Rádio Clube celebra 100 anos com histórias que atravessam gerações
Clube faz aniversário hoje, como a 2ª casa daqueles que carregam sentimento "inexplicável" pelo lugar
Em 1924, o primeiro rádio a chegar em Campo Grande causou verdadeiro frenesi entre um grupo de amigos. Não demorou para que uma casa na Rua 15 de Novembro, quase esquina com a Avenida Calógeras, virasse point da galera que se reunia para ouvir o famoso aparelho. Esse é o começo da história do Rádio Clube, o espaço recreativo mais tradicional de Campo Grande, que nesta terça-feira (24), celebra 100 anos de atividades.
RESUMO
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O Rádio Clube de Campo Grande completa 100 anos em 2024. Fundado após a chegada do primeiro rádio na cidade em 1924, inicialmente reunia amigos na casa de Vespasiano Barbosa Martins. Mudou de endereço algumas vezes, estabelecendo-se na Rua Barão do Rio Branco. Ao longo de sua história, o clube se tornou um importante ponto de encontro social e esportivo para gerações de campo-grandenses, oferecendo bailes, festas, e atividades esportivas, e celebrando seu centenário com um Réveillon especial.
Atual presidente do Rádio Clube, Sidinei Barbosa, de 68 anos, sabe os detalhes que antecederam a fundação do clube. Em entrevista ao Campo Grande News, nesta tarde, ele voltou algumas décadas no tempo para narrar parte da história.
A primeira sede do clube, segundo ele, foi a própria casa da família de Vespasiano Barbosa Martins, que ficava em frente a Igreja Santo Antônio na Rua 15 de Novembro. “Um amigo dele ganhou um rádio, o pai dele trouxe dos Estados Unidos e foi o primeiro que apareceu em Campo Grande. Alguns amigos do Vespasiano se reuniam para ouvir rádio, algumas do Rio de Janeiro, mas o melhor sinal vinha de Buenos Aires”, relata.
As reuniões da turma aconteciam sempre no fim de tarde e começo da noite. No decorrer daquele ano, elas ficaram populares e em meados de 24 de dezembro surgiu a ideia de criar o clube. “Nessa altura tinha mais de 50 amigos”, conta o atual presidente.
Depois da casa do ex-presidente de Campo Grande e governador de Mato Grosso, a sede passou para a Avenida Afonso Pena com a Avenida Calógeras em 1930 e só após 1945 se estabeleceu no atual endereço. “Nessas alturas o Rádio Clube já tinha envolvido toda a sociedade campo-grandense”, afirma Sidinei.
Assim como outras centenas de pessoas, ele tem uma história à parte com o clube. À frente da presidência desde 2023, Sidinei começou a frequentar o clube como sócio em 1981.
O centenário do clube é um momento de celebração, um marco importante para a Capital. Por acaso, Sidinei fala que a data emblemática colabora com uma feliz coincidência. “Por coincidência se iniciou na minha família, é muito coincidência ter uma Barbosa presidente neste 100º ano”, declara.
O presidente aproveita a oportunidade para fazer um convite ao público. “Vamos encerrar nossas comemorações no dia 31 dezembro e a gente aproveita a oportunidade para convidar toda a sociedade”, destaca.
A data em questão marca a festa de Ano Novo do Rádio Clube, o “Réveillon dos 100 anos", que está com convites à venda no WhatsApp (67) 99111-6093. O evento terá buffet, programação musical e outras atividades.
Segunda Casa - Bailes, formaturas, festas de Carnaval, festa do Hawaii e outros tantos eventos fazem parte da memória daqueles que cresceram no Rádio Clube. Segunda casa de muitos em Campo Grande, o clube entrelaça diversas gerações.
Funcionário público estadual, Othon Barbosa, de 51 anos, começou a frequentar o clube assiduamente aos nove anos, mas desde os três já tinha um título júnior adquirido pelo pai. “Eu comecei jogando tênis e futsal. Quando fiz 16 anos, comecei a praticar o futebol de campo e tô até hoje”, pontua.
As atividades esportivas do Rádio Clube conquistaram não só o Othon, mas também o restante da família. “Eu sempre fui mais pro lado do esporte, minha esposa nadou pela equipe do Rádio muitos anos, foi campeã de natação. As minhas três filhas fizeram karatê, as três campeãs brasileiras”, frisa.
Para ele, o centenário do clube merece todo o reconhecimento público. “Quantas empresas do Brasil tem mais de 100 anos? Hoje nós temos e temos que valorizar muito isso, se empenhar para que isso prossiga, para que outras gerações deem continuidade. [...] A gente que frequenta tem um carinho, é uma segunda extensão da nossa casa, são anos vivendo o clube”, pontua.
Ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal, Ramão Marcondes, de 79 anos, está ligado ao clube desde 1976. “Comecei a frequentar com a família toda, eu só tinha um filho naquela época”, recorda. Rádio Clube e família são quase sinônimos para o advogado que carrega incontáveis lembranças boas no Rádio Clube.
“Meu filho mais velho casou no Rádio Clube, naquela época, o salão era procurado por todas as formaturas, era um espetáculo. Frequentei todos os bailes do Havaí, os carnavais”, conta.
De 1976 a 2024, Ramão diz com orgulho que nunca ficou nenhum ano sem frequentar o lugar que é imensamente estimado. “Hoje o Rádio Clube é uma extensão do lar, porque eu sempre participei de todas as diretorias, fiz muitas amizades que tenho até hoje. É até inexplicável o carinho que eu tenho”, fala.
Sócio e vice-presidente do conselho do clube, Maurinho Breschigliari, se define como um saudosista do Rádio Clube. “Eu adoro, participo bastante”, declara. Assim como os demais, o empresário reforça que o lugar é o mais prestigiado por ele. “O Rádio Clube é minha segunda casa”, frisa.
Hermes Celito Basso, de 71 anos, é mais um que coleciona memórias do clube centenário. O dentista é sócio desde 1994, sendo um dos integrantes do clube de futebol de campo. “Eu tenho o clube como minha segunda família, eu adoro participar de tudo e a maioria são amigos com quem temos relacionamento familiar”, relata.
Há 24 anos, Hermes faz parte da diretoria do clube, sendo que nos últimos anos desempenhou diferentes funções. Atualmente, ele faz parte do conselho fiscal e segue como entusiasta do time de futebol. “Tenho participado praticamente de todos os campeonatos, de todas as copas. Inclusive, fui homenageado na copa de 2017”, expõe.
Entre as histórias que faz questão de compartilhar está a do campeonato onde fez o gol do título. “Minha esposa estava na arquibancada, sai correndo para o lado dela e joguei a aliança. Meu amigo me intitulou com a alcunha de artilheiro do amor, então, lá no Rádio eu sou considerado o artilheiro do amor”, brinca.
Parte da história da Capital, o Rádio Clube marcou época para diversas gerações. Prova disso são as imagens compartilhadas com muita nostalgia em grupos, como o "Anos Dourados Campo Grande-MS", no Faceebook. Na página, seguidores compartilham lembranças que serviram para ilustrar essa reportagem.
O Rádio Clube está localizado na R. Barão do Rio Branco, 1924, Centro.
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