Recém-nascido abandonado no Aero Rancho atrai interesse até de casal nos EUA
Juiza diz que telefone não para de tocar, mas alerta que interessados devem passar por vários procedimentos
“O telefone não para de tocar”. Juíza da Vara da Infância, da Adolescência e do Idoso de Campo Grande, Katy Braun do Prado diz que a situação se repete sempre que um recém-nascido é abandonado, como o recente caso ocorrido ontem (1º) no Aero Rancho. Desta vez, não foi diferente e até um casal dos Estados Unidos entrou em contato, pedido a guarda.
Recém-nascido foi encontrado abandonado dentro de uma caixa de papelão na esquina das ruas Congonhas do Campo e Areia Branca, no Bairro Aero Rancho.
“As pessoas ficam sensibilizadas, se oferecendo para adotar a criança, vira um desespero”, contou a magistrada. O casal americano entrou em contato por meio de parentes que vivem em Mato Grosso do Sul, se oferecendo para adotar o recém-nascido.
Porém, o bebê do sexo masculino ainda não integrou o serviço de acolhimento. O caso dele ainda está sob investigação, já que a Polícia Civil tenta identificar os pais e as circunstâncias do abandono. Além disso, ainda passa por cuidados médicos, em hospital da Capital, embora esteja bem de saúde.
Somente depois desse protocolo é que ele pode ser integrado ao sistema e estar apto para adoção. Porém, a preferência é de uma das 30 mil famílias cadastradas no sistema e que já passaram por todos os procedimentos regulares. “Adoção é procedimento sério, não se faz baseada nas emoções do momento”, alertou Katy Braun.
Os interessados em adotar criança devem procurar a Vara de Infância da sua cidade e, ali, recebem orientações sobre a participação no programa de preparação. Após a capacitação, poderão apresentar pedido formal de habilitação, com os documentos previstos na lei.
A juíza explica, ainda, que os interessados serão avaliados por psicólogos e assistentes sociais para verificar se reúne as condições necessárias para adotar criança. Depois de aprovados, passam a ingressar o SNI (Sistema Nacional de Adoção), por meio do qual serão chamados para adoção, conforme a ordem cronológica de habilitações. “Esse procedimento demora nove meses, uma gestação”, compara.
A partir daí, a demora está relacionada ao perfil pedido pelos pretensos pais. A maioria quer adotar os bebês ou crianças até dois anos. “Se a pessoa quiser grupo de irmãos ou criança com mais de 10 anos, não vai esperar nem um mês”, disse a juíza. Atualmente, há 4225 crianças adotáveis no Brasil, 107 em Mato Grosso do Sul.
Entrega – Katy Braun também chama atenção para o apoio que existe para àquelas que querem entregar a criança para adoção. Na gestação ou após o parto, a mulher pode entrar em contato com Conselho Tutelar, Fórum, assistente social no hospital ou na rede pública de saúde.
Mesmo depois desse contato, a mulher pode desistir do procedimento. “Não é porque procura que vai ser obrigada a seguir adiante”, disse a magistrada, explicando que metade acaba desistindo. “Muitas vezes a situação de desespero que a levou a isso é contornada e ela não entrega”.
Em caso de entrega para adoção, existe o sigilo do parto, em que a mulher tem garantido que a informação do procedimento não é repassada. A criança tem acesso aos dados, caso se interesse em procurar pela genitora no futuro.
Serviço - Quem estiver interessado em ingressar no programa de adoção, deve entrar em contato com a Vara da Infância, da Juventude e do Idoso pelo 3317-3444 e passar pelo CPA (Curso de Preparação à Adoção).
Doações - O GEAAV (Grupo de Apoio à Adoção Vida) está arrecadando roupas, fraldas e materiais de higiene. As doações podem ser entregues para Priscila no Hospital Regional, localizado na Avenida Engenheiro Lutero Lopes, n° 36, no Jardim Aero Rancho.