Para quem achou que ia ter choro, crianças nem se despedem para entrar na escola
As crianças chegavam animadas na escola e para os pais o momento é de alivio pelo retorno
Diferente do que se imaginava. O cenário de choro e clima de despedida não foram vistos no início da tarde desta segunda-feira (21), na porta da escola Planeta Criança, na Rua Pernambuco, onde as crianças eram recepcionadas não só pelas funcionárias, mas por uma banda animando o retorno.
Os pequenos já desciam dos carros no clima de festa, se animavam, iam até perto da banda e a maioria quando chegava à porta da entrada mal se despedia dos pais. Enquanto a reportagem esteve no local, apenas duas das 10 crianças que chegaram, choraram um pouquinho.
Resposta unânime dos pais, que já deixam os filhos aos cuidados das professoras no local desde muito novinhos, é a confiança, mesmo apreensivos acreditam que as medidas de segurança são suficientes para que a rotina volte ao “normal”.
“Uma segunda casa mesmo”, é a frase da angola Vanda Peruzzi, 37 anos. Ela que foi deixar a pequena Pietra Flor, 4 anos, que mal deu tchau para a mãe antes de entrar na escola. “Eu tô gestante de 5 meses, meu esposo trabalha, eu fico em casa com ela e esse período foi difícil para nós duas e agora voltar a gente traz com o pé na frente e o outro atrás. A gente se cuida e espera que a escola também cumpra as medidas”, desabafou.
Por não ter família no Brasil, a escola é o único lugar que ela confia em deixar a pequena desde 1 ano e três meses.
“Ela tá super animada, para ela voltar é maravilhoso. Nós pais que sofremos. Mas por não ser daqui, não tenho ninguém. A escola é a nossa segunda casa para ela. Confiamos neles, ela sempre estudou aqui”, completou.
Benção - Para a advogada Tamara Marcondes Pereira, a volta da escola é uma “benção”, palavra usada por ela após deixar o pequeno Arthur de 1 ano e 7 meses novamente no local.
“Uma benção. Porque libera tudo menos escola. A gente tem que trabalhar e ai não têm com quem deixar a criança. A taxa de mortalidade para criança da idade dele é muito pequena. Ele frequenta a escola desde os 4 meses. Esse chorinho é só para entrar e depois para, sempre foi assim”, disse.
A servidora pública Vanessa de Medeiros Torres, acredita que a escola é a melhor opção para a filha Laura de 5 anos que tem uma deficiência auditiva.
“Ela já estava vindo para ter aula particular. Eu tô bem tranquila, confio super na escola, desde bebê está aqui. A escola é a melhor opção, em casa fica no celular a gente não pode dar atenção porque tenho que trabalhar, então prefiro trazê-la para cá”, explicou.
Opinião compartilhada também pelo engenheiro de computação que foi deixar o pequeno Arthur, 4 anos, acompanhado da esposa Fabiana Peixoto, contadora. O casal tem uma empresa, e por passarem muito tempo juntos o retorno foi um pouco mais sofrido.
“Ele está na escola desde um ano e meio, para nós é tranquilo porque temos empresa, temos mais tempo de ficar com ele, esse sofrimento é por ficar grudado o tempo inteiro com a gente. É uma nova adaptação mesmo, mas se ele desacostumar com a escola agora, ano que vem vai ser complicado e minha esposa está grávida e para ele também é importante essa convivência na escola”, disse.
1ª vez - Aos 8 meses o pequeno Enzo está tendo sua primeira experiência com o ambiente escolar nesse “novo normal”. Para a mãe Pâmela Lacerda, 33 anos, a preocupação existe e levar o filho para escola nesse momento é realmente um teste de adaptação.
“A gente fica preocupada. Estamos acompanhando de perto as medidas de biossegurança. Ele nunca saiu de casa é a primeira vez na escola e vamos fazer um teste ver se vai dar certo. A gente precisa trabalhar né”, contou.
Mas ao contrário de Pâmela a vó do Enzo fica de longe com os olhos cheios de lágrima por deixar o primeiro e único neto na instituição. “Ela não mora, mora em Rondonópolis. Tá preocupada mesmo”, concluiu.
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