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Capital

No trânsito marcado por abusos, a boa notícia vem da faixa de pedestre

Num cenário sem fiscalização, seja eletrônica ou presencial, surge o reflexo de uma campanha que nasceu em 2010

Aline dos Santos | 03/07/2018 10:00
A faixa de pedestre em frente à Morada dos Baís foi a primeira a receber campanha educativa.  (Foto: Saul Schramm)
A faixa de pedestre em frente à Morada dos Baís foi a primeira a receber campanha educativa. (Foto: Saul Schramm)

Avenida Eduardo Elias Zahran, 6h55 de terça-feira, dia 3 de julho. O pedestre para, olha a faixa sinalizada para sua travessia, e em poucos segundos os carros cessam o fluxo para que ele atravessa rua.

Num cenário sem fiscalização, seja eletrônica ou presencial, surge o reflexo de uma campanha que nasceu em 2010 para que o condutor de Campo Grande respeite a faixa de pedestre. Num trânsito marcado pelos abusos, a boa notícia vem dos pedestres.

“Aqui, sempre param”, elogia a estagiária Anne Ferreira, 21 anos. O respeito à travessia do pedestre também é confirmada pela administradora Luciana Flávia de Campos, 40 anos. “Os motoristas respeitam”, diz.

Na faixa de pedestre da avenida Afonso Pena, próximo ao Camelódromo e à Morada dos Baís, a primeira a ter campanhas educativas, a reportagem encontrou condutores mais resistentes. Eles param, mas é preciso que um condutor tome a dianteira para contagiar os demais. Como o motorista de ônibus do transporte coletivo que não titubeou em ligar o alerta para dar prioridade ao pedestre.

Na rua Coronel Cacildo Arantes, na Chácara Cachoeira, a faixa de pedestre é elevada, na altura da calçada. A secretária Crislaine Rodrigues, 25 anos, conta que faz a travessia sem dificuldades, mesmo no horário de pico. “Me sinto segura. Passo aqui tanto no começo da manhã quanto no fim da tarde”, diz.

Para quem está com crianças, há mais desconfiança quanto a boa vontade dos condutores. A funcionária pública Helena Nicaretta, 60 anos, conta que passa com a filha ou desce do carro para monitorar a travessia. “Ainda tem muito que melhorar”, avalia.

Morando há um ano em Campo Grande, o gerente de produção João Evaldo Siqueira da Silva, 43 anos, diz que observou que as pessoas respeitam bastante a faixa de pedestres. Mas se sente mais seguro em levar a filha de 9 anos até a porta da escola. “E também oriento para que olhe para os dois lados e não passe a rua brincando, por exemplo”, diz.

Sem semáforo ou fiscalização, carros param na avenida Zahran para travessia de pedestres. (Foto: Saul Schramm)
Sem semáforo ou fiscalização, carros param na avenida Zahran para travessia de pedestres. (Foto: Saul Schramm)
Em frente de escola, pais preferem atravessar com as crianças, mesmo na faixa de pedestre. (Foto: Saul Schramm)
Em frente de escola, pais preferem atravessar com as crianças, mesmo na faixa de pedestre. (Foto: Saul Schramm)

Corredor e timidez - No período em que a reportagem monitorou a faixa de pedestre, duas situações ficam claras. A primeira é que os motociclistas são os que mais resistem a parar, passando pelo “corredor” formado pelos veículos parados; e a segunda é que o pedestre fica tímido em sinalizar sua intenção de passar gesticulando com o braço.

No vale-tudo do trânsito, o pedestre se sente mais seguro quando a decisão de parar parte do motorista e não de seu gesto. “Eles têm medo. Prefere ficar parado e esperar a decisão do condutor. O pedestre ainda fica tímido. Mas essa questão de sinalizar é muito mais no Brasil. Mas se você vê faixa de pedestre, já reduz”, afirma a chefe da Divisão de Educação para o Trânsito da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Ivanise Rotta.

De acordo com ela, as campanha de conscientização sobre a faixa de pedestre começou há oito anos. “Em novembro de 2010, quando as pessoas questionavam se estava dando certo, respondia vamos ali na faixa. Você imagina que alguém ia parar?”, recorda Ivanise.

A Agetran faz campanhas em empresas e também educa o pedestre. Numa via com faixa de pedestre e sem semáforo, a preferência é do passante. Na rua sem faixa de pedestre, a preferência é do carro. A pessoa deve aguardar a passagem dos veículos e atravessar em linha reta e passos firmes. Quando há faixa de pedestre e semáforo, a travessia deve ser feita quando o sinal estiver no vermelho.

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