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Capital

Protesto contra medalha a deputado polêmico ganha força na Capital

Michel Faustino | 16/04/2015 19:15
Representantes se reuniram com a PM para protocolar pedido de cancelamento de homenagem.
Representantes se reuniram com a PM para protocolar pedido de cancelamento de homenagem.

Movimentos ligados a defesa dos direitos humanos, sociedade civil e representantes da classe LGBT's (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) “engrossaram” o pedido de cancelamento da homenagem ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que no dia 22 de abril deve ser agraciado com a Medalha Tiradentes.

Na tarde desta quinta-feira (16) um grupo formado por cerca de 40 pessoas esteve na sede do Comando da Policia Militar de Mato Grosso para protocolar uma moção de repúdio e pedir que a homenagem seja revogada.

O presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB/MS (Ordem dos Advogados, Joatan Loureiro, classifica Bolsonaro como “antidemocrata”, pontuando que ele é um dos principais defensores da Ditadura, além de já ter sido condenado no Rio de Janeiro por discriminar o movimento LGBT “Ele é a favor até de bater em mulher, a favor de tortura”, diz Loureiro.

O presidente da Comissão da Diversidade da OAB/MS, Júlio Valcania, diz que Bolsonaro é uma figura que representa o total desrespeito aos direitos humanos.

“ O Bolsonaro é um ser que abomina qualquer diferença. Defende coisas absurdas, tem um discurso preconceituoso e é contrário as politicas sociais e é a favor até do estupro”, disse.

Júlio cita episódio ocorrido em dezembro do ano passado, quando Bolsonaro afirmou que só não “estupraria” a deputada Maria do Rosário (PT-RS), ex-ministra dos Direitos Humanos, porque ela “não merecia”. Na ocasião ele rebateu um discurso da parlamentar que defendia a Comissão da Verdade e investigações sobre os crimes cometidos pela Ditadura Militar.

A representante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher Creuza Pedrosa acredita que a homenagem representa um retrocesso e envergonha os militares do Estado.

“Tem outras pessoas valorosas que deveriam receber essa homenagem e não uma pessoa como essa que emana ódio”, disse.

O presidente da rede Apolo (Rede de Homens Gays e Bissexuais de Mato Grosso do Sul), Davi Andrade, acredita que o Governo do Estado deveria ter repensado a homenagem.

“Como podemos acreditar em um governo que bate de frente com os anseios da população. E essa homenagem representa isso, porque se eles estão dando essa honraria a ele (Bolsonaro) é porque pactuam com seus pensamentos”, comentou.

O grupo protocolou na segunda-feira (13), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, uma moção de repúdio à condecoração de Bolsonaro.

Após ouvir as colocações, o Subcomandante da PM, Coronel Jorge Edgar Judice Teixeira, explicou que às indicações são feitas pelo comandante, chefes e diretores e uma comissão faz a apreciação do mérito e após votação é definido se a homenagem será deferida ou não.

Conforme o coronel, a homenagem para o deputado Bolsonaro foi aprovada em razão do seu trabalho legislativo. Judice citou como exemplo algumas proposições de autoria do deputado, entre elas, a que prevê rigor na punição de criminosos que atentem contra a vida de policiais e seus familiares e melhores condições de treinamento para os policiais.

De acordo com o coronel, a honraria já recebeu aval do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e a PM não tem autonomia para revogá-la, portanto, apesar da “pressão” feita pelos movimentos representativos, a homenagem não deverá ser cancela.

O advogado Joatan Loureiro afirmou que eles tentarão recorrer de outras formas e um protesto já está sendo organizado para o dia 22.

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