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Capital

Sem moradia adequada, famílias temem ficar sem luz em favela

Alan Diógenes | 02/08/2014 09:38
Olhando para o futuro, morador espera encontrar uma esperança para as dificuldades que enfrenta. (Foto: Pedro Peralta)
Olhando para o futuro, morador espera encontrar uma esperança para as dificuldades que enfrenta. (Foto: Pedro Peralta)

Além de residirem em moradias precárias, moradores da favela Cidade de Deus, no Bairro Dom Antônio Barbosa, em Campo Grande, temem ficar no escuro. Na semana passada, a Enersul iniciou uma ação para acabar com os "gatos", como são conhecidas as ligações irregulares de energia. As famílias até pediram socorro à Prefeitura da Capital para voltar a ter direito ao benefício.

Guilherme Rodrigues, 23 anos, contou que quase teve a energia desligada pela equipe da Enersul. O fato só não ocorreu, porque ele interveio e os funcionários da empresa desistiram de concluir o trabalho. “Tenho apenas um bico de luz na minha casa e não gasto muita energia. Tenho certeza que não estamos dando prejuízo para a Enersul, por que somos minoria. Eles recebem tanto dinheiro da população de Campo Grande, que mesmo a gente não pagando a energia, eles terão um grande lucro”, justificou-se.

De acordo com o morador, a prefeitura deveria intervir na decisão da Enersul em desligar as ligações irregulares, mas não fez nada, porque não quer arcar com o custo de energia de quem não têm como pagar a conta. “Eles não fizeram nada porque não queriam pagar do bolso deles a nossa luz. O dinheiro que é embolsado por esses políticos poderiam servir para nos tirar dessas condições. Só estamos aqui por que não temos onde morar, ainda por cima eles vem e cortam nossa energia. Mas é assim mesmo, para ajudar eles não fazem nada”, explicou.

Hevelin Oliveira da Silva, 18 anos, contou que tem dificuldade de cuidar do filho sem energia elétrica. “Não consigo dar banho no meu filho e nem fazer comida no escuro. Aqui aparecem muitos insetos, eu mesma já encontrei até escorpião. Sem luz eu tenho medo de pisar em algum”, salientou.

Outro receio da jovem é de que aconteça um acidente devido às instalações inadequadas no local. “Como você pode ver todas as casas estão com fios desencapados. Qualquer dia desses pode dar um curto circuito e queimar tudo. Precisamos que o prefeito olhe para nós, não queremos viver desse jeito, mas é o único jeito que temos de viver”, finalizou.

Ainda falando da falta de ajuda por parte da gestão municipal, a dona de casa Leidiane Ortiz Martinez, 21 anos, ficou emocionada ao dizer que muitas vezes não conseguiu nem atendimento médico para a filha de 2 anos no posto de saúde do bairro. Segundo ela, as funcionárias da unidade nem quiseram atende-la quando ela disse que morava na Cidade de Deus.

“Elas não quiseram nem me atender na recepção, quando eu disse que morava aqui. Falaram que é por que eu não tinha endereço fixo. E daí, eu sou cidadã e também mereço ter atendimento de saúde, ou vou deixar minha filha morrer em casa”, desabafou Leidiane.

O secretário de Administração, Waltemir Brito, foi procurado pelo Campo Grande News, para informar qual é o prazo da apresentação de uma solução para os problemas dos moradores da favela, mas não atendeu a equipe nem retornou às ligações.

A maioria dos barracos têm ligações irregulares. (Foto: Pedro Peralta)
A maioria dos barracos têm ligações irregulares. (Foto: Pedro Peralta)
Leidiane disse que não consegue atendimento para a filha no posto de saúde próximo. (Foto: Pedro Peralta)
Leidiane disse que não consegue atendimento para a filha no posto de saúde próximo. (Foto: Pedro Peralta)
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