Sem transporte escolar, pais fecham escola e diretora vai à polícia
A falta de transporte escolar para parte dos alunos levou pais a bloquearem a entrada da Escola Municipal Agrícola Governador Arnaldo Estevão de Figueiredo, localizada na MS-040, em Campo Grande. O protesto, feito na segunda-feira (31), virou caso de polícia nesta terça (1º).
Isto porque a diretoria da escola registrou boletim de ocorrência por preservação de direito contra os pais, após a manifestação. Oficialmente, a Prefeitura informa que o transporte dos alunos foi retomado, mas os familiares dos estudantes prometem novos protestos se a medida não for efetivada, já que desde o dia 18 de outubro um dos 14 ônibus que atendem o colégio não estava rodando.
No boletim de ocorrência, a diretora Regina Valiente, 46 anos, conta que os pais impediram a entrada de alunos na escola. Segundo ela, os pais exigiam uma providência da prefeitura quanto à falta de um ônibus para levar alunos que moram em áreas rurais para escola.
No boletim, a diretora reclama que “a Secretaria de Educação já havia comunicado antecipadamente aos pais sobre este acontecimento e que um novo ônibus já estaria sendo providenciado”.
Ocorre que no registro, a própria diretora conta que os alunos estavam sem transporte desde o dia 18 de outubro e que havia combinado com os pais que, se até ontem (31) o problema não fosse resolvido, a direção iria acompanhar os pais até a Semed (Secretaria Municipal de Educação) para maiores esclarecimentos.
Além da "corrente humana" na entrada da escola, os pais usaram veículos para fechar a entrada da escola. A manifestação durou cerca de duas e, durante todo esse tempo, a diretora reclama que os alunos ficaram sem acesso a água, banheiro e alimentação. À polícia, a diretora deu os nomes de cinco pais que lideraram a manifestação.
O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura. A informação é de que o transporte dos alunos voltou ao normal nesta terça.
Boa escola sucateada - O Campo Grande News foi até escola nesta manhã, mas a direção impediu a entrada da equipe de reportagem no local. No entanto, estudantes contaram que, além da falta de transporte para alguns deles, a escola também tem problemas estruturais.
"Temos carteiras quebradas, banheiros que não funcionam. Como ficamos aqui o dia inteiro, às vezes precisamos tomar banho, mas o chuveiro não funciona", contaram os estudantes, que terão as identidades preservadas por serem menores de 18 anos.
Mesmo com todos estes problemas, com cerca de 300 alunos matriculados, a Escola Agrícola Governador Arnaldo Estevão Figueiredo é uma das 10 melhores instituições agrícolas do país.
Em uma área de 148 hectares com aviário, bovinocultura, cozinha experimental, horta orgânica e suinocultura, não há tempo para descanso, em todo momento os estudantes participam de inúmeras atividades, onde são estimulados a criarem responsabilidade.
Além de atividades do campo, as aulas são pensadas para que os alunos se desenvolvam em várias áreas de atuação.
Para os alunos que cursam a partir do sexto ano, as atividades são desenvolvidas além da sala de aula, são eles que tiram o leite que é usado para a produção de queijo e outros derivados, que são feitos ali mesmo em uma cozinha experimental, onde eles produzem vários tipos de alimentos.
Os educadores trabalham com uma pedagógica diferente da convencional, onde fomentam o aprendizado entrelaçados entre teoria e prática. A equipe de professores tem formação específica, agrônomo, veterinário, zootecnista, biólogos e técnicos em agropecuária.