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Capital

Sesau investiga morte de criança após passar por 2 postos de saúde

Criança de 4 anos morreu na madrugada de sábado (8) após ter febre, dores no corpo e vômito

Mylena Fraiha e Antonio Bispo | 10/07/2023 10:05
Familiares e amigos vão ao velório da criança de 4 anos, no Cemitério Memorial Park (Foto: Alex Machado)
Familiares e amigos vão ao velório da criança de 4 anos, no Cemitério Memorial Park (Foto: Alex Machado)

Morte de criança de 4 anos na UBS (Unidade Básica de Saúde) Mário Covas traz suspeita de negligência médica durante atendimento. A criança morreu na madrugada de sábado (8). A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que deverá abrir um procedimento interno para apurar as circunstâncias em que se deu o atendimento.

Durante o velório da criança, neste domingo (9), a mãe da criança, Fernanda Rodrigues Pereira, relatou ao Campo Grande News que levou a filha à unidade de saúde na sexta-feira (7), durante o período da tarde, com febre e dores no corpo.

Fernanda relata que o médico tratou o caso como gripe, sem realizar uma avaliação mais detalhada, e orientou a mãe a levá-la de volta para casa. “Ela estava febril e aí levei no posto Mário Covas. Eles passaram ibuprofeno e dipirona”, conta a mãe da criança.

Durante a madrugada de sábado (8), a condição da criança piorou significativamente, e a mãe levou a filha a uma nova consulta, desta vez na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon.

“Quando foi de madrugada, ela começou a vomitar, mas depois achei que tinha melhorado, porque parou de vomitar e até comeu uma banana. Aí perto de amanhecer, ela começou a ter muita diarreia e eu levei para a UPA Leblon. Passou pela triagem, mas começou a sentir muita dor na barriga e nas pernas. Ela foi chamada e a médica colocou ela no soro, porque estava bem desidratada", explica Fernanda.

Fernanda relata que morte da única filha ocorreu de forma súbita (Foto: Alex Machado)
Fernanda relata que morte da única filha ocorreu de forma súbita (Foto: Alex Machado)

Entretanto, subitamente, a criança teve o quadro agravado e logo morreu. “Após uns 10 ou 20 minutos na emergência, vieram falar que não conseguiram reanimar ela, que ela não estava voltando. Eles tentaram reanimá-la de novo, na minha frente, mas não deu, ela veio a óbito. Ela teve falência respiratória", disse Fernanda.

Segundo a mãe da menina, os médicos diagnosticaram uma falência múltipla de órgãos e um acúmulo de catarro nos pulmões.

Suspeita - A mãe alega que o médico da UBS Mário Covas não percebeu esses sintomas e que uma possível negligência médica pode ter resultado no agravamento do estado de saúde da criança. "O médico do Mário Covas escutou o pulmão dela, mas falou que não tinha nada, que estava limpo. Só que no Leblon falaram que tinha catarro no pulmão. Foram poucas horas depois, foi muito rápido", conta a mãe.

Fernanda diz que a filha não tinha problemas de saúde anteriores e que não houve tempo para interná-la, pois ela faleceu menos de duas horas após chegar à UPA Leblon. "Foi de repente, porque ela tava bem. Até sexta-feira de manhã, ela estava bem, alegre, brincando. Aí de madrugada, começou a passar mal, vomitar e diarreia".

Após ter vivenciado caso similar no passado, Maria relata que acredita na possibilidade de negligência médica (Foto: Alex Machado)
Após ter vivenciado caso similar no passado, Maria relata que acredita na possibilidade de negligência médica (Foto: Alex Machado)

A tia-avó da criança, Maria Rodrigues da Silva, também expressou sua preocupação: "Eu acredito que tenha sido negligência da UBS Mário Covas. Faltou solicitar exames, administrar soro e investigar o que estava acontecendo".

Ela destacou uma experiência semelhante que ocorreu há 17 anos. "Uma sobrinha minha faleceu com o mesmo problema. Levamos ao posto de saúde e ela faleceu lá. Ela tinha 10 anos de idade", relata Maria.

Em busca de esclarecimentos sobre a possível negligência médica, a família fez um boletim de ocorrência na Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), que foi registrado como morte a esclarecer. A causa específica da morte súbita ainda precisa ser investigada, apesar de o atestado de óbito mencionar falência múltipla dos órgãos.

Esclarecimento - A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou por nota que deverá abrir um procedimento interno para apurar as circunstâncias em que se deu o atendimento e a Sesau se coloca à disposição da família para eventuais esclarecimentos. Cabe ressaltar que, no caso descrito, a criança apresentava sintomas respiratórios leves, não havendo um diagnóstico definitivo. Nestas situações, recomenda-se fazer o acompanhamento ambulatorial com sintomas persistentes e, em caso de eventual agravamento, buscar atendimento de urgência. Algumas doenças podem evoluir rapidamente, exigindo internação hospitalar para tratamento adequado. A Sesau tem realizado diversas capacitações aos seus profissionais, visando dar uma assistência mais adequada aos pacientes.

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