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Capital

Paciente tem cirurgia adiada por falta de material hospitalar no HU

Diagnosticada com endometriose, paciente teve cirurgia cancelada 13 dias antes da data de internação

Por Mylena Fraiha | 30/03/2024 13:25
Entrada do Hospital Universitário, em Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
Entrada do Hospital Universitário, em Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)

Diagnosticada com quadro cirúrgico de endometriose, a enfermeira Laís Ardaia Gonçalves, de 34 anos, relata que teve sua cirurgia cancelada 13 dias antes de sua internação prevista no Humap-UFMS/Ebserh (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian), na Capital, devido à falta de "materiais" necessários para o procedimento.

Há três anos diagnosticada, Laís explica que sua condição só foi descoberta após anos de dores intensas e exames inconclusivos. "Sempre tive cólicas menstruais muito intensas. Só que nunca imaginei que tinha a doença. Só fui correr atrás de médico após começar a evacuar sangue, no final da minha última gravidez", conta.

Segundo Laís, seu quadro foi difícil de detectar inicialmente. "Fiz vários exames, muito caros inclusive, mas não descobria. Só fui descobrir quando fui em uma médica especializada em endometriose. Depois disso, fui encaminhada para tratamento no Hospital Universitário e lá descobri que meu caso era cirúrgico", explica a enfermeira.

Ela relata que desde outubro do ano passado tem tentado marcar a cirurgia, mas só conseguiu neste ano. Segundo ela, o processo foi demorado devido à necessidade de coordenação entre sua cirurgia e a agenda de outro especialista, o proctologista.

Com a cirurgia marcada desde fevereiro deste ano, a paciente comenta que precisou realizar uma série de exames para finalmente marcar a cirurgia. "Fiz muitos exames para realizar essa cirurgia. Alguns precisei pagar, porque pelo SUS iria demorar muito. Gastei cerca de 12 mil reais só em exames", relata.

A paciente menciona que um desses exames chegou a custar R$ 4,5 mil. "O proctologista havia solicitado um exame específico, que poderia ser feito pelo SUS. Mas para não perder o agendamento da cirurgia, optei por pagar o exame solicitado. Foram 4 mil reais".

Exames realizados por Laís, que totalizaram um custo de 12 mil reais (Foto: Arquivo pessoal)
Exames realizados por Laís, que totalizaram um custo de 12 mil reais (Foto: Arquivo pessoal)

A 13 dias da internação, Laís explica que durante uma consulta com um dos médicos que iria realizar o procedimento, ela descobriu que o agendamento estava errado. "Quando fui levar o exame ao médico, ele me disse: 'Laís, você agendou sua cirurgia para o dia errado, eu só realizo cirurgias às segundas-feiras.' Perguntei o que deveria fazer e ele me orientou a ir até o setor responsável".

Quando foi procurar o setor responsável para obter esclarecimentos, descobriu que a cirurgia havia sido cancelada devido à falta de materiais médicos. "A atendente me informou que a cirurgia foi cancelada. Eu pensei que seria por causa do agendamento errado, mas me informaram que a cirurgia não aconteceria por falta de material. Disseram que não deveriam ter agendado, pois já sabiam que não havia material".

Indignada, a enfermeira explica que o cancelamento foi repentino e que não recebeu nenhum aviso prévio. "Me senti desrespeitada, porque a cirurgia foi cancelada e ninguém me avisou. Disseram que cancelamentos são avisados no dia. Só que algumas pessoas vêm de Dourados e de outras cidades e vão avisar só quando elas já estiverem aqui".

Com o cancelamento da cirurgia e a necessidade de reagendamento, Laís explica que terá de refazer alguns exames, dentre eles, o de risco cirúrgico, que tem validade de seis meses e venceu agora em março. "Eu ainda fiz um exame que não seria necessário se a cirurgia não estivesse agendada, e eu poderia estar aguardando pelo SUS. Então, houve a necessidade de eu correr atrás e pagar". Segundo Laís, o reagendamento será feito daqui três meses.

Esclarecimento - A reportagem entrou em contato com a assessoria da Humap-UFMS/ Ebserh para entender o que gerou o cancelamento da cirurgia. Segundo eles, de fato houve uma falta de "insumos hospitalares" essenciais para o procedimento cirúrgico. No entanto, não informaram quais são os materiais que faltavam e se houveram outros casos de cancelamento por motivos parecidos.

Também esclareceram que os materiais já foram solicitados e estão em processo licitatório. Quanto à demora, a assessoria explicou que o processo licitatório é demorado, mas necessário, devido às auditorias fiscais que fiscalizam as finanças do hospital público.

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