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Prefeitura derruba barracos e casas de ocupação irregular no Jardim Canguru

Construções e barracos estavam sendo erguidos de forma irregular no terreno público, explica Emha

Por Mylena Fraiha e Geniffer Valeriano | 22/07/2024 13:45
Fiscal da Semadur avalia terreno ocupado de frma irregular; ao fundo, moradores retiram lona de barraco construído no Jardim Canguru (Foto: Henrique Kawaminami)
Fiscal da Semadur avalia terreno ocupado de frma irregular; ao fundo, moradores retiram lona de barraco construído no Jardim Canguru (Foto: Henrique Kawaminami)

Moradores que estavam construindo casas em um terreno pertencente à Prefeitura de Campo Grande, localizado na Rua Topógrafos, no bairro Jardim Canguru, tiveram os imóveis derrubados por equipes da Prefeitura na manhã desta segunda-feira (22). As construções e barracos estavam sendo erguidos de forma irregular no terreno público.

No local, estiveram presentes funcionários da Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), GCM (Guarda Civil Metropolitana) e Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

O chefe de fiscalização da Emha, Rogério Sebastião Búzios, relatou que a ação foi iniciada após uma denúncia anônima recebida na última sexta-feira (19). "Na sexta-feira, fomos ao local e constatamos a construção de duas casas de alvenaria, sem características de moradia, pois não tinham teto. Havia também um barraco com apenas uma cama, colchão e ventilador", explicou.

Obras em andamento derrubadas por equipes da Prefeitura (Foto: Henrique Kawaminami)
Obras em andamento derrubadas por equipes da Prefeitura (Foto: Henrique Kawaminami)

Nesta segunda-feira, as equipes retornaram para uma nova fiscalização e encontraram mais três barracos de lona em construção. Rogério afirmou que algumas famílias compraram o terreno de terceiros por 10 mil reais, sem saber que estavam adquirindo uma propriedade pública.

Cerca de três famílias tiveram os barracos e obras em andamento derrubadas por equipes da Prefeitura. Uma dessas famílias é a de Maxsoell Ribeiro, de 18 anos, que trabalha em uma ONG. Ele relatou que saiu pela manhã para passear com o cachorro, mas ao voltar para casa e encontrar sua construção demolida.

Maxsoell relatou que saiu pela manhã para passear com o cachorro, mas ao voltar para casa e encontrar sua construção demolida (Foto: Henrique Kawaminami)
Maxsoell relatou que saiu pela manhã para passear com o cachorro, mas ao voltar para casa e encontrar sua construção demolida (Foto: Henrique Kawaminami)

"Eu estava morando aqui há uma semana. Me disseram que quem estivesse dentro da ocupação seria regularizado, mas hoje já foram derrubando tudo e nem deu tempo de tirar minhas coisas", lamenta Maxsoell. Ele explica que conseguiu recuperar os objetos que não foram quebrados.

Já a trabalhadora doméstica Karina Boles, de 26 anos, explica que foi ao local para representar sua irmã que estava no trabalho. A irmã de Karina está grávida de cinco meses. "Compramos o terreno há menos de um mês. Minha irmã e o marido precisavam de uma casa. Se juntar a compra e a construção, o prejuízo pode chegar a 20 mil reais", lamentou Karina.

Karina Boles explica que foi ao local para representar sua irmã que estava no trabalho (Foto: Henrique Kawaminami)
Karina Boles explica que foi ao local para representar sua irmã que estava no trabalho (Foto: Henrique Kawaminami)

A moradora Letícia Freitas, de 33 anos, também grávida de seis meses, explicou que o terreno lhe foi cedido há quatro meses e que não sabia se tratar de uma área da Prefeitura. “Comecei a montar o barraco ontem. Tava me organizando porque queria montar algo mais ajeitadinho. Não sabia que era da Prefeitura. Se soubesse, eu não teria vindo, porque poderia acontecer isso”.

O  trabalhador de construção civil, Alfredo Ybanhoes, de 55 anos, confessou que invadiu o local e montou seu barraco sem ter comprado o terreno. "Moro de aluguel e fiquei sabendo que estavam construindo aqui, então vim e montei meu barraco também".

Ao lado da avó, Geciane explica que estava construindo uma casa para morar com o marido e a idosa de 94 anos; sua casa não foi derrubada na manhã de hoje (Foto: Henrique Kawaminami)
Ao lado da avó, Geciane explica que estava construindo uma casa para morar com o marido e a idosa de 94 anos; sua casa não foi derrubada na manhã de hoje (Foto: Henrique Kawaminami)

Apenas a moradora Geciane Ferreira, de 30 anos, não teve a casa derrubada. Sua casa apresentava uma estrutura mais completa, com telhado, paredes rebocadas e portão. Segundo ela, só falta instalar janelas e portas.

Ela explica que comprou o terreno há mais de um ano e estava construindo uma casa para morar com o marido e a avó de 94 anos. Ela também está grávida de três meses. "Vendemos a casa da minha avó em Alagoas e, com o dinheiro, compramos o terreno e fizemos esta casa. Se perdermos, não sei para onde iremos", desabafou Geciane.

Venda irregular - Conforme noticiado anteriormente, moradores da ocupação irregular apontaram que os terrenos haviam sido adquiridos da dona de casa Rosangela Azevedo, de 40 anos, que está no terreno desde 2002, quando ela e o marido mantinham uma horta no local para sobreviver.

“Meu marido cuidava da horta que ficava aqui, só que como ele faleceu, eu não dei conta. Daí eu falei quem quiser construir vai lá e constrói, porque estava abandonada essa parte, meu esposo que aguentava tocar. Quando era horta ninguém nunca reclamou. Foi só começar a construir que a Emha passou a vir”, contou ao Campo Grande News, em matéria publicada anteriormente.

Horta cuidada por Rosangela desde 2002 (Foto: Paulo Francis)
Horta cuidada por Rosangela desde 2002 (Foto: Paulo Francis)

A reportagem tentou conversar com a mulher que vendeu os terrenos, mas sua filha alegou que a mãe teve uma emergência médica na manhã desta segunda-feira e não poderia falar no momento.

Entretanto, Rogério confirmou que a moradora vendeu terrenos para alguns dos moradores que tiveram suas construções derrubadas. "Na sexta-feira, a moradora disse que vendeu 10 terrenos e dois foram cedidos", explicou.

Os moradores foram orientados a recolher os materiais de construção restantes e registrar um boletim de ocorrência. Também foram orientados a levar até a Emha comprovantes de compra dos terrenos.

Em nota, a Emha também pontuou que equipes de fiscalização estiveram presentes e constataram que as unidades ainda estão em fundação e que não há moradores nas mesmas.

"A Emha esclarece que não há possibilidade de regularização da área, se tratando de uma ocupação recente e não autorizada. Além disso, desconhece qualquer incentivo para construção na área mencionada, pois trata-se de um terreno público. Cabe destacar que a Emha atua em respeito ao processo legal", diz a agência em nota enviada ao Campo Grande News.

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  • Foto: Henrique Kawaminami.
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