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Capital

Preço do descarte de entulho em Campo Grande é inviável, diz caçambeiro

Paulo Nonato de Souza e Yarima Mecchi | 21/01/2017 11:16
Uso do aterro Dom Antônio Barbosa para descarte de entulhos é paliativo, afirmam caçambeiros (Foto: André Bittar)
Uso do aterro Dom Antônio Barbosa para descarte de entulhos é paliativo, afirmam caçambeiros (Foto: André Bittar)

Campo Grande tem em media 4.200 caçambas cheias de entulhos desde que a Justiça determinou o fechamento do aterro sanitário do Jardim Noroeste, na zona Leste da cidade, por funcionamento irregular, em dezembro de 2016, disse esta manhã o caçambeiro Francisco Pita, de 34 anos, representante da categoria.

O impasse criado sobre onde descartar os entulhos após a interdição do aterro no Jardim Noroeste, que funcionava sem licença ambiental, tem preocupado os trabalhadores do setor que tiveram o mercado de trabalho reduzido. Segundo Francisco Pita, o maior problema está no alto valor cobrado pelas empresas privadas que detém áreas de descartes, no caso a CGEA Ambiental e Progemix Resilix.

“Sabemos da importância do descarte correto do entulho, mas eu gostaria muito que essas empresas particulares cobrassem um preço acessível. Nos grandes centros, como São Paulo e Rio, pelo mesmo serviço é cobrado entre R$ 35 a R$ 60 por caçamba de 4 toneladas, e aqui em Campo Grande o descarte custa R$ 120. Se o preço cobrado fosse o mesmo dos grandes centros nós já estaríamos trabalhando normalmente, porque seria um valor acessível para a população”, declarou.

A prefeitura e a Solurb, a concessionária responsável pela coleta de lixo domestico, fecharam acordo emergencial para o uso do aterro sanitário localizado no bairro Dom Antônio Barbosa, mas com a ressalva de que cada caçambeiro só pode descartar entulhos no local uma única vez. Após isso, essa responsabilidade fica por conta de quem produz o lixo, ou seja, a população.

“Hoje o preço fechado, incluindo o frete e o descarte, varia em torno de R$ 280 a R$ 300. Isso é inviável, as pessoas não vão pagar e o que acontece é que a gente fica parado e a populaçao vai descartar lixo na rua”, comentou Francisco Pita.

Para o caçambeiro Eneias Agnelle, de 33 anos, por enquanto as caçambas vão ter que ser recolhidas nos patios até que a prefeitura de Campo Grande encontre uma solução definitiva sobre onde fazer o descarte. “O que estamos fazendo aqui no aterro sanitário Dom Antônio Barbosa é paliativo”, disse.

HISTÓRICO - A interdição do aterro de entulhos no Jardim Noroeste foi determinada no dia 15 de dezembro. Mesmo sem licença ambiental, o local era o único destino para as mais de 1,4 mil toneladas de resíduos da construção civil produzidos diariamente na cidade.

Uma vistoria feita em julho pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) constatou que no aterro há triagem superficial dos resíduos, permitindo ingresso de materiais recicláveis e lixo orgânico.

Autor da decisão, o juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, David de Oliveira Gomes Filho, disse que o aterro precisa passar por uma série de adequações, como fechamento no entorno e proibição da entrada de lixo hospitalar.

 

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