Rastros de sangue levaram polícia a mulher presa por assassinato em motel
Até notas usadas por Fernanda Aparecida da Silva Sylverio tinham manchas de sangue; Daniel Nantes Abuchaim chegou ao local "tranquilo"
Rastros de sangue, encontrados em uma toalha e depois em um motel no Jardim Noroeste, em Campo Grande, levaram o GOI (Grupo de Operações e Investigações) da Polícia Civil a identificar a autora do assassinato de Daniel Nantes Abuchaim, 46, ex-superintendente de Gestão de Informação da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), esclarecido na noite desta terça-feira (20) com a confissão de Fernanda Aparecida da Silva Sylverio, 28. Relatos de testemunhas apontam o nervosismo da autora na chegada ao local do crime, acompanhada, e também na saída, aparentemente sozinha.
Fernanda afirmou às autoridades que cometeu o crime por vingança aos assédios que ela e sua companheira sofreriam de Daniel. O corpo foi encontrado nu na região do Jardim Veraneio, apenas com uma toalha que tinha manchas de sangue e foi o ponto de partida das investigações. Como os pés da vítima também se apresentavam “brancos e rugosos”, as autoridades suspeitaram que ela estivera em um motel.
Autor e vítima chegaram ao estabelecimento por volta das 12h. Conforme funcionários do motel, Fernanda dirigia o automóvel. Ela aparentava estar nervosa e incomodada com carinhos no cabelo que recebia de Daniel, inclusive adentrando o local sem pegar a chave do quarto. Depois, ainda errou o local para onde iria com o acompanhante. Já o homem parecia estar tranquilo.
Fernanda ainda teria questionado se poderia pagar antecipadamente pelo quarto, o que não foi possível porque seria apurado o consumo no quarto. Cerca de 35 minutos depois ela ligou na portaria e pediu a conta, perguntando ainda se poderia comprar uma toalha, pagando ainda pelo consumo de uma garrafa de água mineral sem gás. Além disso, pediu para que o portão fosse deixado aberto para que pudesse sair.
O pagamento foi feito por uma boqueta no apartamento, em três notas de R$ 50. Segundo as testemunhas, a mulher recebeu o troco e questionou se a funcionária do local já havia pego o dinheiro. Na portaria, apenas viu-se o veículo ocupado pela autora deixar o local. Embora os vidros estivessem fechados, uma trabalhadora disse que não conseguiu avistar Daniel no banco de passageiros –solicitando a um segurança que o procurasse no motel.
Cheiro de sangue – A camareira que foi ao apartamento disse que a cama aparentava estar intacta (como se não tivesse sido usada) e que havia um forte cheiro de sangue vindo do chuveiro –o banheiro estava molhado, apontando que havia sido usado–, mas não foram vistas manchas nem no quarto ou no dinheiro. A funcionária disse que o local da boqueta é escuro e, por isso, não notou que tinha sangue no dinheiro. As cédulas foram separadas no caixa.
Cerca de uma hora depois de Fernanda deixar o motel, policiais civis chegaram com uma toalha manchada de sangue, pedindo para a comparar com outra do estabelecimento. Com a constatação de que a mesma pertencia ao estabelecimento, questionaram os funcionários e seguiram para o quarto usado pela autora e a vítima. Lá, vistoria confirmou um pingo de sangue perto da mesa e respingos na pia do banheiro.
Também foi avistada mancha na parede da garagem, levando ao isolamento do local e solicitação para que fosse informada a placa do veículo de Fernanda. Eles informaram também que não ouviram barulhos anormais ou pedidos de socorro vindos do quarto. Câmeras de segurança registraram o momento em que chegaram e saíram, mas o mal posicionamento dos equipamentos impediu que os rostos dos envolvidos fossem registrados.
Confissão – Fernanda foi presa na noite de terça-feira, confessando ter levado Daniel ao motel com a intenção de matá-lo. Ela disse sofrer, junto com a esposa, por parte do ex-superintendente, a quem conhecera há cerca de um ano em uma balada e que insistia em manter relações sexuais com elas –fato que a fizera perder o sono na noite anterior.
A fim de acabar com a situação, decidiu marcar um encontro com a vítima, o que ocorreu no início da tarde de segunda-feira (19) na casa da vítima. De lá, seguiram para o motel. Ela disse que esperou Daniel tomar um banho e o chamou para “fazer sexo no carro”, a fim de facilitar o crime. Ele foi esfaqueado no banco do passageiro, sofrendo golpes na cabeça, pescoço e tórax. Fernanda voltou ao quarto para se limpar do sangue. Segundo o delegado Geraldo Marim, da 3ª Delegacia de Polícia Civil, do motel ela seguiu para uma vicinal às margens da BR-163, onde deixou o corpo.
Depois do crime, ela seguiria para Bela Vista, mas afirmou que se arrependeu e voltou a Campo Grande, sendo presa. O caso é tratado como homicídio doloso (com intenção de matar).