Presidente do Sinmed pede exoneração da prefeitura
O médico disse que além da questão salarial, a rede de saúde da Capital não oferece condições de trabalho
O presidente do Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Flávio Freitas Barbosa, anunciou nesta terça-feira (20), durante coletiva de imprensa sobre o impasse salarial entre prefeitura e a categoria, o pedido de exoneração de um de seus vínculos com o município.
Com vínculos como médico ambulatorial e plantonista, Barbosa seguirá apenas como plantonista. Sem dar mais detalhes, o presidente do Sinmed disse que tem outros afazeres, família e que o trabalho não é seu único propósito de vida.
Médicos e prefeitura discutem há 58 dias sobre o reajuste salarial reivindicado pela categoria, que alega congelamento há três anos.
Conforme retratou o Campo Grande News em abril deste ano, o problema é crônico e diante das várias explicações, fica difícil enxergar a solução. Mais recentemente, a debandada de 136 profissionais nos últimos três meses só complicou a situação.
O secretário municipal de saúde pública, Marcelo Vilela, explica que os médicos não precisam justificar os pedidos de demissão, que os motivos são diversos e particulares, mas principalmente têm relação com um movimento natural do início do ano. “Muitos deles passam nas provas de residência. Aí não conseguem mais conciliar os horários ou vão trabalhar fora daqui”.
Já o presidente do Sinmed, garante que o problema é muito maior. Ele afirma que falta estímulo financeiro e estrutura de trabalho. Desta forma, fica difícil a prefeitura concorrer com os hospitais particulares.
Um médico concursado recebe hoje do município R$ 2.516,72 para 12 horas por semana de trabalho, conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública). Pelos plantões, a prefeitura paga R$ 830,56 para cada 12 horas trabalhadas em dias úteis pela manhã ou à tarde, R$ 913,60 para quem cumpre plantão no período noturno e R$ 996,11 para os escalados aos fins de semana e feriados. A remuneração dos plantões dos pediatras é diferente.
Flavio Barbosa cita a inauguração do Hospital da Cassems, em outubro do ano passado, e de inúmeras clínicas particulares na Capital, que absorvem a mão de obra. “A Cassems paga R$ 1,5 mil no plantão de 12 horas, R$ 1,8 mil se for aos fins de semana, a diferença é gritante. O salário-base também está muito defasado, a Fenam [Federação Nacional dos Médicos] recomenda salário de R$ 13,8 mil por 20 horas trabalhadas”.
O presidente do Sinmed defende a categoria, afirmando que a razão para médicos desistirem de um emprego com a estabilidade de um concurso é a sobrecarga de trabalho. “Dizem que ganhamos bem, que tem médico ganhando até R$ 20 mil. Tem mesmo, mas para isso, ele faz 18 plantões no mês. Significa que dos 30 dias do mês, 18 noites ele passa fora de casa. Se ele não tiver condições mínimas de trabalho, ele não vai ficar. Os colegas que estão pedindo para sair, estão exaustos”.