Para vizinhos, homem matou esposa e passou 5 noites ao lado do corpo em kitnet
Inácio Pessoa Rodrigues, de 47 anos, foi preso e confessou que matou a esposa a facadas
Parece cenário de filme de terror, mas as marcas do crime brutal são verdadeiras e ainda estão na casa onde Luciana Carvalho, de 45 anos, foi assassinada pelo marido, o açougueiro Inácio Pessoa Rodrigues, de 47 anos. Ainda nesta manhã, o mau cheiro exalava da residência para a Avenida Júlio de Castilho, em Campo Grande, local onde o assassino dormiu por cinco noites.
Para os vizinhos, o crime ocorreu na noite de quarta-feira (27), data em que Luciana não foi mais vista. O motivo da briga seria porque a vítima não quis passar a senha do celular para Inácio. Contudo, a motivação é apurada pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
Nesta manhã, um faqueiro, de 29 anos, conversou com a equipe do Campo Grande News e pediu para não ter o nome divulgado por medo. Ele mora com as irmãs no mesmo quintal onde a vítima vivia, mas na casa da frente, e conta que estranhou o sumiço repentino, já que Luciana trocava mensagens com a irmã. Contudo, só suspeitou mesmo quando viram muitas moscas na casa.
"Falei para minha irmã, isso não é mosca de lixo. A gente ainda saiu para trabalhar, na parte da tarde voltamos e fui avisar o dono da casa, que chamou a polícia. Foi quando encontraram ela [Luciana] morta escorada do lado do botijão", descreve.
A frieza de ter passado tanto tempo com o corpo dentro do imóvel surpreendeu. "Tinha muito bicho, ele tentou tirar da onde ela estava, porque vi gotas de sangue no chão, parece que arrastou da cama para perto do fogão", diz o rapaz.
O histórico do casal, conforme os vizinhos, era de muita briga e agressões. "Direto tinha briga, quase todo dia. Tem esse corredor lateral que eles passavam se trombando, brigando. Ele bebia pra caramba, caía bêbado no portão e a gente sempre ouvia ela gritando, falando que ele não valia nada", lembra.
Também, conforme as testemunhas, Inácio já foi preso várias vezes por agredir a vítima. "Ela corria e pedia socorro. Uma vez quis entrar na minha varanda e eu não deixei, porque eu moro com duas irmãs, eu não sabia se estava bêbado, armado, o que iria acontecer, poderia acontecer o pior aqui na minha varanda", diz o rapaz, complementando que nesse dia a irmã ajudou Luciana. "Tem dois meses que isso aconteceu".
O dono da kitnet, laboratorista aposentado, de 66 anos, mora na região. Ele contou que Luciana e Inácio moravam na kitnet dos fundos desde o dia 1º de janeiro deste ano, onde pagavam R$ 400 mensal. "Ela que procurou casa para alugar, depois trouxe ele e falou que era marido dela. Então peguei todos os dados deles".
O idoso conta que Luciana era de Corumbá e seguiu para tentar a vida na Capital após passar em concurso de merendeira. Contudo, as brigas do casal e faltas constantes fizeram Luciana perder o emprego. Atualmente ela trabalhava como diarista e Inácio, como açougueiro em uma casa de carnes na região onde moravam. Em Corumbá ficaram duas filhas de Luciana, já adultas. Inácio também tinha um filho, mas o casal não recebia visitas.
Pelas brigas constantes, o idoso afirma que já vinha pedindo a casa. "Eles brigavam demais e eu já vinha pedindo para eles desocuparem a casa tem uns três meses, ela falava que estavam procurando casa para alugar. As vezes ela colocava ele para fora e dormia nessa praça", apontou o homem à equipe de reportagem.
O laboratorista disse que na noite de ontem foi procurado pela vizinha. "A vizinha que veio me avisar que tinha muito mau cheiro que vindo da casa. Fui lá ver e nem entrei, de fora já percebi um cheiro muito exaltante, então liguei para a polícia porque não era mais caso de Samu", conta ao lembrar que Inácio confessou o crime. "Ele foi preso porque reconheci ele, a polícia alcançou e trouxe ele aqui, quando ele disse que deu quatro facadas e a faca estava na pia da cozinha. A polícia mandou eu abrir a porta, não deixou ninguém mais entrar, fomos para a delegacia e saímos 00h".
Nesta manhã, o idoso limpou o imóvel, mas o mau cheiro ainda persistia. "O cara estava convivendo com o corpo cheio de bicho como se nada tivesse acontecido".