O desespero da mãe que tenta internar o filho dependente químico
Desesperada, a mãe já pensou em comprar droga para o filho, que apesar de ter 16 anos tem aparência física de uma criança de 12 anos. Por temer pela vida do adolescente, a doméstica de 38 anos chegou a pedir que fosse recolhido na Unei (Unidade de Educação Interna). Agora, apela pela segunda vez por internação compulsória, contra a vontade do menor.
Ela procurou o Conselho Tutelar e luta para conseguir a internação compulsória do filho. "Sei que se não largar o vício, o caminho é a prisão ou a morte", finaliza.
Além do garoto, ela têm mais duas filhas, uma de 19 e outra de 22 anos, vive há 3 anos o drama de tentar tirar o filho do mundo avassalador das drogas. Indagado pela equipe do Campo Grande News, o adolescente, em poucas palavras, é categórico em afirmar que não pretende largar o vício, que diz ter começado aos 13 anos.
Segundo a mãe, o adolescente é usuário de pasta-base de cocaína e já sofreu ameaças de morte. Além disso, tem cinco passagens pela Polícia por furto. Ainda conforme a mãe, ele chegou a ficar nove dias embaixo do viaduto na avenida Ernesto Geisel para comercializar a droga. “Para conseguir manter o vício ele foi traficar. Vendia três e ganhava uma ‘paradinha’ para fumar”, disse.
Viúva, a doméstica mora há 17 anos no bairro Nova Esperança, em Campo Grande. Ela conta que estava grávida de 5 meses do garoto, quando o pai dele morreu em um acidente de trânsito na avenida Tiradentes. Com o dinheiro da indenização comprou a casa onde mora com os filhos.
Por trabalhar demais, se culpa pelo filho ter entrado no mundo das drogas e não ter prestado atenção no comportamento e nas companhias do adolescente. “Eu já pensei em mudar daqui, mas tenho medo de ir para outro lugar e traficantes matarem ele”.
Para trocar por drogas, o menino já furtou de casa tudo que dava para trocar nas bocas-de-fumo, desde espremedor de suco até DVDs. Agora, segundo a mãe, ele rouba os vizinhos.
Produto que vale R$ 200 ele vende por R$ 20, R$ 30. Para "protegê-lo", Elione deixa o filho se drogar no fundo de casa e já chegou a pagar nas bocas-de-fumo para recuperar e devolver os produtos furtados pelo adolescente.
Ele fica agressivo quando está em abstinência. A mãe, que trabalha 12 horas por dia, admite que já pensou em comprar droga para o filho. Com olhos lacrimejando, a avó do menino, de 70 anos, mora em Sidrolânida, mas disse que o coração fica aqui.
“É uma dor muito grande ver meu neto se acabando aos poucos. Olha a aparência dele? Todo dinheiro que ele pega é para comprar droga”, lamenta.
Noites em branco-Quando o menino desaparece, a mãe troca a cama pelo sofá ou passa a noite andando atrás do filho. A porta da sala não tem mais vidro, por causa das diversas vezes que a casa foi alvejada por tiro.
O adolescente parou de estudar na 6ª série, foi internado duas vezes para desintoxicação, mas o tratamento não evoluiu. “Nunca vou desistir do meu filho. Tenho fé e esperança que ele vai se recuperar, para Deus nada é impossível”.
Durante anúncio que Campo Grande vai receber 30 milhões ao combate ao crack, o ministro da saúde, Alexandre Padilha, em entrevista por videoconferência no dia 24 de julho, afirmou que sempre que houver risco à saúde, os dependentes químicos deverão ser internados mesmo que não queiram.