Paciente tem intestino perfurado em cirurgia feita por vereador, diz família
Dona de casa foi internada para retirada de útero e agora o quadro é grave e ela está no CTI
Aparentemente era uma cirurgia simples. A dona de casa Maria Conceição Feitosa dos Santos, 56 anos, entrou no centro cirúrgico, da Santa Casa de Campo Grande, na quarta-feira (13), para retirar o útero. O procedimento seria feito pelo médico e vereador do PMDB, Loester Nunes de Oliveira. Mas, logo depois de receber alta na sexta-feira (15), ainda com dores e inchaço na barriga, Maria precisou retornar a unidade de saúde, onde permanece internada em estado grave, com quadro de perfuração do intestino.
Em menos de um mês, este é o segundo caso semelhante registrado na Capital. No dia 1º deste mês, Julia dos Santos Rodrigues, de 47 anos, morreu no Hospital Regional, por infecção generalizada. Ela teve o intestino perfurado, complicação rara que a família atribui a um erro médico.
Quem conta a história de Maria é a cunhada, Marines Ferreira dos Santos Silva, 48 anos, que, acompanhada de outros familiares, atribui a situação a um erro médico. Segundo a parente, Maria da Conceição precisou fazer uma correção de uma cessaria feira há cerca de 20 anos. O procedimento foi realizado há dois anos, mas não pôs fim ao problema.
Foi então que ela pediu ajuda da família para poder custear a cirurgia que devolveria sua saúde. “Fizemos feijoada e rifas para ajudar”, relata a cunhada.
De acordo com familiares, as quantias necessárias para a cirurgia eram: R$ 1.100 no atendimento, R$ 700 para o anestesista e por fim R$ 1.600 ao médico.
Com dinheiro em mãos, a dona de casa procurou o médico Loester e, após realizar exames de praxe, a cirurgia para retirada do útero foi marcada para a quarta-feira. Sem que o problema fosse detectato, Maria Conceição recebeu alta na sexta-feira, porém sentia dores e estava com a barriga inchada. “O médico disse que era gases, fez uma lavagem nela e passou remédio. Nós a levamos pra casa, mas ela começou a passar muito mal e reclamava até de falta de ar”, detalha.
Apreensivos, os familiares buscaram novamente atendimento na Santa Casa no sábado (16), onde ao dar entrada foi atendida por um médico plantonista, que a internou com urgência. “Ela passou por uma cirurgia de emergência e de lá não saiu mais. O médico Loester chegou a comentar para nós que o intestino dela pode ter sido perfurado”, acusa.
Prontuário – Por meio da família, o Campo Grande News teve acesso ao prontuário da paciente. Segundo o documento, Maria da Conceição foi internada, na quarta-feira, de maneira particular. Ela deveria retirar o útero, porém o procedimento feito foi a retirada de uma fistula no órgão.
No sábado, quando retornou a unidade de saúde, a dona de casa foi diagnosticada com quadro infeccioso abdominal agudo. O hospital não confirma a perfuração de intestino.
Internada, ela passou por uma laparotomia, cirurgia exploratória de correção. Após o procedimento, o plantonista solicitou uma gasometria, exame realizado pelas veias da paciente, fez uma drenagem de cavidade e a internou no CTI (Centro de Terapia Intensiva) da ala amarela da unidade de saúde, onde é tratadada com antibióticos, entre outros medicamentos.
No início da tarde desta terça-feira (19), pelo menos 10 familiares estiveram no estacionamento da Santa Casa, onde munidos de folhas com dizeres “queremos uma solução”, protestaram.
“Não fomos nem informados que o útero dela não foi retirado, o que tínhamos pagado para ser feito. O médico nem entrou em contato conosco”, desabafa a familiar Marines.
Santa Casa – Por meio de sua assessoria de comunicação, a unidade de saúde informou que o estado de saúde da paciente é considerado grave. E esclareceu que a internação da dona de casa, na quarta-feira foi feita de maneira particular, mas agora ela segue internada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) onde recebe todo o tratamento que está ao alcance.
Médico – A reportagem entrou em contato com o médico e vereador Loester e por telefone ele foi sucinto. “Toda complicação pós-cirúrgica é considerada um erro médico, só não tem quem não faz”,
Questionado sobre a internação da paciente pelo SUS, Loester explica que o importante neste momento é que ela conseguiu o atendimento e ainda ressaltou que acompanha o caso, pois foi ele quem solicitou a internação.
“Como ela está no CTI não há muito o que se fazer. Nem familiares podem ficar lá. Mas, estamos esperando a melhora dela para que então o acompanhamento seja feito”, completa.