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Capital

Público já está reduzido em academias, onde orientação é álcool em tudo

Infectologista orienta que momento de “não ir” deve chegar nos próximos 15 dias, caso ocorra transmissão comunitária

Izabela Sanchez e Clayton Neves | 16/03/2020 12:15
Álcool gel logo na entrada de uma das muitas academias de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Álcool gel logo na entrada de uma das muitas academias de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)


Ainda pode ir na academia, com cuidado redobrado na higienização. Locais coletivos e onde suor e saliva ficam no ar e nas superfícies, representam risco de contágio do novo coronavírus. Mato Grosso do Sul ainda não tem transmissão comunitária do novo vírus, portanto, a orientação médica é: vá, mas álcool gel 70% é para ser aplicado "em tudo".

Além disso, limpeza intensificada com uso de água sanitária em todo o espaço e equipamentos, higienização pessoal das mãos, e dos equipamentos -, quando o cliente acaba de usar -, são parte das orientações da médica infectologista do Hospital Universitário, pesquisadora e professora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Mariana Croda.

“Em relação ao nosso estado, ainda não temos transmissão sustentada aqui, nossos casos são rastreáveis, nossa preocupação é evitar que frequentem ambientes fechados utilizados por muitas pessoas. A recomendação para esses ambientes é intensificar a higienização. Academia é ainda mais intenso, a cada momento se utiliza aparelhos”, diz.

A médica lembra que o vírus é sensível e ainda não se compreende, por completo, seu comportamento. “O que a gente já vê é que ele dura até 72h nas superfícies, mas ele é sensível à questão de temperatura, ao hipoclorito, então limpeza tem que ser com a quiboa, a cândida, que têm esse poder, por isso já usamos nos ambientes de saúde, mas no momento é importante que as pessoas continuem fazendo as suas atividades”, orienta.

Álcool gel e álcool líquido na academia Campo Fit (Foto: Henrique Kawaminami)
Álcool gel e álcool líquido na academia Campo Fit (Foto: Henrique Kawaminami)

 Momento vai chegar – A infectologista emenda, no entanto, que o cenário, até agora, é indício de que o momento de orientar não ir às academias vai chegar, o que pode ocorrer nos próximos 15 dias se Mato Grosso do Sul tiver, como Rio de Janeiro e São Paulo, transmissão comunitária ou sustentada, quando os vetores não são de fora da localidade e já não é possível rastrear o vírus.

O Estado tem, até agora, 2 casos: uma estudante de 23 anos e um homem de 31 anos. Acredita-se que ela pode ter adquirido o vírus no Rio de Janeiro, para onde viajou e ele, em Londres, na Inglaterra, onde estava a trabalho.

“A forma mais fácil de pegar é quando você toca nas superfícies e toca as mucosas, hoje em dia a gente começa a reparar o quanto a gente coloca a mão no rosto, é involuntário”, comentou.

No meio da manhã, pouca gente malhando na academia Campo Fit (Foto: Henrique Kawaminami)
No meio da manhã, pouca gente malhando na academia Campo Fit (Foto: Henrique Kawaminami)


Nas academias – Em Campo Grande, ainda assim, o cuidado já se reflete em redução de público, especialmente dos idosos, mais vulneráveis ao novo coronavírus. Na academia Boss Fit, na Avenida Eduardo Elias Zahran, o proprietário redobrou todas as práticas de limpeza nesta e nas outras unidades da marca.

Conforme Mardem Antunes, além de orientação, contratou mais funcionários para limpeza, feita duas vezes por dia a partir de agora, e dobrou a quantidade de recipientes de álcool gel 70% nas academias. As medidas foram adotadas desde o final da última semana, após a confirmação dos casos na sexta-feira (13).

Os idosos, segundo ele, já representaram redução de 20% no público da manhã e o proprietário também disse ter percebido que os clientes estão mais atentos à higienização, não só corporal, mas dos equipamentos, e evitando os cumprimentos como aperto de mão. Ainda assim, comentou ter medo do contágio no Brasil.

“Olha a Europa, já está fechando tudo, e são países de primeiro mundo, imagine a gente. O que o governo vai fazer para ajudar empresários?”, disse ele, que afirmou temer efeito “em cascata” na economia.

Clientes na academia Boss Fit em Campo Grande na manhã de segunda-feira (16) (Foto: Henrique Kawaminami)
Clientes na academia Boss Fit em Campo Grande na manhã de segunda-feira (16) (Foto: Henrique Kawaminami)

No local, quem malhava tranquilamente era um médico imunologista. Celso Tabosa, 58, afirma que segue a rotina normal, mas que está tomando todo o cuidado com a higiene. Ele disse estar indo em horário mais cedo do que o normal, por ter menos pessoas. “A facilidade de disseminação é o mais preocupante”, avaliou.

Em outras academia visitadas pela reportagem, proprietários relataram redução de público e disseram temer terem demissão de funcionários.

Na Campo Fit, o proprietário Luiz Carlos afirmou ter colocado mais recipientes de álcool gel em toda a academia e orientado os alunos sobre o uso de equipamentos e sobre a higiene. Segundo ele, a limpeza é realizada 1 vez ao dia e, duas vezes por semana de forma mais intensa. “Os clientes comentam que têm medo, não sabem o que vai acontecer”, afirmou.

Por ali, a dona de casa Paola Graciano, 32, mantém a rotina, “com certos cuidados de higiene”. “Me sinto mais tranquila", disse ela, com relação ao horário mais esvaziado de público.

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