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Capital

Protesto contra Bolsonaro acontece com sinais de apoio e reprovação no Centro

Encabeçada nacionalmente pela CUT, protesto reuniu vários grupos de defesa social em MS

Nyelder Rodrigues e Cleber Gellio | 20/11/2021 11:45

Centenas de manifestantes se reuniram no Centro de Campo Grande nesta manhã de sábado (20), Dia da Consciência Negra, para protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A concentração aconteceu na Praça Ary Coelho, de onde foi iniciada uma passeata que passou por três ruas.

Seguindo pelas ruas 14 de Julho, Antônio Maria Coelho e 13 de Maio, a passeata terminou no mesmo local de início, a Ary Coelho. Aproveitando a data de reflexão sobre os direitos dos negros e preconceito racial, a CUT (Central Únicos dos Trabalhadores) encabeçou o evento englobando várias outras pautas.

Realizado nacionalmente, o movimento se repetiu em mais de 100 cidades. Na capital sul-mato-grossense, a estimativa da PM (Polícia Militar) é de ter reunidos 1 mil pessoas. Uma das participantes foi a coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul, Romilda Pizani.

"Hoje é para reflexão, seremos sempre resistência. Mas englobamos aqui várias outras pautas. Quem está aqui é o povo que luta contra esse desgoverno. O foco é a questão racial, mas hoje estamos reunidos com todas as outras pautas", frisa Romilda, ao falar também sobre questões trabalhistas e sociais diversas.

Movimento fechou ruas do Centro e ganhou manifestações à favor e contrárias (Foto: Cleber Gellio)
Movimento fechou ruas do Centro e ganhou manifestações à favor e contrárias (Foto: Cleber Gellio)

Outro que acompanhou a manifestação foi o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Jaime Teixeira. "Estamos todos contra essa política econômica que dolariza tudo e congela o salário dos servidores". Jaime ainda se manifesta contra Bolsonaro afirmando que ele dissemina preconceito.

"Se estamos aqui é para mostrar que o povo de Mato Grosso do Sul é contra essa política adotada pelo bolsonarismo, de recessão que traz fome", dispara Teixeira, que assim como Romilda concorreu às eleições pelo PT recentemente.

Também dentro do quadro de minorias sociais, representantes da população indígena marcaram presença. "Não poderiamos ficar de fora. A gente veio aqui para mostrar que estamos contra esse governo. Somos discriminados e precisamos fazer com que a população enxergue isso melhor", explica João Carlos Vieira.

Entre as demandas levadas por ele ali está a demarcação de terras por exemplo. "Não temos apoio algum do Poder Público, ainda mais aqui em Mato Grosso do Sul. Por exemplo, na Assembleia Legislativa, a maior parte dos deputados é ruralista".

Impacto no Centro - Na região central, o impacto da manifestação foi claro, com gente contra e a favor das causas reivindicadas ali. Houve quem buzinasse apoiando, mas também quem buzinasse contra e até furasse a passeata - o trânsito ficou bloqueado nos locais por onde o movimento passou nesta manhã.

"Para vocês que estão aí nos prédios e jogando ovo, tenho uma coisa a dizer: no passado lutamos contra armas. Não vai ser um ovo que vai nos impedir", bradou o representante local da UNE (União Nacional dos Estudantes), o aluno de engenharia mecatrônica Vitor Teixeira, enquanto discursava no trio elétrico.

Indígenas também marcaram presença na manifestação do Dia da Consciência Negra (Foto: Cleber Gellio)
Indígenas também marcaram presença na manifestação do Dia da Consciência Negra (Foto: Cleber Gellio)

Enquanto a passeata passava na 13 de Maio, entre a avenida Afonso Pena e a rua Barão do Rio Branco, um ovo foi atirado do alto de um prédio. Ninguém foi atingido e o autor do vandalismo não foi identificado. Perto da chegada na Ary Coelho, houve também um pequeno tumulto, logo controlado pela organização e PM.

Contudo, houve também quem demonstrasse apoio ao protesto, como é o caso do cozinheiro aposentado Francisco José Vieira, de 70 anos, que estava com a esposa e a filha no Centro no momento em que a manifestação passava.

Ao lado da filha e da esposa, ele fez gestos incentivando a passeata e, à reportagem do Campo Grande News, revelou arrependimento pelo voto em 2018. "Votei no Bolsonaro e me arrependi. Servi o Exército de 1974 a 1980 e achei que por ser militar ele fosse melhorar as coisas. Acreditei nele, mas me dei mal", desabafa.

O aposentado ainda reclama do alto preços dos produtos atualmente e das dificuldades que a população vem passando por causa de políticas que não buscam atenuar a situação. "Estamos sofrendo como condenados. Hoje ele só tem apoio de quem tem dinheiro para rasgar. E só olhar o preço dos alimentos", argumenta.

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