Sem negociação, comerciante é surpreendido com despejo na calçada
Homem aluga sala desde 2000, mas usava espaço ao lado como deposito de sapataria
Responsável por uma sapataria que funcionava em uma das salas desocupadas no prédio da antiga rodoviária, na região da Rua Barão do Rio Branco, Centro da Capital, o comerciante Jamalci Leite Campero, de 79 anos, foi surpreendido nesta quarta-feira (17) ao chegar para trabalhar. Ao lado da esposa, de 65 anos, o idoso encontrou parte dos materiais de trabalho jogados na calçada do estabelecimento.
O despejo chamou atenção de quem passava pelo local e até mesmo de outros lojistas do prédio. “Na verdade a gente usava essa sala apenas como deposito. Há seis anos, o antigo sindico, permitiu que o local fosse ocupado pela gente, já que estava parado”, revelou o comerciante, que também aluga uma das salas do prédio desde 2000.
Segundo ele, há um mês, a atual sindica chegou a procurar pelo casal para conversar e avisar que o dono da sala usada como deposito queria reassumir o local, porém, não conseguiu encontrar um novo espaço. Sem novo aviso, na madrugada de ontem (16), funcionários da sindica teriam retirado a fechadura do salão. Sem saber o que aconteceria, Jamalci afirma ter ido embora sem se preocupar.
Elza Ichi, esposa de Jamalci, a atitude foi desnecessária. “Não estamos nos negando a sair, mas nenhum tipo de notificação ou documento foi nos apresentado. Se o dono pediu, vamos sair, mas precisamos de um tempo”, relatou. Ainda segundo ela, o marido enfrenta problemas de saúde e, recentemente, precisou ser hospitalizado, o que dificultou ainda mais a procura por um outro lugar.
Ao Campo Grande News, a sindica do prédio, Rosane Mely Lima, contou que já vinha conversando com o casal há pelo menos 5 meses e confessou que o pedido de despejo partiu dela. “Eu vi que tinha muita coisa da sapataria, muito lixo”, revelou. Ainda segundo ela, o alvará do local foi recém-renovado pelo Corpo de Bombeiros e, uma das exigência firmadas, seria a desocupação de salas sem funcionamento.
Após se atentar para a situação do comércio, Rosane conta que entrou em contato com o proprietário e ele mesmo teria solicitado pegar de volta. A sindica afirma ainda que conversou mais de uma vez com o casal, inclusive na última sexta-feira (12), mas isso foi rebatido pelos comerciantes. Ainda segundo Jamalci, uma tentativa de negociação tentou ser feita com o proprietário, mas não seguiu. "Avisei que eu alugaria, melhor eu estar cuidando do que o lugar ser depredado".
Equipe da Polícia Militar foi acionada e acompanhava a movimentação no local. Lojistas, que não quiseram se identificar, afirmam ser contrários a ação. Segundo eles, a mesma seria “autoritária”, não mantendo uma relação saudável com os lojistas. “Ela acha que manda em todos nós. Não tem loja, é apenas sindica, e acha que é dona do prédio” conta um trabalhador.
O casal também foi defendido pelos comerciantes. “Todos estão revoltados com essa situação. O senhor tem problema de saúde e mesmo assim trabalha. Ele depende do espaço para trabalhar”, pontou uma lojista.