Sem ajuda do Poder Público, Hospital de Barretos na Capital pode fechar
O Instituto de Prevenção Antônio Morais dos Santos, unidade em Campo Grande do Hospital de Câncer de Barretos, será fechado caso a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) da Capital e a SES (Secretaria de Estado de Saúde) não celebrem convênio para aporte de recursos no sentido de garantir a manutenção da unidade. Atualmente, a instituição passa por dificuldades financeiras e tem deficit mensal de R$ 350 mil relativos aos serviços de mama e colo do útero.
Para acelerar o processo de parceria entre o hospital e as secretarias de Saúde de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul, o MPE (Ministério Público do Estado), por meio da promotora Filomena Fluminhan, titular da 32ª Promotoria de Justiça, instaurou inquérito civil que apura a necessidade e viabilidade de implementação do convênio.
Na unidade da Capital são feitos exames de cânceres de mama e útero e oferecido tratamento. Por mês, aproximadamente quatro mil exames são feitos no local, cerca de 210 por dia.
Conforme a promotora, Campo Grande é uma das capitais com o mais alto índice de câncer de útero, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Já Mato Grosso do Sul é o estado que mais envia pacientes para Barretos (SP).
Dificuldade – Filomena informa que foi procurada pela direção do hospital no dia 14 de junho. A equipe alega enfrentar dificuldade financeira para manter a unidade em Campo Grande e por isso o local está em vias de ser fechado.
Considerando a necessidade do serviço, em razão do alto índice de câncer de mama e de colo de útero no Estado de Mato Grosso do Sul, bem como em decorrência da cobertura dos serviços não alcançar a meta de 70%, recomendada pelo Ministério da Saúde, a promotora instaurou o inquérito.
A previsão para este ano do risco a nível nacional de incidência de câncer do colo do útero é de 15,85% em cada cem mil mulheres, sendo que em MS é de 26,73%. Já o risco Brasil para o câncer de mama é de 56,20% num grupo de cem mil mulheres e em Mato Grosso do Sul 62,23%.
“Há necessidade da prestação desses serviços às mulheres aqui no nosso Estado. Com o convênio firmado, serão executadas medidas de proteção e prevenção para as mulheres por meio de trabalho de divulgação. Isso pode evitar que mais mulheres sejam diagnosticadas com os cânceres e o governo gaste com internações, tratamento”, esclarece Filomena.
De acordo com a promotora, o município terá de arcar com cerca de R$ 48 mil mensais, por exemplo. Valor semelhante pouco maior que este deverá ser investido pelo governo.
Vale lembrar que os serviços prestados na unidade do Hospital de Câncer de Barretos em Campo Grande são feitos 100% pelo SUS (Sistema Único de Saúde) há aproximadamente três anos.
De janeiro a dezembro de 2014 foram feitos 32.754 atendimentos à população e em 2015, 47.471. Foram constatados 14 casos de câncer de colo do útero invasivos e 154 neoplasias intra-epiteliais de alto grau no ano retrasado, bem como 49 invasivos e 138 neoplasias intra-epiteliais de alto grau ano passado. Em relação aos casos de câncer de mama, foram constatados 100 em 2014 e 153 no ano passado.
Estrutura – A unidade de prevenção de Campo Grande foi inaugurada em agosto de 2013, com a finalidade de oferecer diagnóstico precoce e prevenção de câncer à população de Grosso do Sul. Foi construída com recursos doados pelo empresário Antônio de Morais dos Santos, sendo composta por uma unidade fixa e outra móvel (carreta).
O Instituto de Prevenção Antônio Morais dos Santos dispõe de uma área de 2016 m² construída e iniciou suas atividades em fevereiro de 2014 oferecendo exames de rastreamento de câncer de mama e colo uterino. A unidade possui capacidade para realização de 100 mamografias (unidade fixa e móvel), 30 ultrassonografias de mama e 150 coletas de citologia cérvico-vaginal.
Também são oferecidos os seguintes procedimentos: estereotaxia (realizada em mesa apropriada), biópsia de fragmentos (core biopsy), biópsia cirúrgica de mama, colposcopia, biópsias de colo, vagina e vulva, além de conização com CAF (cirurgia de alta frequência). A partir de 2014, começaram a ser disponibilizados exames de endoscopia, colonoscopia, ultrassonografia de próstata, com biópsia guiada e exérese de lesões suspeitas de pele.
A unidade móvel tem como objetivo percorrer os bairros de Campo Grande, a fim de realizar busca ativa de mulheres que se encaixem na população alvo para diagnóstico precoce de câncer. Está equipada com um mamógrafo digital, sala para coleta de citologia cérvico-vaginal e sala de pequena cirurgia. A instituição fica na avenida Vereador Thyrson de Almeida, 3.115, bairro Aero Rancho.
Em contato com a Sesau, a reportagem foi informada que a unidade é de extrema importância para a saúde da população campo-grandense e que existem questões técnicas em relação aos repasses. As questões burocráticas estão sendo analisados em conjunto com o Conselho Municipal de Saúde, inclusive o órgão vai debater o convênio nesta quarta-feira (29).
A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com as assessorias de imprensa do Hospital de Câncer de Barretos e da SES para saber a respeito do convênio e possível fechamento da unidade na Capital, porém não obteve respostas.