Policial diz que não questionou ex-namorada assassina para não se envolver
Policial civil que teve "relacionamento conturbado" com Pâmela Ortiz prestou depoimento hoje sobre assassinato de idosa
O policial civil que teve relacionamento com Pâmela Ortiz de Carvalho, disse que chegou a encontrá-la depois da morte da aposentada Dirce Santoro Guimarães Lima, 79 anos, mas não desconfiou que algo tão grave tivesse ocorrido. Para ele, disse que tinha sido vítima de emboscada.
O policial prestou depoimento hoje, na primeira audiência de instrução e julgamento, na 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande. Por diversas vezes, disse que “preferiu não se envolver” com qualquer coisa que Pâmela tivesse feito.
Em depoimento prestado à juíza em substituição na 1ª Vara, Denise de Barros Dódero Rodrigues, o policial civil disse que, no dia do crime, 23 de fevereiro desse ano, recebeu ligações em que ela pedia ajuda. Ele disse que não iria e a orientou a procurar o pai, policial militar aposentado.
Como ela insistiu, foi encontrá-la em na rua da cidade, segundo a acusação, dois quilômetros distante de onde o corpo foi deixado. O policial disse que preferiu conversar com ela em pé, do lado de fora do carro. Foi nesse momento que viu uma mancha escura no braço dela e no veículo, mas não imaginou que fosse sangue.
O agente disse que Pâmela contou que foi vítima de emboscada armada pela aposentada. Na versão dela, as duas saíram para resolver problemas e, no caminho, o carro foi interceptado por motociclista. Em defesa, Pâmela teria usado machadinha, atingindo também a idosa, que tentava ajudar o motociclista.
A juíza perguntou porque ele não perguntou o estado de saúde do motociclista e da idosa e não questionou o que seria a mancha de sangue. “Não queria me envolver, em 15 anos de polícia, jamais iria me envolver”. O homem diz que ela tinha histórico de inventar várias histórias e achou que poderia se algum problema com agiota.
Ele disse também que mantinha relacionamento aberto com Pâmela desde 2015 e que sempre foi conturbado. Por isso, queria se afastar e acabar com a relação. “Eu não queria estar passando pelo que estou passando agora, sentado aqui”. Ele diz que tinha receio de um dia acontecer algo grave relacionado a ela. “Parecia que Deus estava me falando alguma coisa”.
Desconfiança – amigos da vítima prestaram depoimento e traçaram perfil de Pâmela. Adriana Alves da Silva, Denise Pereira e o agente de saúde Wellington Flores Fraga disseram que sempre desconfiaram do extremo cuidado que Pâmela tinha com Dirce.
O agente de saúde disse que estranhava tanto cuidado quando Pâmela tinha filhos para cuidar, entre eles, uma menina especial.
Audiência – hoje também estava previsto o depoimento de Pâmela Ortiz, mas, com a ausência de duas testemunhas que não foram encontradas, o interrogatório dela foi adiado para dia 17 de junho.
Denúncia - O crime aconteceu no dia 23 de fevereiro de 2019, após a idosa discutir com Pâmela, depois que a acusada usou o seu cartão de crédito para compras pessoais sem sua autorização.A vítima teria descido do carro, que era conduzido pela acusada, momento em que a ré começou a agredir a idosa, batendo sua cabeça contra o meio-fio até matá-la.
Na tentativa de despistar qualquer suspeita, a assassina confessa também esteve na delegacia.Pâmela só admitiu ter assassinado a idosa ao ser informada pela polícia que câmeras de segurança haviam flagrado o momento em que ela saiu com Dirce naquele sábado.
Antes de saber das imagens, ela havia negado até ter encontrado a vítima. Pâmela alegou para a polícia que durante uma discussão, a idosa ameaçou denunciá-la por compras usando indevidamente o nome de Dirce.
Ela disse ainda que a aposentada tentou sair do carro em movimento e caiu, batendo a cabeça no meio-fio. Desesperada e temendo ser descoberta, a mulher conta que pegou a cabeça da vítima e esmagou contra a guia.