ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
SETEMBRO, DOMINGO  08    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Para irmão, só crueldade explica espancamento de Anderson até a morte

Segundo a família, os agressores sabiam que a vítima era esquizofrênica e não tiveram empatia

Por Ana Beatriz Rodrigues | 17/02/2024 07:30
Irmão contou que a familia ainda esta muito abalada com morte de Anderson (Foto: Paulo Francis)
Irmão contou que a familia ainda esta muito abalada com morte de Anderson (Foto: Paulo Francis)

Para a família de Anderson Velasquez Ferreira, de 38 anos, o sentimento que fica é de revolta depois da morte dele, na madrugada de sexta-feira (16), após ter sido espancado brutalmente. Todos no bairro sabiam que o rapaz era esquizofrênico, mas os assassinos não levaram a doença em consideração.

No local onde o crime aconteceu, a marca da violência resiste, mesmo após dias, e se mistura com os desenhos que Anderson deixou pelas paredes. Foi justamente os traços que teriam incomodado vizinhos que o agrediriam até a morte.

Desenhos feitos por Anderson na casa onde ele morava (Foto: Paulo Francis)
Desenhos feitos por Anderson na casa onde ele morava (Foto: Paulo Francis)

O empresário Zimer Velasquez, de 49 anos, irmão da vítima, conta ao Campo Grande News que a família não supera a indignação. “Todos nós ficamos dilacerados por dentro. O Anderson não fazia mal a ninguém, passava o dia aqui tomando o tereré dele. As refeições ele fazia na casa da minha irmã, que mora na rua de baixo”, diz.

Zimer garante que todos no bairro sempre souberam das limitações mentais do irmão, que fazia tratamento, inclusive, os agressores. “Eu já tinha avisado que meu irmão era esquizofrênico, tanto que ele (assassino) já tinha me falado que meu irmão ficava batendo na parede. Eu falei que se ele desse trabalho ou começasse a ter crise, era só me ligar que a gente vinha buscar”, contou.

Mas a tentativa de sensibilização não adiantou. A agressão começou dentro da casa da vítima, porque Anderson estava batendo na parede da casa do vizinho com uma barra de ferro.

“Eles arrebentaram o portão da casa do meu irmão e começaram a bater nele lá dentro. Depois, arrastaram ele aqui para fora e ‘arrebentaram’ a cabeça dele aqui fora, tanto que o sangue dele continua aqui”, descreve o empresário apontando para o vermelho no piso.

O sangue da vítima ficou marcado em frente da casa onde ele morava (Foto: Paulo Francis)
O sangue da vítima ficou marcado em frente da casa onde ele morava (Foto: Paulo Francis)

Pensando em outras famílias que convivem com essa doença, Zimer pede para que quem mora perto de esquizofrênicos ou que tenham algum outro problema psicológico, façam o exercício da compaixão e da empatia. "Saiba que a pessoa que está com esse problema não responde por ela", ensina.

A esquizofrenia é grave e afeta a forma como uma pessoa pensa, sente e se comporta. Esses pacientes perdem o contato com a realidade e passam a ter delírios, alucinações, perda da capacidade de expressar e receber afeto, além de pensamento desorganizado. Não tem cura, mas pode ser controlada por meio de antipsicóticos e terapias psico-educacionais. Dessa forma muitas pessoas alcançam a independência, criam relacionamentos e seguem com capacidade intelectual.

Fatores genéticos e alterações neuroquímicas ou na estrutura do cérebro são as principais hipóteses da causa.

Espancado - Anderson foi agredido por volta das 19h30, do domingo passado, na Rua Acariuba, no Bairro Moreninha. Os suspeitos do crime são os irmãos Maike Willian de Albuquerque Rodrigues, 27 anos, e Adílio de Albuquerque Rodrigues, 37, que moram ao lado.

Segundo depoimentos de testemunhas, a vítima se desentendeu com um dos vizinhos e o ameaçou com barra de ferro. Os dois irmãos revidaram com extrema violência, atacado Anderson com socos, chutes e golpes de capacete, até ele desmaiar. A vítima foi socorrida em estado grave, mas teve a morte cerebral confirmada após cinco dias da internação.

Maike se apresentou à delegacia, foi preso, mas acabou conseguindo liberdade provisoria. Adílio segue foragido.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias