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Capital

Recusado em hospital, paciente psiquiátrico está há 2 meses sem ter para onde ir

Ele chegou a ficar 10 anos internado no Nosso Lar, saiu para tratar pneumonia e não consegue retornar

Por Cassia Modena | 30/01/2024 10:40
Paciente tem 35 anos e atualmente não anda e não fala (Foto: arquivo da família)
Paciente tem 35 anos e atualmente não anda e não fala (Foto: arquivo da família)

Como mãe de um paciente psiquiátrico com transtornos graves, Eliza Helena Cebalho Mendes diz que enfrenta desafio atrás de desafio, há mais de 30 anos, para tentar garantir o melhor tratamento ao filho na rede pública de Campo Grande.

O mais atual é transferi-lo do Hospital Adventista do Pênfigo para onde possa receber tratamento psiquiátrico e cuidados paliativos. Antes, ele estava internado no Hospital Nosso Lar, de onde saiu já intubado em outubro do ano passado para tratar uma pneumonia.

A alta da instituição adventista foi dada em novembro porque a pneumonia foi curada, mas o paciente segue na enfermaria, porque o Nosso Lar não o aceita de volta. Já se passaram cerca de dois meses e nada de ele voltar para o tratamento ou ser levado para outra unidade de internação.

"Jogaram aqui e não aceitam de volta", diz Eliza, acusando o Nosso Lar de se negar a removê-lo do Pênfigo. A mulher também reclama estar insatisfeita com o tratamento dado ao filho ao longo de mais de 10 anos de internação psiquiátrica no local.

O paciente é Maximiliano Echeverria. Ele tem os diagnósticos de esquizofrenia, autismo e retardo mental grave, conta Eliza. Atualmente, não anda e não fala devido às sequelas de uma queda sofrida há dois anos no Nosso Lar, também de acordo com a mãe, o que provocou um traumatismo craniano.

Ação judicial - Diante da demora, Eliza move uma ação judicial em que pede para a Prefeitura de Campo Grande providenciar o retorno ao Nosso Lar ou outra instituição que o atenda pelo SUS (Sistema Único de Saúde), considerando ainda alguma da rede particular que possa ser paga pelo Município.

A Justiça Estadual deferiu o pedido em 5 de novembro do ano passado, em caráter liminar. O prazo de 15 dias foi dado, sob pena de multa diária de R$ 5 mil à prefeitura. Não houve cumprimento até agora.

Questionada pela reportagem o porquê de Maximiliano seguir no Pênfigo e não ter sido transferido até agora, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) esclareceu que laudo do Hospital Nosso Lar aponta que o paciente não tem mais indicação clínica para internação em nenhuma instituição. "Este não é o quadro, uma vez que não há perspectiva de evolução clínica, sendo assim necessários cuidados paliativos que devem ser feitos em domicílio", afirmou.

A Sesau acrescentou que a Lei Federal nº 10.216, de 2001, determina que o tempo de internação de um paciente psiquiátrico não deve ultrapassar os 30 dias corridos, sendo este reintegrado à sociedade. Somente em caso de necessidade, haverá uma nova internação.

O Hospital Nosso Lar também foi contatado para comentar o caso, mas não enviou retorno até o fechamento desta matéria.

Vai insistir - Eliza falou ao Campo Grande News que não tem condições financeiras de cuidar do filho em casa, sendo que já cuida da mãe de 80 anos, acamada, e não consegue trabalhar desde que Maximiliano era criança.

A mãe diz que vai insistir para que a ação judicial resulte no Município ser obrigado a providenciar os cuidados necessários em uma residência terapêutica do SUS ou da rede particular. "Não temos como cuidar dele em casa. Minha filha deixou de trabalhar para ajudar a cuidar da avó. Sem condição nenhuma", repete.

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