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Capital

Polícia investiga ligação entre furtos em condomínios de luxo

O grupo, formado por adultos e adolescentes, foi encontrado por policiais do Choque no Bairro Tiradentes

Geisy Garnes | 29/02/2020 13:25
Dinheiro, arma, relógios e ouro recuperados (Foto: Divulgação)
Dinheiro, arma, relógios e ouro recuperados (Foto: Divulgação)

A Polícia Civil trabalha para confirmar a ligação do grupo responsável pelo furto ao Condomínio Shalom com a invasão de casas em outros residenciais de luxo em Campo Grande. Com os suspeitos presos nesta sexta-feira (28), foram encontrados objetos levados de moradores do Damha I, no dia 9 de fevereiro.

O bando começou a ser "derrubado", linguadem policial, na manhã desta sexta-feira (29), quando policiais do Batalhão de Choque  da Polícia Militar chegaram a endereço de envolvidos, durante policiamento de rotina pelo Bairro Tiradentes. Conforme o boletim de ocorrência, a fiscalização na região foi reforçada depois de motociclista fugir de abordagem policial e jogou “algo semelhante a uma arma” fora.

Nem a arma nem o suspeito foram encontrados naquele momento, mas as rondas continuarame durante uma delas, os policiais encontraram João Vitor dos Santos Lipu, de 20 anos. Ele correu para dentro de uma casa ao ver a viatura do Batalhão e por isso acabou se tornando alvo de investigação.

Os policiais perceberam ainda que a moto estacionada na garagem tinha registro de furto. Bateram palmas na casa para tentar falar com o proprietário. Segundo o relato, João foi quem saiu e explicou que o veículo na verdade tinha sido recuperado por ele, mas ainda estava com restrição.

A abordagem teria terminado por ali, se um dos policiais não tivesse percebido um relógio da marca Bulova, relojoeira americana, no pulso de um dos rapazes presentes. Sem explicar a situação, confessaram a autoria do furto a uma casa do Condomínio Shalom, na BR-262.

João contou mais. Detalhou que foi ele o motociclista visto horas antes pelos policiais e que de fato havia se livado de uma arma, a mesma roubada do condomínio no dia 21 de fevereiro. Apontou que a outra, um revólver calibre 32, estava escondida no quintal da casa e que todos ali haviam participado do crime.

Provas - Na casa estavam outros três adolescentes, de 17 e 16 anos. Todos foram apreendidos. Em vistoria ao imóvel, denominado por João como “ponto de apoio para o crime”, os militares encontraram perfumes, mais relógios e bebidas, levados das vítimas.

Um dos moradores do Damha I reconheceu alguns dos objetos como seus, colocando o grupo como principal suspeito pelo crime.

Aos policiais, João ainda apontou onde vendeu as joias furtada e levou a equipe a uma joalheria no Centro da cidade, a Geiart's Jóias. Lá foram presos o proprietário Geovani Ferreira Santos, de 51 anos e um funcionário, Valmir Farias da Silva.

Carro apreendido com João, chefe da quadrilha (Foto: Divulgação)
Carro apreendido com João, chefe da quadrilha (Foto: Divulgação)

As joias – João detalhou no momento da prisão que vendeu todos as joias que furtou para Geovani e Valmir. Explicou que fez negócio com funcionário e em troca recebeu R$ 50 mil pela “venda”.

As joias foram derretidas e transformadas em 54 pedras de ouro. Na última negociação, feita no dia 22 de fevereiro, o criminoso recebeu R$ 4 mil – metade repassada pelo funcionário, e a outra pelo proprietário da loja. Enquanto o dono do estabelecimento negou o crime e reforçou que não sabia de nada, Valmir disse desconfiar da situação.

O funcionário contou que já havia comprado joias de João outras vezes e que em uma das datas recebeu várias peças de prata com a ordem de derreter e transformar em uma corrente grosso, que foi apreendida ontem já pronta na loja. A investigação constatou que o produtor também foi furtado.

Os furtos – Para os policiais do Batalhão do Choque, João afirmou que, junto com os adolescentes, se especializou no furto de “condomínios de alto padrão”. Assumiu ainda a invasão do Dhamas I e II e da tentativa na Terra do Golfe.

Na Derf (Delegacia Especializada de Repressão de Roubo e Furto), no entanto, negou os outros crimes. Assumiu o furto do Condomínio Shalom e contou com detalhes o dia do crime. Assim como os outros três adolescentes apreendidos, narrou que estavam em um grupo de seis jovens quando invadiram o local.

Primeiro arrebentaram a cerca, depois cerraram duas grades. Dentro do condomínio escolheram a casa que estava aparentemente vazia e furtaram um cofre, com duas armas, uma caixa de joias e uma caixa de relógios. A escolha, segundo eles, era pelo alto poder aquisitivo das vítimas e a certeza de que teriam algo de valor.

Na Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e a Juventude) os adolescentes contaram que cada um recebeu cerca de R$ 10 mil depois do crime. João confirmou e relevou que gastou toda sua parte. Com o dinheiro comprou até um carro "bob", ou seja, com a documentação atrasada.

As prisões – João tem longa ficha criminal. Já foi indiciado por roubo, preso em flagrante por tráfico de drogas, resistência com disparo de armas de fogo, outro disparo, porte ilegal de arma de fogo, furto simples e furto qualificado. Foi justamente por isso que a Polícia Civil pediu sua prisão preventiva. “Em liberdade, como já virou rotina, voltará a furtar e roubar”, escreveu o delegado responsável pelo flagrante.

As novas acusações contra ele somam associação criminosa e corrupção de menores, já que usava adolescentes para cometer os crimes.

Valmir, conforme a investigação, sabia dos furtos e por isso foi indiciado por receptação e associação criminosa. Apontado pelo próprio João como “principal comparsa na receptação”, também foi alvo de pedido de prisão preventiva.

O proprietário da joalheria, segundo a polícia, não sabia do crime, mas se aproveitava dele. Por isso foi indiciado por receptação e associação também, mas sem a necessidade de ficar preso. Neste sábado (29), a defesa do ourives encontrou com pedido de liberdade afirmando que a prisão do cliente foi ilegal e que ele recebeu as peças de ouro para uma “prestação de serviço”.

O documento ainda afirmar que o proprietário pagou a João a pedido de Valmir, acreditando “em sua hombridade e honestidade”. Todos devem passar por audiência de custódia na segunda-feira (2).

Fachada do condomínio Shalom, localizado às margens da BR-262. (Foto: Viviane Oliveira)
Fachada do condomínio Shalom, localizado às margens da BR-262. (Foto: Viviane Oliveira)
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