Prefeitura investe em hospital mesmo com leitos prontos, critica deputado
Deputado estadual Pedrossian Neto (PSD) cita hospitais com vagas disponíveis na Capital
O projeto de construir um Hospital Municipal de Campo Grande é uma boa ideia, mas não resolve o problema urgente de filas para cirurgias e exames, e por isso não faz sentido na avaliação de parlamentares que têm questionado a Prefeitura da Capital com relação ao projeto. Além de uma ação popular movida pelo vereador André Luís Soares, o “Prof. André” (PRD), a prefeitura enfrenta críticas de outros parlamentares.
A prefeitura prevê fechar um tipo de contrato pelo qual a empresa que vai construir o prédio receberá um aluguel para mantê-lo e, mais tarde, o local será incorporado ao patrimônio público no bairro Chácara Cachoeira. A entrega da obra na Rua Augusto Antônio Mira, com investimento de R$ 210 milhões da iniciativa privada, está prevista para até julho de 2026.
O deputado estadual Pedrossian Neto (PSD) já levantou o tema em plenário e alerta para o fato de que o custo do projeto será muito elevado, enquanto há hospitais da cidade querendo ofertar leitos para resolver o problema urgente de filas para atendimento.
Ex-secretário de Finanças e Planejamento da Capital, o deputado destaca como exemplo a Santa Casa e o Hospital Adventista do Pênfigo, que tem capacidade de atender pelo SUS (Sistema Único de Saúde), bastando a prefeitura contratar novos leitos.
O custo estimado no projeto é de aluguel de R$ 5 milhões por mês durante 20 anos, que a prefeitura pretende pagar a empresa que fará a obra. Fazendo os cálculos, Pedrossian considera o mínimo de R$ 10 milhões por mês para o funcionamento, o que pode gerar um custo aproximado de R$ 2,4 bilhões aos cofres públicos, nas duas próximas décadas.
Os parlamentares não são contrários ao projeto, mas questionam a forma como está sendo planejada a obra e o fato de haver leitos já disponíveis para atender a demanda urgente.
“Tem essa capacidade; você pega, por exemplo, lá no Hospital do Pênfigo, um hospital imenso que está praticamente desocupado e poderia, de fato, ser já imediatamente o Hospital Municipal de Campo Grande se a prefeitura quisesse fazê-lo, ou seja, seja você não precisa construir necessariamente um prédio nesse momento”, comenta Pedrossian.
Apesar de não fazer parte da prefeitura, o deputado afirma que as contas que têm sido expostas indicam que o cofre público não tem capacidade para tirar o projeto do hospital do papel.
“Se você for perguntar a opinião pública ‘você quer um hospital?’ As pessoas vão dizer ‘claro que eu quero um hospital’, mas se você analisar tecnicamente o projeto, não é isso que está sendo colocado e vai demorar muito tempo para isso ficar pronto, no mínimo quatro anos haja vista, por exemplo, o Hospital do Trauma quanto tempo demorou. Então, eu acho que esse modelo aqui dá para fazer antes e tal 20 anos, mas na realidade nós precisamos de leitos e têm hospitais que podem oferecer”, explica Pedrossian.
À Justiça, o vereador André pediu a suspensão da licitação para construção do hospital, mas o pedido foi negado e o processo segue tramitando em primeira instância.
O parlamentar alega que falta de estudo de impacto de vizinhança, haverá aumento de despesas sem previsão na LOA (Lei Orçamentária Anual) e o início da obra ocorrerá no final do mandato da prefeita, em período de campanha eleitoral em que ela busca a reeleição, o que pode contrariar a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Leitos - O Hospital Adventista do Pênfigo informou que tem hoje 30 leitos disponíveis para atendimento imediato, que já podem entrar em funcionamento, necessitando apenas do suporte em Recursos Humanos e equipamentos.
"Além disso, há um projeto de expansão para mais 10 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em trâmite na Vigilância Sanitária e, após essa construção, há ainda a possibilidade de negociação para disponibilizar até 50% da segunda unidade do Hospital Adventista, que hoje atende somente convênios", detalha a nota enviada pela assessoria do Hospital Adventista do Pênfigo.
Projeto - Segundo estimativa da Sesau, serão realizadas mensalmente 1.500 internações, 1.000 cirurgias, 2.500 atendimentos de pronto atendimento, 13.500 consultas médicas e 13.500 exames de imagem. O hospital contará com 259 leitos, sendo 49 de pronto atendimento, 20 leitos CTI (10 pediátricos e 10 adultos) e 190 leitos de enfermaria (60 pediátricos, 60 adultos para homens e 70 adultos para mulheres). Terá UTI para adultos e pediátrica, 10 salas de cirurgia, 53 consultórios e 19 salas de exame, incluindo audiometria, eletrocardiograma, eletroencefalograma, eletroneuromiografia, ecocardiograma, ergometria, hemodinâmica, mamografia, radiografia, ressonância magnética, tomografia, ultrassonografia, endoscopia e colonoscopia.
A reportagem solicitou posicionamento à Prefeitura de Campo Grande e a Sesau alega que enviou ofícios aos hospitais solicitando ampliação temporária da oferta de leitos, porém, todas as instituições consultadas informaram indisponibilidade no momento.
"Diante desse cenário, a Sesau investe na estratégia municipal de inclui melhorias constantes nos processos de atendimento e dimensionamento das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), nos Centros Regionais de Saúde (CRSs) e nas Unidades de Saúde da Família (USFs), para otimizar a capacidade de resposta à demanda de pacientes", diz a nota da secretaria.
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