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No velório de "Estrelinha", lembrança é do sorriso e pedido de presente de Natal

Menina de 11 anos foi morta no domingo; vizinhos falaram da alegria e do cuidado dedicado aos irmãos

Silvia Frias, Viviane Oliveira e Marcos Maluf | 13/12/2022 10:15
Palmas e oração para homenagear "Estrelinha", sepultada no Cemitério Santo Amaro. (Foto: Marcos Maluf)
Palmas e oração para homenagear "Estrelinha", sepultada no Cemitério Santo Amaro. (Foto: Marcos Maluf)

No pequeno caixão, um ursinho amarelo foi colocado ao lado do corpo franzino da menina morta aos 11 anos, em desfecho que ainda causa incredulidade aos vizinhos da família. “Estrelinha”, como era conhecida no Bairro Nossa Senhora das Graças, foi estuprada e espancada dentro de casa, enquanto cuidava dos dois irmãos.

Capela ficou lotada durante velório. (Foto: Marcos Maluf)
Capela ficou lotada durante velório. (Foto: Marcos Maluf)

O velório no Cemitério Santo Amaro começou às 7h30, sendo acompanhado por dezenas de pessoas, entre familiares, vizinhos e policiais que participaram da investigação. Quem se aproximou viu o corpo vestido com blusa rosa e caixão adornado com pequenas flores de plástico roxas. Emocionados, acariciavam as mãos e o rosto de "Estrelinha".

Um rapaz ficou ao lado do caixão todo o tempo, chorando muito. Ele é irmão da menina, tem 18 anos e mora com os avós. A mãe de "Estrelinha" está presa por abandono de incapaz e não foi ao velório.

No local, o sentimento era de consternação. As orações foram intercaladas com música “Mãezinha do Céu”: Mãezinha do céu, eu não sei rezar/Eu só sei dizer: Eu quero te amar/Azul é seu manto, branco é seu véu/.

A dona de casa Vera Lúcia Gomes da Silva, 61 anos, era uma das mais emocionadas. Responsável pelo projeto social “Mãos de Vera”, tinha contato frequente com a mãe da menina, para quem doava parte do que recebia. “Parece que foi uma filha minha que Deus levou”, disse. “Era uma menina muito doce, muito querida”.

Policiais do GOI prestaram homenagem à menina. (Foto: Marcos Maluf)
Policiais do GOI prestaram homenagem à menina. (Foto: Marcos Maluf)

Vera Lúcia lembrou a última vez que viu “Estrelinha”. Na última quarta-feira, a menina foi até a casa dela e pediu para que a dona de casa não esquecesse de colocar o nome dela e dos irmãos na lista para a festa de fim de ano, prevista para o dia 23 de dezembro e realizada em uma rua do bairro.

“Ela falou: ‘para meu irmãozinho de 3 anos pode dar carrinho, o outro é bebê, a senhora escolhe”, disse. A menina não pediu nada específico, mas deu a dica. “Eu já estou ficando mocinha”. E completou. “Não esquece da gente, nem de mim, nem dos meus irmãos”.

A professora Irene Aparecida dos Santos foi ao velório à base de medicamentos. Ela ministra aula na ONG Meimei, que era frequentada pela menina. “Era muito alegre, nunca levou problemas para a sala de aula”, contou, emocionada. “Amava pular corda e estava sempre rindo”.

Todas as pessoas abordadas pela reportagem relataram o choque em saber como a menina foi morta. “Jamais imaginei que isso pudesse acontecer no nosso bairro”, disse a salgadeira Tatiana Cocheve, 38 anos. A última vez que viu “Estrelinha” foi no sábado, quando a menina comprou dois cachorros-quentes.

Tatiana diz que raramente via a menina na rua. Sempre que aparecia, era para comprar alguma coisa ou para levar os irmãos para brincar na pracinha.

Muita emoção durante o sepultamento da menina, no Santo Amaro. (Foto: Marcos Maluf)
Muita emoção durante o sepultamento da menina, no Santo Amaro. (Foto: Marcos Maluf)

Polícia – Além de familiares e amigos, equipe do GOI (Grupo de Operações e Investigações) foi até o velório. Os policiais foram aplaudidos e muitos agradeceram pela rápida solução do caso.

O secretário municipal de Educação, Lucas Bittencourt, foi até o velório e disse que a equipe está prestando apoio psicológico aos colegas da menina, na Escola Municipal Licurgo de Oliveira Bastos, na Vila Nasser. “É momento muito triste, nossa missão é garantir aos alunos o cuidado e apoio”.

Crime – A menina foi assassinada em casa, na noite de domingo (11). Ela foi encontrada caída no chão da cozinha, com sinais de agressão física e sexual. A perícia informou que a garota sofreu traumatismo craniano.

Ontem à tarde, a polícia prendeu Maykon Araujo Pereira, 31 anos, que confessou ter matado a menina. Ele foi até a casa da família para programa sexual com a mãe dela e encontrou a criança que cuidava dos irmãos.

Pereira justificou o crime, dizendo que havia bebido demais. Negou que tinha estuprado a menina, afirmando que “apenas passou a mão” na criança.

A ex-cunhada dele foi até o velório e disse que ele já deveria estar preso por ter agredido a irmã e os enteados, em caso anterior, já registrado pela polícia.

Flores são jogadas sobre o caixão de "Estrelinha". (Foto: Marcos Maluf)
Flores são jogadas sobre o caixão de "Estrelinha". (Foto: Marcos Maluf)

Despedida - O corpo foi sepultado às 9h50. A passos lentos, foram cerca de 10 minutos até que todos chegassem em frente da cova simples, aberta nos fundos do cemitério. A caminhada foi feita enquanto todos entoavam “Segura na Mão de Deus”. Rosas foram jogadas sobre o caixão.

Uma moça pediu que todos fizessem oração, pouco antes do caixão ser baixado. “Vamos lembrar do sorriso dela, era menina que não tinha malícia, vamos agradecer pela vida dela na Terra e vamos orar pelos irmãos, que não vão ter a irmã para cuidar deles”.

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