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Capital

Sem aumento de efetivo, Exército planeja ações com polícias na fronteira

Segundo secretário José Carlos Barbosa, Estado e Forças Armadas já se reuniram para definir ações iniciais nas divisas com Paraguai e Bolívia: objetivo é aumentar fiscalização na chamada 'área seca'

Rafael Ribeiro | 02/02/2017 12:08
Cidade com 'fronteira seca' (Brasil e Paraguai dividem a mesma avenida), Ponta Porã terá operações (Foto: Lécio Aguilera)
Cidade com 'fronteira seca' (Brasil e Paraguai dividem a mesma avenida), Ponta Porã terá operações (Foto: Lécio Aguilera)
Jungmann visitou Dourados: promessa de presença militar fixa nas fronteiras (Foto: Hélio de Freitas)
Jungmann visitou Dourados: promessa de presença militar fixa nas fronteiras (Foto: Hélio de Freitas)

Cerca de 15 dias após o presidente Michel Temer (PMDB) prometer à então governadora em exercício Rose Modesto (PSDB) que cumpriria o pedido de envio das Forças Armadas para ajuda na proteção das fronteiras com Paraguai e Bolívia, o Exército traça junto do Governo Estadual um plano de ação conjunto mesmo com a falta de reforço de efetivo necessária.

Segundo apurou o Campo Grande News, o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, acertou com o CMO (Comando Militar do Oeste), responsável pelo Mato Grosso do Sul, operações pontuais, principalmente em trechos de fronteira seca e com uso das polícias Militar e Civil.

“É o que temos de concreto por enquanto. Serão operações pontuais, junto com nosso aparato policial, mas ainda sem datas marcadas para começarem”, disse o secretário, por telefone.


O uso do efetivo militar local, autorizado pelo ministro da Defesa Raul Jungmann, cumpriria, em partes, o plano de vigilância permanente do Exército prometido, mas que teria um prazo de até um ano para ser iniciado. As operações, vislumbra Barbosa, teriam como alvo carregamentos de drogas e armas que abasteceriam, principalmente, as facções criminosas na região Sudeste.


“Até que se defina isso (efetivo fixo do Exército), as operações acontecerão”, completou Barbosa.

Mato Grosso do Sul tem cerca de 1500 km dos 16 mil km de extensão da fronteira brasileira com os países sul-americanos. Dessa área, segundo a Sejusp, mais de 500 km são da chamada 'fronteira seca', onde não existem postos de controle para entrada e saída do País.

Cobrança – Maior participação federal no controle das fronteiras é uma das bandeiras mais reivindicadas pelo secretário sul-mato-grossense e alvo de um encontro com os responsáveis pela segurança dos vizinhos Mato Grosso e Paraná na última semana.


A criação de núcleos conjuntos para reivindicações faz parte de um Plano Nacional de Segurança Pública anunciado por Temer. Barrar a entrada de drogas e armas é apontado pelo pacto como uma forma de enfraquecer as facções criminosas e encerrar a série de rebeliões nos presídios brasileiros que já deixou mais de 130 pessoas mortas desde o início do ano. O Estado teve quatro vítimas fatais em suas penitenciárias.


“É uma unanimidade que o Brasil abriu suas fronteiras, relegou aos estados a responsabilidade da segurança. E não há como combater o crime organizado sem reforçar a fronteira. Temos muitos aspectos culturais positivos com os vizinhos, mas há o lado negativo, da entrada de drogas e armas”, disse Barbosa antes do encontro.


Segundo dados da Sejusp, o Estado tem hoje cerca de 7,5 mil presos por tráfico, número 394% maior que em 2006. "O Brasil não produz maconha em grande escala, coceira. Tráfico é um crime transnacional. E seus preços custam R$ 126 milhões por ano ao Estado. O governo federal tem que arcar com esse gasto. Precisamos de mais recurso e menos discurso", afirmou o secretário.


A partir do próximo dia 16, Mato Grosso do Sul inicia o compartilhamento de seus dados de segurança com os estados vizinhos e não está descartada a participação deles nas operações que estão sendo planejadas em conjunto.


Além da ampliação da presença das Forças Armadas, a União promete melhorar o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira). Em visita a Dourados (233km de Campo Grande), em janeiro, Jungmann prometeu investimentos de até R$ 470 milhões no sistema neste ano.


Na ocasião, o ministro também falou sobre a presença das Forças Armadas na fronteira de Mato Grosso do Sul. Conforme Jungmann, "quando houver determinação e recurso, o exército estará pronto para atender determinação e ocupar as fronteiras."

*Matéria editada para correção de informação às 12h39. São 1500 km de fronteira e 500 de fronteira seca e não 400 km e 250 km. 

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