Protesto chama atenção para maus-tratos a animais que vivem nas ruas
Com faixas e cartazes o grupo expôs a crueldade do abandono e até envenenamentos constantes registradas em várias regiões da cidade
Moradores e protetores de animais se reuniram na manhã deste domingo (18) na Rua Sete de Setembro em uma manifestação contra o maus-tratos a gatos e cachorros que vivem nas ruas de Campo Grande. Com faixas e cartazes o grupo expôs a crueldade do abandono e até envenenamentos constantes registradas em várias regiões da cidade.
O grupo, com cerca de 15 pessoas, se reuniu em frente a um terreno baldio da 7 de setembro, próximo ao cruzamento com a Rua Arthur Jorge. Foi ali que há exato um mês a servidora pública Cintia Recco, que é protetora independente, encontrou uma gatinha, agonizando depois de ingerir veneno colocados por vizinhos do local.
“Sempre tem uma pessoa responsável por colocar alimentos para os gatinhos em várias regiões da cidade. A que colocava aqui estava viajando e eu vim. Encontrei a gatinha praticamente morrendo”, lembrou. O animal foi socorrido, conseguiu se recuperar e hoje esperar para encontrar um lar. Mas a situação chamou atenção para, o que segundo as protetoras, é um problema recorrente, os maus-tratos aos animais de rua.
“Na semana passada encontramos veneno granulado aqui”, explicou Adriana Freitas, vice-presidente da ONG AmiCat's. Para ela, o principal problema é o grande número de gatos abandonados.“Tem muita gente que gosta de gatos, mas muitas que não gosta e não pensam em castrar, eles querer exterminar”, lamentou a protetora.
Ana Cristina Camargo de Castro, presidente da ONG lembrou que no fim do ano passado encontrou 20 gatinhos mortos dentro de um saco plástico na região da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e que na semana passada resgatou quatro filhotinhos abandonados pelos donos.
“Assumimos um papel que não é nosso. A gente tem que capturar, paga clínica, alimentação e ainda arruma um lar para eles”, afirmou Ana Cristina. Freitas reforçou ainda que o trabalho de conscientização contra o crime é responsabilidade do poder público, mas diante das falhas, acaba assumido pelas ONG’s. “Não podemos aceitar essa ação que além de crime, é uma crueldade”.
Na contramão - Zullaê Ramos de Freitas, de 13 anos, que ficou famoso após oferecer a bicicleta em troca de seis pacotes de ração na internet em janeiro do ano passado, se juntou ao grupo para manifestar a revolta contra os maus-tratos aos animais. Hoje ele e a família cuidam de 46 gatinhos, que frequentam sua casa todos os dias atrás de alimento.
Por dia, são 1,5 quilo de ração, somado aos gastos com pedras higiênicas e vermifugo. “Começou quando eu peguei dois gatinhos, ai eles tiveram duas crias e fiquei com nove, por causa disso as pessoas começaram a abandonar os gatinhos na frente da minha casa”, lembrou o menino que mobilizou a internet para conseguir cuidar de todos os bichinhos.
A AmiCat's estima ainda que de 10 filhotes, nove são abandonados. “Hoje estamos com 100 gatos e não temos condições de pegar mais, porque dependemos de doações. As pessoas tem preconceito com gatos, principalmente os pretos, por isso tem tanto abandono”, lamentou Ana Cristina.