"Privilegiada", Fabi ensina redação para aluno de escola pública passar no Enem
Projeto procura tutores e é focado em alunos que realmente não têm condições de pagar por cursinho
Aos 20 anos, Fabiane Sayegh juntou amigos depois de gravar stories no Instagram chamando atenção para a necessidade de ajudar estudantes com a redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A jovem que estudou em bons colégios percebeu o abismo consolidado pela pandemia entre os alunos de escolas particulares e públicas.
Acadêmica do 2º ano de Medicina na UFMS, Fabiane se dispôs a ensinar, corrigir e apontar melhorias para que os estudantes do 3º ano do Ensino Médio de escolas públicas saibam como escrever uma boa redação.
"Sempre achei muito importante essa questão da educação e como a partir dela muitas coisas podem ser mudadas", comenta.
Por ter tido a oportunidade de estudar em lugares muito bons, inclusive com bolsa em cursinhos, Fabiane sabe que foi este estudo que lhe deu base para passar em três universidades públicas em Medicina.
"Sei que tem muita gente que quer realizar o sonho de entrar em uma universidade e ter direito a um ensino de qualidade, mas não tem condições de pagar ou não teve a mesma chance que eu tive, de ter conseguido a bolsa", acrescenta.
Em 2020 ela já trabalhava com reforço escolar e tinha uma estudante que auxiliava nas tarefas voluntariamente, mas a ideia de expandir o projeto e convidar colegas veio depois de uma conversa muito franca com um familiar.
"Um primo meu, que estuda em escola pública, falou que não tem aula, só atividade. Não tem condição nenhuma de você colocar uma pessoa dessa para fazer vestibular e concorrer a uma vaga", pontua.
A parte de Fabiane ela já está fazendo e tem ganhado adesão de colegas. "Tem tantos alunos precisando, é pouco o tempo que você demanda e está dando oportunidades para outros. A redação é muito importante no Enem", ressalta.
A ideia é unir colegas que estejam dispostos a doar um pouquinho de seu tempo para ensinar os alunos que realmente não podem pagar um cursinho ou aula de redação. "A redação, querendo ou não, você só consegue aprender no erro e no acerto. Precisa de alguém que corrija e te dê um feedback", explica.
O primo que mostrou à acadêmica a realidade das escolas públicas, em especial na pandemia, dizendo que nunca nem havia feito uma redação.
"A gente é muito privilegiado para ficar sentado na nossa zona de conforto", reflete a estudante.
Interessados em somar esforços ao projeto voluntário como tutores, assim como alunos de escola pública que não podem pagar um cursinho devem entrar em contato com a estudante pelo WhatsApp: (67) 9-99552648. Mas atenção, a ajuda é voluntária e o acompanhamento de redação será prestado apenas aos estudantes que realmente não têm condições de arcar com aulas particulares.
