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Capital

Sob suspeita de favorecimento, polícia mantém sigilo em investigação

Mesmo diante da repercussão, polícia afirma que só vai repassar novas informações sobre o caso encerramento das investigações

Luana Rodrigues | 06/01/2017 10:14
Policiais militares na Depac no dia do crime. (Foto: Alcides Neto)
Policiais militares na Depac no dia do crime. (Foto: Alcides Neto)

Após ganhar as redes sociais com vídeos e fotos, além de gerar comoção e revolta, a morte do empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, agora é tratada "em segredo". A polícia não revela detalhes da investigação como, por exemplo, se o policial ligou ou não para o 190 pedindo apoio no momento da ocorrência, e qual o teor desta ligação.

O caso ganhou repercussão, já que Adriano foi morto a tiros pelo policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, depois de uma briga de trânsito. Por conta das imagens gravadas logo após o crime, foi levantada a suspeita de favorecimento pessoal ao autor, por parte de policiais que atenderam à ocorrência.

Neste sentido, a informação referente à ligação para o 190 é importante, pois revelaria detalhes de como o policial agiu imediatamente após o crime e de que forma a polícia tratou a ocorrência a princípio.

Nos últimos três dias, o Campo Grande News tem buscado informações sobre o trabalho policial acerca do caso. No entanto, Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), Polícia Militar e Polícia Civil afirmam que não irão repassar nenhuma informação até que ele seja encerrado e, portanto, a investigação ocorre em sigilo.

Favorecimento - Ricardo está preso desde a manhã desta quinta-feira (05), depois de a Justiça atender um pedido de prisão preventiva do Ministério Público Estadual.

No pedido, feito na última quarta-feira (4), o MPE também alegou que o caso teve circunstâncias especialmente graves e cita fatos que não podem ser “desprezados”.

“É que, há forte indícios de que o requerido, por si só e também com o auxílio de outrem inovou artificiosamente o estado de coisa e pessoa, a fim de induzir os órgãos de segurança a erro, bem como obteve tratamento privilegiado pelo Poder Público”.

Segundo o MPE, um exemplo disto é que, apesar do registro informar que Ricardo foi conduzido pela PM (Polícia Militar), ele compareceu à delegacia de forma espontânea, onde recebeu a voz de prisão em flagrante.

Também é destacado que o crime foi às 5h40 e o depoimento do policial foi encerrado às 12h55. Para a promotoria, “indício de que houve atuação irregular” em favor de Ricardo.

Outro fato é de que nos vídeos e fotos, o policial aparece de camiseta listrada e a calça da farda. Mas na delegacia, trajava a farda completa, portanto teria tido tempo para trocar de roupas. Ainda segundo o MPE, o preso deu versões fantasiosas. O pedido de prisão preventiva foi assinado pelos promotores João Meneghini Girelli, Bolivar Luis da Costa Vieira e Allan Thiago Barbosa Arakaki. A defesa alega legítima defesa para a conduta do policial.

Investigação - O Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial) encaminhou um ofício à corregedoria da Polícia Militar, na manhã desta quinta-feira (5), requisitando a instauração de inquéritos para investigar os policiais envolvidos na ocorrência.

De acordo com a promotora de justiça Luciana Moreira Schenk, integrante do Gacep, o prazo para o início das investigações é de 10 dias. O grupo também solicitou a abertura de sindicância para apurar se houve transgressão disciplinar por parte dos policiais.

O Campo Grande News entrou em contato com a PM, mas até o fechamento desta reportagem, não houve resposta.

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