria “a maior tristeza da vida”.
31 de outubro de 2020 - Segundo Adriana, um ano se passou sem que o julgamento chegasse como forma de amenizar a sensação de impunidade.
Até agora, duas audiências foram feitas e um deles ainda nem seque foi encontrado. "Quero ouvir da boca deles o motivo de torturarem e matarem filho, com tanta brutalidade", explica.