No país da fome, padre pede que fiéis sejam mais solidários
Missa de abertura da Campanha da Fraternidade 2023 ocorreu na manhã deste domingo em Campo Grande
Como de praxe em toda Quaresma, missa de abertura da Campanha da Fraternidade 2023 ocorreu na manhã deste domingo (26) no Ginásio Poliesportivo Dom Bosco em Campo Grande. Tema escolhido pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para este ano foi “Fraternidade e Fome”, portanto houve sugestão de que cada fiel levasse um quilo de alimento não perecível.
De acordo com padre Laércio Chebelo, um dos nomes que celebraram a missa junto ao arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Campo Grande, Dom Dimas, a ideia de arrecadar alimentos surgiu para que haja conscientização do estado crítico em que se encontram as mais de 33 milhões pessoas que passam fome hoje no Brasil.
“A Quaresma é tempo de oração, tempo em que a gente procura viver os três princípios: vida de oração, vida de unção e vida de caridade. Então dentro da Campanha da Fraternidade temos esse compromisso de sermos solidários aos mais frágeis, marginalizados e excluídos”, disse.
Os alimentos arrecadados serão doados às famílias em situação de vulnerabilidade cadastradas no plano interno de cada paróquia, além de pessoas que já são ajudadas por grupos de fieis que atuam na linha de frente ao combate à fome na Capital.
Sobre a quantia de alimentos já arrecadada, ainda não há números, mas o padre faz um apelo acerca da ausência de empatia do ser humano. “Veio bastante alimento, mas ainda falta muito e falta essa conscientização da solidariedade” finaliza.
Este não é o caso da professora aposentada Jussara Sandim, 62 anos, que desde 2014 junta latinhas, vende e com o dinheiro faz cestas básicas para ajudar quem precisa.
“Eu faço porque a gente vê a realidade né? Teve colegas meus que já ficaram seis meses com salário atrasado e tinham que comer manga pra não passar fome. Um país produtor como nosso, de carne, as pessoas passarem fome, é triste!”, lamentou.
A educadora observa, ainda, que durante a Quaresma os fieis fazem jejum e deixam de consumir ou praticar algo que gostam muito, porém, para ela, o esforço pensando somente na individualidade não atinge o objetivo religioso.
“Não adianta só fazer jejum na boca e não fazer nada pelo outro, ontem eu vi uma reportagem o povo falando que não vai comer chocolate, não vai comer não sei o quê, beleza, mas o que vai fazer pelo outro? Não adianta só não comer chocolate e não fazer nada”
A auxiliar de serviços gerais, Felipa Madalena de Souza, 51 anos, engrossa o coro das que não ficam somente no discurso e colocam a mão na massa. “Eu trouxe o alimento e também ajudo na organização, faz mais de dez anos, a gente sempre ajuda porque é importante né ajudar o próximo, mesmo a gente que é pobre, que a gente dê pouco, mas que a gente dê o que pode”, conta.
Rito – A Quaresma é o período de 40 dias que entre o fim Carnaval e a Páscoa no qual fieis cumprem espécie de penitência como jejum e o não consumo de carne vermelha e álcool, por exemplo. O início ocorre na quarta-feira de cinzas e acaba na Sexta-feira Santa.
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