“Pensava nos meus filhos e na minha esposa”, diz esfaqueado 11 vezes
Caso aconteceu na madrugada do último domingo durante um assalto na região do Jardim Tijuca
Motorista de aplicativo, 34 anos, esfaqueado 11 vezes, relata momento de desespero, vivido durante assalto, na madrugada de domingo (25), no Jardim Tijuca. Aguardando cirurgia na Santa Casa, o homem conversou com o Campo Grande News, pelo telefone.
À reportagem, o homem que prefere não se identificar, disse que na noite do crime, aceitou uma corrida com embarque na Rua Taveirópolis, na Vila Santo Eugênio e desembarque no Jardim Tijuca. A solicitante da corrida, segundo o motorista, era uma mulher, mas chegando ao local, quatro homens embarcaram no veículo.
"Um sentou no banco da frente e os outros três no de trás. No trajeto eles começaram a discutir entre eles, dando a entender o tempo todo que não tinham dinheiro para pagar a corrida", relembra a vítima.
Durante o percurso, o homem lembra que os passageiros pediram para ele rotear a internet do celular e perguntaram se ele aceitava Pix como forma de pagamento.
"Eu roteei a internet como me pediram, falei que aceitava Pix, mas quando chegou no destino, eles não tinha dinheiro para me pagar", afirma o motorista.
No dia do crime, o motorista estava trabalhando pelo aplicativo inDriver, plataforma que não oferece opção de pagar a corrida depois. A vítima conta que no momento do desembarque os três passageiros que estavam no banco de trás do carro desceram e o da frente ficou tentando negociar o pagamento para a próxima corrida.
"Ele ficou alguns minutos insistindo para que eu deixasse ele descer sem pagar a corrida, eu falei que não tinha como, porque eu estava trabalhando e o aplicativo não deixava pagar depois. Na última vez que ele pediu e eu falei não, ele começou a me dar as facadas".
No momento em que era esfaqueado, a vítima revelou que estava preso no cinto de segurança e não conseguia descer do veículo. As agressões só pararam quando o amigo do suspeito chegou e segurou o agressor.
"Eu fiquei desesperado, não conseguia fazer nada. Um dos caras que estavam com ele apareceu, puxou ele e eu consegui soltar o cinto e sai correndo até o cruzamentos das ruas Panambi Vera e Avenida Lúdio Martins Coelho", narra.
As facadas atingiram o braço, peito, barriga, virilha, e dedo da mão, do homem. Na tentativa de estancar o sangue dos ferimentos, a vítima tirou a camiseta e enrolou no braço.
"Eu estava sangrando muito, sai correndo na rua pedindo ajuda, mas como era de madrugada, pessoal ficou com medo e ninguém me ajudou".
Além das facadas, o motorista lembra que o suspeito tentou atropelá-lo. "Ele pegou meu carro e veio na minha direção, subiu na calçada que eu estava e tentou passar com o carro em mim. Eu sai correndo e me escondi no mato".
Após meia hora de desespero e com medo de morrer, o homem foi socorrido por dois homens que passava de carro pelo local.
"Apareceu uma saveiro com dois rapazes, me joguei na carroceria e eles me levaram para o posto de saúde. Na hora que ele me esfaqueou eu só pensava em Deus, nos meus filhos e na minha esposa que estava em casa dormindo".
A vítima trabalha com aplicativo de transporte há 3 anos e meio e disse nunca ter passado por uma situação dessas. O homem pretende ficar só na plataforma Uber e não quer mais atender corridas quando o pagamento for dinheiro.
"Eu trabalho de jardineiro, para complementar renda, os aplicativos era para complementar a renda. Devo rodar agora, só quando for cartão na Uber. Não quero mais mexer com dinheiro", afirma.
Crime - O assalto aconteceu na madrugada de domingo (25). Os suspeitos ainda não foram localizados e o veículo Renault Logan roubado já foi encontrado pela Polícia Militar.