Polícia conclui que filho de médico deu "pisões e cadeirada" em jovem
A investigação da suposta agressão sofrida pela jovem Giovanna Nantes Tresse de Oliveira, de 18 anos, durou mais de 35 dias e, após vários trabalhos periciais e depoimentos, a Polícia Civil sugere que Matheus Georges Zadra Tannous, 19 anos, filho do médico Dr. Michel Georges, deu "pisões e cadeiradas" no rosto da jovem. O fato ocorreu no dia 1º de janeiro em um apartamento localizado na Rua São Paulo, no bairro São Francisco.
O inquérito foi encerrado nesta sexta-feira (7) e os resultados apresentados pelo corpo de peritos e pela delegada Rosely Molina, Suzimar Batistela e Marília de Brito Martins, integrantes da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
Ao todo, 16 pessoas foram ouvidas, entre parentes de Giovanna, policiais que atenderam a ocorrência no dia 1º de janeiro e médicos que atenderam a jovem. Exames de corpo de delito, pesquisa de sangue, análise de conteúdo, transcrição fonográfica e reprodução simulada foram feitos pela perícia.
Os exames que nortearam a conclusão do inquérito foram feitos no dia 29 de janeiro. Segundo a delegada, Matheus foi levado até o apartamento com objetivo de a polícia identificar o que causou as fraturas e ferimentos no rosto de Giovanna.
Os peritos usaram um crânio humano e massa de modelar para simular a pele da jovem. Um dos ferimentos no rosto da jovem, identificado como estriado, foi causado pelo calcanhar de Matheus, que tem as mesmas dimensões do ferimento.
Na testa de Giovanna, a perícia identificou três ferimentos triangulares e os exames apontaram que foram causados pelo pé de uma cadeira do apartamento. Com a mesma geometria dos ferimentos, o pé da cadeira estava com resquícios de sangue e a polícia também conseguiu concluir que o móvel foi mudado de lugar.
O perito Domingos Sávio, que participou dos levantamentos, explica os motivos que levaram a perícia a essa conclusão. “Reproduzimos as lesões do ferimento estriado de maneira semelhante e ainda não achamos nenhum objeto que possa ter causado essas fraturas. No calcanhar dele, ainda possui dimensões compatíveis com as lesões produzidas na jovem. E as lesões da testa têm a mesma geometria da cadeira”, explica.
Sobre a alegação da defesa de Matheus, de que a jovem teria caído no chão, a perícia também concluiu ser impossível porque a jovem precisaria ter sofrido lesões graves no nariz em razão da queda, mas lesões assim não foram identificadas.
No total, 20 amostras de sangue foram recolhidas no apartamento e levadas para o Instituto de Criminalística e para o IALF (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses).
Apuração – O trabalho da polícia ainda contou com o depoimento de enfermeiros, vizinhos do prédio, análises de fotos do pré e pós-operatório da jovem além de uma gravação da ligação feita pelo pai de Matheus ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Na gravação, é possível ouvir o pai de Matheus dando uma bronca no filho enquanto falava com o atendente no Samu. “Você não pode beber, cara. Há dois anos você já teve um coma alcoólico por isso”, disse o médico Michel Georges ao filho.
Com o fim do inquérito, Matheus, responderá por lesão corporal dolosa qualificada por violência doméstica. A pena para o crime vai de 1 a 5 anos de prisão, o tempo estipulado pela Justiça é acrescido de 1/3, procedimento quando ocorre violência doméstica.