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Capital

Empresário da noite em MS é suspeito de receber propinas da Odebrecht

Ricardo Campos Jr. | 26/09/2016 13:47
Thiago Cance, empresário e produtor de eventos na Capital, em foto postada no Facebook (Foto: Reprodução / Facebook)
Thiago Cance, empresário e produtor de eventos na Capital, em foto postada no Facebook (Foto: Reprodução / Facebook)

O mandato de condução coercitiva no âmbito da Operação Lava Jato a ser cumprido em Campo Grande tem como alvo o empresário e produtor de eventos Thiago Nunes Cance. O MPF acredita que ele tenha recebido propina entregue pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht em 2010.

Naquele ano, o consórcio liderado pela empreiteira foi contratado pela Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento) de Campinas para executar obras de saneamento. A empresa pública paulista ficou conhecida pelo envolvimento de gestores em esquema de fraudes a licitações mediante pagamento.

Suspeita-se que Thiago tenha recebido dinheiro endereçado ao pai, Aurélio Cance Junior, ex-diretor da Sanasa que já foi inclusive condenado corrupção, formação de quadrilha e fraude em licitação.

Conforme o MPF, o empresário e produtor de eventos esteve três vezes em Campinas, conforme mostram extratos de hospedagens. Em duas daquelas ocasiões, ele teria feito check out no mesmo dia em que chegou ao local.

“Conforme já amplamente observado em outros casos de corrupção e lavagem de ativos, a realização de encontros e reuniões em hotéis é prática comum entre os envolvidos, utilizando o local como forma de inviabilizar a descoberta das tratativas e da entrega de recursos em espécie”, afirmou o MPF à Justiça.

Além disso, o nome de Thiago aparece como destinatário dos recursos ilícitos conforme documentos recuperados no computador de Maria Lúcia Tavares.

Conforme a procuradora Laura Tessler, a operação Omertá, como foi batizada essa fase da Lava Jato, mostra atuação intensa e reiterada do Palocci na defesa de interesses da empresa perante a administração pública. “Envolvendo contratos com a Petrobras, medidas legislativa. A atuação de se deu com pactuação e recebimento de contrapartida em favor do PT. Palocci atuaca como gestor da conta. De 2006 até novembro de 2013”, diz

A investigação identificou que entre 2008 e o final de 2013 foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo Palocci, com saldo remanescente de R$ 70 milhões. O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil foi identificado na planilha como “italiano”. A pedido da PF, foram presos Palocci, Branislav Kontic (ex-assessor do ministro) e Juscelino Antonio Dourados (que foi chefe de de gabinete de Palocci).

Bumlai - O repasse a Antônio Palocci também envolveria aquisição de terreno inicialmente destinado à construção da nova sede do Instituto Lula, referido na planilha pela rubrica “Prédio (IL)”. Além do repasse de mais de R$ 12 milhões anotados na planilha “Programa Especial Italiano”, vinculados a “IL”.

Antônio Palocci participou de reunião com Marcelo Odebrecht e recebeu, por intermédio de Branislav Kontic, documentos encaminhados via e-mail pelo presidente do grupo empresarial, relacionados à compra do terreno

Conforme o Ministério Público, outra prova analisada se refere à minuta de contrato do terreno encontrada no sítio usado pelo ex-presidente Lula, em que constava José Carlos Bumlai, como adquirente, e representado por Roberto Teixeira.

Em depoimento, Bumlai afirmou que se recusou a figurar como comprador do imóvel, tendo sido, de fato, identificado que a compra se deu em favor de pessoas vinculadas à Odebrecht. Pecuarista de Mato Grosso do Sul e amigo de Lula, Bumlai foi condenado em processo da 21ª fase da Lava Jato, por crimes de gestão fraudulenta e corrupção passiva.

Omertá - A operaçao teve 45 ordens judiciais, sendo 27 mandados de busca e apreensão, 3 mandados de prisão temporária e 15 mandados de condução coercitiva. Os locais foram São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

O nome Omertá, dado à investigação policial, é referência a origem italiana do codinome que a construtora usava para fazer referência ao principal investigado da fase ("italiano"), bem como ao voto de silêncio que imperava no Grupo Odebrecht.

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