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Capital

Pais e alunos temem perda de qualidade com greve nas escolas

Alan Diógenes | 01/06/2015 17:12
Cristina acredita que professores deveriam ter passado tarefas extras para o filho de 12 anos durante a greve. (Foto: Fernando Antunes)
Cristina acredita que professores deveriam ter passado tarefas extras para o filho de 12 anos durante a greve. (Foto: Fernando Antunes)

A greve dos professores, que já dura quatro dias na rede estadual e oito na municipal, deixa mães e estudantes preocupados com o calendário letivo, em Campo Grande. Alguns aprovam a forma de reivindicação de direitos, mas acreditam que a paralisação prejudica o aprendizado dos alunos, que provavelmente terão que repor aulas nos sábados e nas férias.

A dona de casa Cândida Maria Corrêa, 42 anos, tem uma filha e cinco sobrinhos matriculados na Escola Estadual Dolor de Andrade, no Bairro Maria Aparecida Pedrossian. A unidade de ensino também aderiu a greve.

“Sabemos que os professores enfrentam muitas dificuldades para receberem pouco pelo o que fazem, mas o problema é depois a greve a criançada vai ter que estudar nos sábados e isso irá sobrecarregá-los”, explicou Cândida.

A estudante Ana Caroline, 20, estuda na escola e está no terceiro ano do ensino médio. Ela teme que com a greve, demore ainda mais para se formar. “Quem está no terceiro ano fica ansioso para terminar logo, agora essa grave atrapalhou nossos planos. Quero trabalhar, mas preciso terminar o ensino médio, pelo visto vou ter que esperar mais para isso acontecer”, comentou.

A dona de casa Cristina Godoi, 32, tem o filho Vitor Augusto, 12, matriculado na mesma escola. Ela conta que mesmo sabendo que entrariam em grave, os professores não passaram trabalhos ou tarefas extras para o menino se ocupar em casa. “Ele já não está com notas boas, agora perdendo matérias é que vai piorar. Sem falar que fica o dia todo dentro de casa bagunçando porque não tem nada para fazer”, apontou.

Família teme reposição de aulas nos sábados. (Foto: Fernando Antunes)
Família teme reposição de aulas nos sábados. (Foto: Fernando Antunes)
Estudante tem medo que reposições sejam feitas nas férias. (Foto: Fernando Antunes)
Estudante tem medo que reposições sejam feitas nas férias. (Foto: Fernando Antunes)

Apesar de estar “adorando” a ideia de ficar em casa, por conta da greve, Vitor sabe dos prejuízos que vai ter. “O ruim é depois ter que ficar vindo assistir aulas no sábado ou nas férias, sendo que poderíamos estar estudando agora”, mencionou o garoto.

A estudante Bruna Português, 15 anos, que está no primeiro ano do ensino médio, tem a mesma preocupação. “Tenho certeza que nossas férias irão ser diminuídas, é no mínimo injusto. E se tivermos que repor aulas aos sábados, vai ficar complicado, porque perdermos o final de semana de descanso. Os professores deveriam encontrar outra maneira de reivindicar os seus direitos, uma que não prejudica os alunos”, finalizou.

Os docentes das escolas estaduais estão em greve desde quarta-feira (27) e exigem reajuste de 10,98%, previsto na lei estadual.

Apesar de decisão judicial que determinou a volta dos professores às atividades, a Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) informou que vai manter a paralisação. A federação vai recorrer da decisão e esperar o julgamento do recurso, que pode levar até 10 dias.

Atualmente, o Governo de MS paga o piso nacional para os professores em 38,84% acima do valor. Cálculos da Secretaria de Educação revelaram que, enquanto o piso nacional é de R$ 1.917,78, o Estado repassa R$ 2.662,82, mas 99,67% dos profissionais tem curso superior e recebe em média R$ 5.561,90 para carga horária de 40 horas semanais.

Escola Estadual  na Vila Margarida foi uma das unidades que aderiram à greve. (Foto: Fernando Antunes)
Escola Estadual na Vila Margarida foi uma das unidades que aderiram à greve. (Foto: Fernando Antunes)
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