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Capital

Nome de empresário de MS estava no computador de ‘gerente de propinas’

MPF pediu quebra do sigilo telefônico, de e-mails ou qualquer ou meio de comunicação eletrônica de Thiago Cance

Anahi Zurutuza | 26/09/2016 19:08
Thiago Nunes Cance, que foi intimado a depor na PF (Foto: Facebook/Reprodução)
Thiago Nunes Cance, que foi intimado a depor na PF (Foto: Facebook/Reprodução)

Dados relativos a 2010 recuperados de um dos computadores da Odebrecht, empreiteira investigada na Operação Lava Jato, trouxeram à tona suposto pagamento de propina ao empresário de Campo Grande, Thiago Nunes Cance. Alvo de mandados de busca e apreensão e condução coercitiva, ele deveria ser levado para na sede da Polícia Federal da Capital depor nesta segunda-feira (26), a pedido do comando da força-tarefa.

O nome dono da Move Club e da antiga Wood’s estava registrado em documentos recuperados do computador da “gerente de pagamento de propinas” da Odebrecht. A informação consta nos pedidos de expedição de mandados de busca e apreensão e condução coercitiva contra o empresário de Campo Grande, que foram feitos MPF (Ministério Público Federal) do Paraná.

Em busca feita no computador de Maria Lucia Tavares, do setor de Operações Estruturadas da empreiteira, que na verdade era responsável pelos pagamentos das propinas, segundo o MPF, “foram identificadas entregas de recursos ilícitos para as pessoas referidas como ‘Rovério Pasotto’ e ‘Thiago Cance’”.

O primeiro é gerente de Planejamento e Projetos da Sanasa, concessionária do abastecimento de água e coleta de esgoto de Campinas (SP), empresa que foi a pivô do escândalo de corrupção que derrubou o prefeito da cidade Hélio de Oliveira Santos (PDT), em 2010.

Já Thiago é filho de Aurélio Cance Júnior, também envolvido no esquema da Sanasa, ainda conforme o MPF. Os procuradores da República dão a entender nos pedidos feitos ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que o dinheiro ilícito seria destinado ao pai de Thiago, uma vez que naquele ano a Sanasa havia contratado a Odebrecht para obras.

“Especificamente em relação aos investigados e à possível vinculação dos recursos ilícitos com obra realizada pelo Grupo Odebrecht para a Sanasa, verificou-se que, no ano de 2010, consórcio liderado pela Odebrecht foi contratado pela Sanasa para execução do Programa de Saneamento Capivari II”, diz um trecho do pedido. “É bastante provável que os recursos espúrios tenham relação com o contrato obtido pela Odebrecht [com a Sanasa]”, continua o MPF.

Daí a necessidade da busca e apreensão, condução coercitiva e quebra do sigilo telemático – relativo a equipamentos para telecomunicações – de Thiago, argumentaram os investigadores da Lava Jato.

Hospedagem – O empresário campo-grandense teria ido a São Paulo e se hospedado no Hotel Mercure Pinheiros por três vezes para receber as propinas. Em duas ocasiões – em 29 de julho e 2 de agosto daquele ano – ele teria deixado o hotel no mesmo dia que fez o check-in.

Esta seria uma prática de pessoa para quem as empresa investigadas na Lava Jato endereçavam as propinas. “Conforme já amplamente observado em outros casos de corrupção e lavagem de ativos, a realização de encontros e reuniões em hotéis é prática comum entre os envolvidos, utilizando o local como forma de inviabilizar a descoberta das tratativas e da entrega de recursos em espécie”, alega o MPF.

Palocci foi o principal alvo da 35ª fase da Lava Jato (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
Palocci foi o principal alvo da 35ª fase da Lava Jato (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Omertá – Thiago teria de ser levado à sede da PF de Campo Grande para prestar esclarecimentos pela manhã, mas até o fechamento da matéria não havia a confirmação se o mandado de condução coercitiva havia sido cumprido.

A operação teve 45 ordens judiciais, sendo 27 mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão temporária e 15 mandados de condução coercitiva. Os locais foram São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

O nome Omertá, dado à investigação policial, é referência a origem italiana do codinome que a construtora usava para fazer referência ao principal investigado da 35ª fase da operação. Nos supostos registros de pagamentos de propinas da Odebrecht, o ex-ministro dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Dilma Rousseff (PT), Antonio Palocci, era chamado de “italiano”.

A reportagem tentou contato com Thiago e Aurélio, mas o telefone do empresário estava desligado e o pai informou por meio do porteiro do condomínio onde mora que não daria entrevista. (Com informação do Estadão)

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