Sem chegadas e partidas, rodoviária fechada surpreende desavisados
Terminal rodoviário está "fechado" temporariamente, como parte da quarentena definida pela prefeitura de Campo Grande
Sem saber o que vão fazer agora, dois haitianos eram a imagem da surpresa e desolação de quem foi ao Terminal Rodoviário Antônio Mendes Canale, em Campo Grande, e achou tudo fechado. Nenhum ônibus entra, nenhum sai, como parte da quarentena imposta pela prefeitura de Campo Grande na tentativa de frear a disseminação do novo coronavírus.
O terminal está fechado desde a zero hora de hoje. Na frente, cavaletes e faixas de isolamento. Também há um funcionário e guarda civil municipal orientando as pessoas.
No mais, o prédio sempre movimentado de chegadas e partidas está vazio, a não ser os poucos desavisados que não sabiam do veto às viagens de ônibus.
A reportagem encontrou quatro pessoas quando esteve por lá. Dos dois haitianos, um topou falar, sem dar o nome. O local chega a receber, em épocas de grande movimento, mais de 30 mil pessoas num fim de semana.
Soldador de 39 anos, ele mora no Chile e estava a caminho do Rio Grande do Sul, para buscar o filho. Não sabia da rodoviária fechada. “Agora eu não sei, tenho que ver quando liberar”, resignou-se.
O problema, comentou, é que a reserva de dinheiro que tem agora vai ter de usar para comer e achar um lugar para ficar. “É esperar em Deus”, resumiu.
O motorista Reinaldo Gonçalves, 58 anos, mora em Campo Grande, no Bairro Pioneiros, e trabalha em Camapuã, a 133 quilômetros de distância. Disse ter comprado passagem de volta no domingo, um dia após a prefeitura ter anunciado a medida restritiva contra o avanço do coronavírus. “Ninguém me avisou”, queixou-se.
“Era para ter ido ontem e não fui”, preocupa-se. A recomendação recebida do funcionário presente ao local é pedir ressarcimento na sede da empresa responsável pela linha,
E agora ? - O pintor Vagner Mendes de Oliveira, 22, pintor, mora em Maracaju, a 166 quilômetros da Capita, e veio “ver um serviço”, como definiu. Não deu certo e ele teria de voltar para casa, mas agora não consegue.
“Não tenho onde ficar”, contou. Disse ter tentado bater à porta de uma amiga, sem êxito. “Vou tentar resolver a situação”, afirmou, sem muito ânimo diante do imponderável.
O fechamento da rodoviária, segundo as regras determinadas pela prefeitura, é por vinte dias.