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Capital

Programa de recrutamento inclusivo quer empregar 100 pessoas com deficiência

Canditados poderão atuar como atendente, recepcionista, auxiliar administrativo ou compor de banco de talentos

Por Natália Olliver | 06/08/2024 12:36
Lançamento do Programa de Recrutamento Inclusivo (Foto: Natália Olliver)
Lançamento do Programa de Recrutamento Inclusivo (Foto: Natália Olliver)

O novo Programa de Recrutamento Inclusivo promete integrar PCDs (Pessoas com Deficiência) e recolocar profissionais no mercado de trabalho. Ao todo, são 100 vagas disponíveis para os cargos de atendente, recepcionista e auxiliar administrativo que atuarão na Santa Casa de Campo Grande. Além das funções, os candidatos poderão compor o quadro de talentos da instituição. O lançamento aconteceu na manhã desta terça-feira (6).

Para Glaucia Lopes, de 38 anos, ativista das pessoas com deficiência, um dos principais fatores que impedem que os PCDs estejam de fato integrados nas empresas é a falta de capacitação e a não consideração de habilidades ou inclinações profissionais. Ou seja, além de colocá-los em funções das quais eles não tem desenvoltura, as empresas não oferecem recursos para que eles exerçam a atividade.

“Elas precisam enxergar que as pessoas PCDs têm capacidades. Não adianta nada me colocar em uma vaga e não me dar recursos para desenvolver ela. As empresas querem só cumprir a cota e não é só isso. Tem que respeitar a formação da pessoa. Vivemos em uma sociedade onde somos integrados não incluídos”.

Ela explica que, apesar de parecidas, os significados das palavras são diferentes. Glaucia tem baixa estatura e já passou por diversas situações em que a deficiência foi fator determinante para estar nos lugares.

Glaucia Lopes, ativista das pessoas com deficiência (Foto: Natália Olliver)
Glaucia Lopes, ativista das pessoas com deficiência (Foto: Natália Olliver)

“Uso motinha, vivo a não inclusão em várias situações, de não conseguir usar o banheiro. Por isso digo que somos integrados e não incluídos. Se fossemos incluídos mesmo poderia usar o banheiro, por exemplo, como qualquer pessoa”. Além da falta de acessibilidade, a ativista convive com a infantilização.

“Pelo meu tamanho elas falam. As pessoas PCDs vivem com a infantilização por parte das pessoas. Outra situação é nos carros de aplicativo, por exemplo, eles [os motoristas] perguntam se a cadeira vai junto. Além do ‘nem parece que você é deficiente'”.

Quero me candidatar - As vagas serão ofertadas todas as terças-feiras. Para se candidatar, os interessados devem comparecer no hospital, durante o período da tarde, das 14h às 17h. Não é necessário experiência. Os selecionados contarão com plano de saúde, bonificação de assiduidade, descontos na alimentação no local e programas de desenvolvimento profissional.  Quem fará a seleção dos currículos é o departamento de Recursos Humanos.

A pedagoga e parte do Conselho Municipal de Apoio às Pessoas com Deficiência, Marilena Carvalho palestrou sobre o tema e ressaltou que a iniciativa é um passo para integração. Segundo ela, as empresas precisam atuar, não para preencher as vagas obrigatórias para PCDs, mas para acolhê-los.

De acordo com o artigo 93, da Lei nº 8.213 de inclusão - habilitação e da reabilitação profissional - empresas que têm até 200 empregados precisam, obrigatoriamente, que 2% do efetivo seja composto por pessoas com deficiência. O número aumenta conforme a quantidade de funcionários. A maior porcentagem é de empresas com mais de mil profissionais. Desse total, 5% tem que ser de PCDs.

O vice-presidente  da Santa Casa, Jary Castro explicou que o Programa é uma atitude para incluir, integrar e tonar o hospital acolhedor.  “Não é só o cumprimento da Lei é o acolhimento e inclusão. Estamos fazendo a derrubada de barreiras atitudinais. Isso é importante e tem que vir de cima para baixo. A gente precisam querer que o hospital seja acessível, acolhedor e inclusivo".

Além do programa - Marilena Carvalho acrescenta que as principais demandas que chegam ao conselho são relacionadas à saúde e à educação. “Pessoa com surdez e chega para fazer consulta e não tem intérprete, fica complicado. Se ela passou mal a noite inteira, como vai se comunicar com o médico? O autismo, não temos uma sala para eles, porque eles tem suas necessidades, alguns com multidão, barulhos. Na saúde encontramos as maiores barreiras”.

Longe do ideal - João Henrique Bezerra, diretor-presidente da Funsat (Fundação Municipal de Trabalho) pontuou que em 2023 a Fundação ofertou mil vagas para PCDs e conseguiu preencher 500. O número é infinitamente menor que o quantitativo de vagas oferecidas as pessoas sem deficiência.

Nesta terça-feira, a fundação oferece 2281 vagas em 165 funções para pessoas sem deficiência. Já para as que possuem alguma o número cai para 20, em 11 cargos. Ele comenta que o programa é uma forma de ampliar a demanda das empresas e consequentemente, a oferta.

Em Mato Grosso do Sul, são 4.465 vagas ofertadas pela Fruntrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul), para pessoas não PCDs. Já para o público-alvo são apenas 127 em todo Estado. O número é referente a esta segunda-feira (5).

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