Princípio de motim na Gameleira deixa policial penal ferido
Presos batem nas grades e gritam, enquanto familiares protestam do lado de fora
Um princípio de motim de presos da Penitenciaria de Regime Fechado da Gameleira, em Campo Grande, mobiliza equipes do COPE (Comando de Operações Penitenciárias) desde o fim da manhã desta sexta-feira (22). Do lado de fora, esposas dos internos protestam por melhores condições de tratamento.
Presos batem nas grades e gritam, enquanto familiares reunidos na frente da unidade 1 temem transferências ou represálias, após um servidor ficar ferido no olho nesta manhã. O princípio de motim ocorreu nos alojados no pavilhão 1, no momento em que um interno estava sendo retirado para a cela disciplinar.
Houve tumulto e presos começaram a bater nas grades e chegaram a avariar o tanque utilizado para lavagem de roupas no pavilhão, o que deixou o servidor ferido.
Conforme a Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciário), a situação teria sido controlada e os internos envolvidos “foram identificados e as sanções cabíveis serão aplicadas”.
Porém, um grupo de familiares – principalmente, as esposas dos presos – segue em frente à Gameleira. As mulheres afirmaram à reportagem que os detentos não estariam recebendo tratamento adequado.
Um das mulheres que não quis se identificar, disse não ter contato com o esposo há algum tempo e que nem mesmo os advogados têm autorização para falar com eles. “Meu marido está na unidade há 10 meses e dizem que aqui é só para faccionados, mas ele não é de facção. Ele é da Bahia e só tem a mim em Campo Grande”, alega.
Algumas mulheres gritam próximo ao muro da penitenciária para que sejam "reconhecidas" pelos internos e dizem que só vão embora quando tiverem certeza que a situação foi contida. No desespero por notícias, esposas choram pedindo por melhores condições de permanência na unidade.
O advogado Tie Ardoin esteve no local para tratar de uma transferência do cliente para Dois Irmãos do Buriti, mas foi impedido de entrar. Segundo ele, a administração alega que está ocorrendo um procedimento e as visitas e atendimentos foram suspensas.
Ardoin disse ao Campo Grande News, que não foi a primeira vez que saiu sem conseguir contato com o cliente. “Perdi mais uma tarde vindo aqui e não liberam a entrada. Só neste presídio que é assim”.
“Informaram que está instável por causa do motim que teve mais cedo”, contou a advogada Flávia Ancelmo que, pela quinta vez, não pode conversar com o interno assistido.
Ainda de acordo com o informado, a Agepen está adotando as providências necessárias.