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Comportamento

Casal ‘assistiu’ cidade ser destruída enquanto passava férias em MS

Lar de Roberta e Carlos na Espanha não foi afetado, mas destruição ‘isolou’ a mulher com as filhas por aqui

Por Aletheya Alves | 22/11/2024 08:43
Família de Roberta e Carlos na Espanha, antes da destruição. (Foto: Arquivo pessoal)
Família de Roberta e Carlos na Espanha, antes da destruição. (Foto: Arquivo pessoal)

“A pior catástrofe natural em décadas na Espanha”, como foi divulgada por vários profissionais internacionais, deixou Roberta Batista Chermouth, de 24 anos,  isolada em Mato Grosso do Sul com suas duas filhas desde o início de novembro. Tendo assistido a chamada ‘dana meteorológica’ ao lado do marido, Carlos Henrique Batista Chermouth, de 28, enquanto passavam as férias por aqui, ela narra que o desespero de ver a cidade em que mora (Valência) ser inundada, através de notícias e grupos do WhatsApp, foi uma mistura de sentimentos difíceis.

Com as consequências das tempestades e enchentes, a cidade espanhola ainda está se recuperando e vários bairros ainda nem sequer foram limpos. No caso dos sul-mato-grossenses, a sorte, por assim dizer, foi que sua casa está localizada em uma região alta da cidade, mas os supermercados, escolas e a maior parte da rede de atendimento foram atingidos de alguma forma.

Justamente por isso, no dia 3 de novembro, quando toda a família iria retornar, apenas Carlos entrou no avião para se voluntariar e ajudar a recuperar a cidade. Enquanto isso, as passagens do restante da família foram ‘perdidas’ e, agora, ninguém sabe o que fazer.

Contando sobre a linha do tempo, a brasileira detalha que conheceu o marido em 2020. Nesse período, a ideia de Carlos era se mudar para Portugal em pouco tempo, mas os planos foram adiados devido à pandemia.

Cenário com carros e lama espalhada por toda parte ainda segue. (Foto: Arquivo pessoal)
Cenário com carros e lama espalhada por toda parte ainda segue. (Foto: Arquivo pessoal)

Em janeiro de 2022, os dois decidiram que queriam sair do Brasil “na cara e coragem”, como ela diz, então venderam o carro e tudo o que tinham para comprar as passagens. Conversando com uma conhecida que morava na Espanha, os rumos mudaram e o país foi escolhido para a jornada.

“Estamos lá há quase dois anos. Meu esposo é chefe de cozinha e eu não trabalho para poder cuidar da neném e da minha filha mais velha, que ainda não está na escolinha”, descreve sobre o cenário da família.

Retornando ao assunto das enchentes, Roberta narra que o trabalho de Carlos foi afetado, assim como os itens de supermercado como leite, fralda, água e alimentação básica. “Muitos mercados foram destruídos e estavam buscando coisas nos mercados dos pueblos que não foram, então acabamos sendo afetados indiretamente. Minha volta estava para o dia 3 de novembro e como tudo estava bem recente e a previsão era de mais chuva, eu e meu esposo decidimos que o mais seguro era que eu ficasse com nossas crianças”.

Quando viu as mensagens nos grupos de mães sobre os impactos das tempestades, a preocupação só aumentou ao lado da tristeza. Várias amigas do casal foram afetadas e as consequências ainda estão sendo vividas.

As necessidades mudam toda semana, elas e os maridos estão sem ter como trabalhar porque as empresas foram afetadas. Uma amiga ficou na minha casa com meus gatos e a todo momento ia me dando notícias. A decisão de não voltar foi tomada na noite anterior da nossa ida e foi muito difícil para nós dois, desde que nos conhecemos, nunca ficamos separados", diz Roberta.

Quando retornou, Carlos se voluntariou para ajudar na limpeza da cidade, como uma série de pessoas fez. Segundo Roberta, o governo falhou e a solução veio a partir dos moradores que se uniram para limpar o barro.

Em relação ao cenário atual, muitos carros seguem empilhados, metrôs estão parados, o lixo e lama ainda se espalham.

Agora, família aguarda para conseguir se reunir novamente. (Foto: Arquivo pessoal)
Agora, família aguarda para conseguir se reunir novamente. (Foto: Arquivo pessoal)

Mas, com a cidade tentando retornar ao normal aos poucos, a vontade de retornar para casa aumenta. “Por mais que eu esteja bem amparada aqui, sinto falta do meu lar. E minha expectativa é poder passar o Natal lá. Todos os dias, minha filha pergunta se o papai dela vai passar o Natal sozinho”.

Por isso, Roberta fez uma vakinha online para completar o valor das passagens. Quem se interessar pode ajudar clicando neste link.

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