Réu por espancar e atropelar ex-esposa enfrenta júri só de mulheres
Gustavo Portilho Soares tentou assassinar a ex-mulher em novembro de 2017 com golpes de pé de cabra. Júri é formado apenas por mulheres no dia nacional do combate à violência contra a mulher
No Dia Nacional do Combate à Violência contra a Mulher, Gustavo Portilho Soares, réu por tentativa de feminicídio contra a ex-mulher, Bruna Oliveira Soares, é ouvido pela 2ª Vara do Tribunal do Júri, composto apenas por mulheres. Gustavo tentou matar Bruna com golpes de capacete e pé de cabra, além de ter atropelado a vítima.
Ele é julgado com agravantes de motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima, segundo a denúncia apresentada pelo MPMS (Ministério Público Estadual). Bruna teve um dos braços fraturados, sofreu contusão no outro, sofreu três cortes na cabeça e teve traumatismo craniano, além de várias lesões e fraturas.
Hoje, ela percorre o Estado dando palestras sobre violência contra a mulher. A subsecretária de políticas públicas para as mulheres, Luciana Azambuja, acompanha o caso. “É uma coincidência muito grande e feliz, porque a data foi instituída em São Paulo, mas pode virar um marco para Mato Grosso do Sul dependendo do resultado de hoje, que nós esperamos que seja bem rigoroso”, comentou.
A subsecretária ressaltou que Bruna viveu um relacionamento abusivo. “Ela só percebeu isso quando estava na maca do hospital. Bruna foi uma vítima e hoje é uma sobrevivente. Hoje é um dia de reflexão a algo que não tem justificativa, a agressão a Bruna foi uma agressão a todas nós”, concluiu.
Vítima – Bruna explicou ao júri que estava separada do autor do crime há mais de um mês e que “estava conhecendo um rapaz”. “Quando eu saí, eu lembro que manchei quase todos os portões da rua de sangue porque estava pedindo socorro, mas não saiu ninguém, hora que eu estava voltando eu caí em cima do meu braço quebrado e ele me chutando e depois saiu na moto de novo”, relatou.
A vítima afirmou ter corrido até a frente de um mercado quando Gustavo a atropelou e continuou a chutá-la. “Ai eu desisti, parei de tentar me defender porque eu vi que ele não ia parar, fechei o olho e deixei ele bater”.
Réu - A todo momento, Gustavo encarava Bruna, o que motivou questionamento da defensora da vítima. Perante o Júri, ele declarou “estar muito arrependido” e pediu perdão à família da vítima.
“Estou muito arrependido pelo sofrimento que causei, minha mãe está sofrendo muito e meu pai tem problema de coração, a família dela que sempre me tratou muito bem eu peço perdão e a ela, que eu tanto amei durante anos. Hoje estou numa cela evangélica, me converti e só posso pedir perdão”, afirmou.
Gustavo afirmou que nunca teve intenção de bater na esposa. Ele afirma ter sofrido um “surto”, ao ver a ex-esposa com outro homem na casa. Ele declarou que foi até a casa da ex-mulher por ter “combinado” com ela.
“Eu estava na casa da minha irmã e fui para lá pra dormir com ela. Abri o portão e quando cheguei na porta do quarto estava encostada, chamei ela por amor e ela falou que era melhor eu não entrar. Quando entrei estava ela com roupa de dormir e o cara de cueca, foi a pior visão da minha vida. Isso foi vingança porque ela sabia que eu estava me relacionando com uma mulher do meu serviço. Eu não aguentei quando vi aquele moleque dormindo com quem eu mais amei na vida”, declarou.
O réu ainda negou que o crime ocorreu por não aceitar o fim do relacionamento. Ele ainda comentou que se o motivo fosse esse “já teria agredido uma semana antes”. “Minha intenção não era agredir ela, mas ela defendeu ele e eu fiquei louco”.
Promotor do caso, Douglas Oldegardo afirma que o caso “é uma barbárie” e pontuou que a história contada por Gustavo não é verdadeira. “Será que ela era tão jumenta assim de ter combinado de dormir com ele e ter levado o namorado em casa? Tem um nariz de palhaço em nossas caras?”, questionou.
Prisão – Gustavo está preso desde a data do crime, quando invadiu a casa da ex-mulher por volta das 4h30 no dia 4 de novembro de 2017, na Rua Campina Nova, bairro Ramez Tebet. O autor tem passagens por lesão corporal, ameaça e desacato. Em 2011, ele ameaçou a ex-namorada na porta do serviço por não aceitar o término, e ela teve que pedir medida