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Meio Ambiente

Em Campo Grande, quase um quarto das escolas não têm áreas verdes

Pesquisa aponta que 23% das escolas da Capital não têm áreas verdes, e 46% não possuem áreas verdes próximas

Por Mylena Fraiha | 26/12/2024 14:09
Fachada da Escola Municipal Antônio José Paniago, que fica no Bairro Jardim Itamaracá, na Capital (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo).
Fachada da Escola Municipal Antônio José Paniago, que fica no Bairro Jardim Itamaracá, na Capital (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo).

Quase um quarto das escolas de Campo Grande, ou seja, 23%, não possuem áreas verdes. A informação é resultado de uma pesquisa do Instituto Alana, baseada em dados do MapBiomas, analisados em parceria com a Fiquem Sabendo.

Além disso, a pesquisa revela que essa ausência não é compensada por praças ou parques acessíveis nas proximidades, já que Campo Grande está entre as cinco capitais com os piores índices de distribuição de áreas verdes ao redor de escolas. Quase metade das instituições de ensino, 46%, não possuem áreas verdes próximas.

A pesquisa também identificou a ausência de áreas verdes tanto dentro quanto no entorno das escolas, uma situação especialmente preocupante na educação infantil, onde 43,5% das instituições não possuem esses espaços. Em nível nacional, 20% das escolas nas capitais não contam com praças ou parques em um raio de 500 metros, afetando diretamente mais de 1,5 milhão de alunos de 4.144 instituições de ensino.

Conforme destaca o levantamento, essa questão é relevante porque, para muitas crianças, a escola é o principal local de contato com a natureza, proporcionando oportunidades de brincar e aprender ao ar livre — experiências que, muitas vezes, não estão disponíveis em outros espaços de seu cotidiano.

Além disso, estudos comprovam que o contato com o meio ambiente melhora diversos indicadores de saúde e bem-estar, como imunidade, memória, qualidade do sono, alívio do estresse, capacidade de aprendizado, sociabilidade e desenvolvimento motor.

Entretanto, nas cidades, cada vez mais marcadas pelo trânsito intenso e insegurança, crianças e adolescentes acabam confinados em espaços internos, muitas vezes expostos ao excesso de telas.

Paralelamente, as mudanças climáticas demandam atenção especial às escolas mais vulneráveis a ondas de calor, alagamentos e outros eventos extremos. Identificar essas instituições e agir para aumentar sua resiliência é crucial, já que crianças e adolescentes estão entre os grupos mais afetados.

A natureza deve ser fonte de saúde e aprendizado, e não uma ameaça. Por isso, o papel das escolas é central para promover acesso a áreas verdes e adaptação às emergências climáticas”, afirma JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana.

A especialista do Instituto Alana, Maria Isabel Amando de Barros, que liderou o estudo, ressalta a importância de envolver toda a comunidade escolar nesse processo de transformação para tornar as escolas mais verdes e resilientes.

“As escolas são equipamentos numerosos e bem distribuídos nos territórios, atuando como polos de irradiação de conhecimento e cultura em suas comunidades. Colocar a natureza no centro e criar oportunidades para as crianças brincarem e aprenderem com ela contribui para a educação ambiental e climática, promovendo o protagonismo necessário para que elas participem da transição verde de nossas sociedades”, explica Maria Isabel.

Desigualdades socioambientais - A pesquisa analisou 20.635 escolas públicas e privadas, de educação infantil e fundamental, para avaliar o acesso a áreas verdes e a resiliência dessas instituições. Os dados expõem desigualdades significativas: cerca de 90% das escolas localizadas em áreas de risco estão em um raio de até 500 metros de favelas e comunidades urbanas, e 51% dessas têm maioria de alunos negros.

Por outro lado, apenas 4,7% das escolas com maioria de alunos brancos estão nessa mesma condição, o que mostra uma relação entre desigualdades socioeconômicas, racismo ambiental e vulnerabilidade climática.

A desigualdade também se reflete na localização das escolas em áreas mais quentes. Cerca de 36% das instituições com maioria de alunos negros estão em regiões com temperaturas até 3,57 °C acima da média da capital, enquanto apenas 16,5% das escolas com maioria de alunos brancos enfrentam essa mesma situação.

Contrariando a ideia de que escolas particulares oferecem melhores condições, o estudo mostra que, nesse aspecto, as públicas levam vantagem: 31% delas possuem mais de 30% de área verde em seus terrenos, enquanto apenas 9% das particulares alcançam essa marca.

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