Sem vaga em hospitais, artista plástico espera por transferência há 48 horas
Levi Batista é o autor das obras presentes na Praça Pantaneira, em Campo Grande
O artista plástico Levi Batista, de 60 anos, aguarda há cerca de 48 horas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Aero Rancho, em Campo Grande. Ele aguarda pela transferência para um hospital. Ele possui doença de Chagas e sofre com crises de embolia pulmonar e pneumonia.
O artista é responsável por diversas obras na Capital, inclusive, as que estão presentes na Praça Pantaneira, localizada no cruzamento das ruas Barão do Rio Branco e 25 de Dezembro, ao lado da Prefeitura de Campo Grande.
A doença de Chagas aposentou precocemente o artista, que foi proibido pelos médicos de fazer esforço físico. No fim do ano passado, inclusive, precisou rifar a obra de uma onça-pintada de 1,60 metros, para pagar tratamento de saúde.
De acordo com a esposa de Levi, a dona de casa Tônia Regina Brito do Nascimento, 55 anos, ele não dorme há 12 dias por causa das fortes dores. “Passaram medicamentos, mas não estão resolvendo, ele está gritando de dor”, apontou.
Os dois foram para a UPA na segunda-feira (6) e, desde então, Tônia não conseguiu voltar para casa para dormir ou tomar banho. “Só me deram uma cadeira de fio para dormir, mas está estourada”.
Ela informou ainda que Levi tem um exame marcado para sexta-feira (10), mas foi informada na unidade que não há ambulância disponível para realizar o transporte.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou em nota que Levi está em processo de regulação, mas que ainda não há previsão para a transferência. “Assim que houver disponibilidade de vaga ele será transferido”.
Personalidade da Capital - A fachada da casa onde a família de Levi mora já foi tema do Lado B, com a calçada repleta de animais do cerrado na Rua Clevelândia. Na ocasião, Levi explicou que foi criado na roça e por isso, gosta de reproduzir os bichos com quem cresceu.
“Eu sou autodidata, nunca frequentei a escola e a arte foi algo que descobri. Minha mãe era lavadeira de roupa, íamos para a beira do corgo e tinha muita argila. Eu fazia cavalinho, bolinha de gude, pegava a bucha verde, fazia o rabinho, as pernas”, relatou.