Polícia agora investiga se adolescente bebeu no dia da morte de empresário
Inquérito sobre morte de empresário foi concluído pelo 1º DP nesta sexta-feira (13)
Encerrado nesta sexta-feira (13) o inquérito sobre a morte do empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul agora investiga se o adolescente de 17 anos, que estava no carro da vítima no dia do crime, havia ou não bebido em uma boate, antes do ocorrido.
Um inquérito foi aberto junto a DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente), que deve conduzir a investigação a partir do relatório já concluído sobre a morte de Adriano.
Para o supervisor comercial Agnaldo Espinosa da Silva, 48 anos, o objetivo da polícia é “desviar o foco” da morte do empresário, morto pelo policial rodoviário federal, Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos.
“Eles estão falando que a gente estava bêbado, mas nem tem como provar isso, porque nem o bafômetro nós fizemos naquele dia. Independente disso, não sei meu filho bebeu, porque não fiquei com ele o tempo todo na festa, mas estou com minha consciência limpa”, diz.
O adolescente é enteado de Aguinaldo e amigo de Adriano. Foi atingido por dois tiros na perna no dia do crime. Chegou a ficar internado, mas passa bem.
O Campo Grande News tentou falar com o delegado Paulo Sergio Lauretto, que deve conduzir as investigações sobre a embriaguez do garoto, que se confirmada pode render punição os responsáveis, mas as ligações não foram atendidas.
Com relação ao resultado das investigações sobre a morte de Adriano, a Polícia Civil afirma que só dará detalhes sobre o caso durante uma entrevista coletiva, maracda para esta terça-feira (17).
Versões - O crime, ocorrido na manhã de 31 de dezembro de 2016, um sábado, teria começado após uma briga no trânsito. Na versão do policial, que é lotado na PRF (Polícia Rodoviária Federal) e seguia em um Mitsubishi Pajeto para a rodoviária, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e fez a abordagem após ter sido fechado.
Ele reforçou que sempre se identificou como policial. Na reconstituição, Ricardo usou colete à prova de balas e a polícia interditou dois trechos da avenida, o que resultou em congestionamento por volta das 7h, horário de pico no trânsito.
Com a morte de Adriano, a versão sobre o que aconteceu naquele sábado foi dada pelos passageiros Agnaldo e o enteado de 17 anos. Eles afirmam que Ricardo não se identificou como policial e que não tiveram conduta capaz de justificar os disparos efetuados pelo PRF.
Idas e voltas – Desde o dia do crime, o caso é marcado por conflitos. Primeiro, o juiz concedeu liberdade ao policial, que foi solto em primeiro de janeiro. A decisão foi alvo de reclamação da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil), que anunciou que entraria com representação sobre o caso no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Contudo no dia 5, o mesmo juiz, a pedido do MPE (Ministério Público estadual), decretou a prisão preventiva. O Ministério Pública alegou que o caso teve circunstâncias especialmente graves e cita fatos que não podem ser “desprezados”. Como Ricardo ser um policial, portanto com dever legal de proteger os cidadãos e que, por ser da PRF, tem um dos treinamentos mais rígidos dentre as forças policiais.
Segundo o MPE, apesar do registro informar que Ricardo foi conduzido pela PM (Polícia Militar), ele compareceu à delegacia de forma espontânea, onde recebeu a voz de prisão em flagrante. Também é destacado que o crime foi às 5h40 e o depoimento do policial foi encerrado às 12h55.
Para a promotoria, “indício de que houve atuação irregular” em favor de Ricardo. O Ministério Público pediu que a conduta dos policiais militares seja averiguada por meio de inquérito da Polícia Civil. Desde ontem, com o fim do recesso do Poder Judiciário, o caso tramita na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.
Ricardo está preso em uma cela do Garras (Grupo Armado de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), desde o dia 5 de janeiro deste ano, quando foi decretada sua prisão preventiva.