Saúde mental de Zeolla acirra embate entre defesa e acusação durante júri
Defesa e acusação mobilizaram os debates no julgamento do procurador Carlos Alberto Zeolla, 46 anos, em torno da saúde mental do réu e da capacidade dele de discernir o que fez, no dia 3 de março de 2009, quando matou o sobrinho, Cláudio Alexander Zeolla, de 23 anos, com um tiro pelas costas.
Para a a acusação, a cargo do promotor Fernando Zaupa, Zeolla é imputável, ou seja, tem conhecimento do que fazia e pode ser responsabilizado pelo crime. Segundo ele, durante interrogatório de meia hora Zeolla fez uma narrativa antes e depois do crime e falou de forma lúcida sobre como aconteceram os fatos.
O promotor disse que foi um crime premeditado, em que o acusado "atocaiou" a vítima. Segundo ele, Zeolla sabia que ia cometer o homicídio. No dia, ele levou uma roupa no carro para trocar depois. O acusado sabia que ia sujar a roupa de sangue, por causa do disparo à queima-roupa.
“Ele orientou o motorista para levá-lo até saída para Três Lagoas, jogou a arma no córrego e cinco projéteis que não foram usados”, disse. Conforme o promotor, o réu tem consciência do que fez.
“O réu estava pensando na forma de concretizar a morte da vítima, um ato premeditado, sabia das consequências”. O promotor ainda argumentou, que, conforme testemunhas, a todo instante o réu se mostrava calmo no dia do crime. “Ele não estava tomado de emoção, afirma o promotor Fernando.
Defesa - Do lado contrário, o advogado de defesa Ricardo Trad, argumenta dizendo que o crime foi uma tragédia no lar de Zeolla. Conforme o advogado, o procurador sempre foi um homem bom, competente, dedicado e foi arrastado à prática do crime.
Trad lembrou que o pai de Zeolla, Américo Zeolla, de 87 anos, foi vítima de agressão pelo neto, um jovem corpulento que, conforme o depoimento do procurador, tomava anabolizantes.
Ele pediu para as pessoas presentes no julgamento que se colocasse no lugar do Zeolla, de ter um pai octogenário agredido. Segundo ele, Zeolla perdeu o domínio emocional.
“É um crime que teve caráter passional, quando a pessoa é tomada de tamanha paixão e emoção e age com violência", argumentou Ricardo Trad. O advogado lembrou que um dia antes do crime o pai de Zeolla chorava muito e teve uma crise hipertensiva.
“A circunstância levou ele agir dessa forma, esse processo tem dois protagonistas o acusado e a vítima. A vítima o arrastou para a prática do crime”.
Emoção–Por duas vezes se emocionou com a fala do Ricardo Trad. A primeira, quando o advogado lembrou que Zeolla tentou se suicidar após o crime, quando ainda estava no Garras (Grupo Armado de Repressão e Resgate a Assaltos e Sequestros).
A segunda foi quando o advogado leu uma carta que ele escreveu para o pai.
Laudos - Dos cinco laudos, dois apontam Zeolla como incapaz, dois semi imputável, e um como imputável.
Ricardo Trad reclamou que o promotor ao fazer a representação focou apenas no laudo que ele é imputável.
Ricardo reclamou também que o promotor só se deteve no crime, e não detalhou os fatos que o antecederam. Segundo o laudo do médico Pedro Rippel, ele sofreu três isquemias cerebrais, o quadro clinico dele é compatível com demência e delírio.
Em depoimento a ex-mulher de Zeolla, Cenise Chacha, disse que a partir das isquemias, ele começou a se perder pela cidade, tinha depressão, gastos excessivos, e falava em suicídio. A defesa lembrou que ele está interditado judicialmente, portando, não é responsável por si.
O júri começou às 8h e teve 8 testemunhas no plenário. Quatro e mulheres e 3 homens vão julgar se Zeolla deve ser punido pelo crime. Depois, o juiz decidirá a pena, ou declarará a absolvição, dependendo do resultado apontado pelos jurados.