Corumbá é o 2º município com maior área queimada no Brasil em 2024
Cidade pantaneira teve 837 mil hectares atingidos pelo fogo, ficando atrás apenas de São Félix do Xingu (PA)
O município de Corumbá, a 420 quilômetros de Campo Grande, é o segundo com maior área queimada no Brasil em 2024, registrando 837 mil hectares atingidos pelo fogo entre janeiro e novembro. Os dados fazem parte do Monitor do Fogo, relatório divulgado nesta segunda-feira (16) pelo MapBiomas, e evidenciam a gravidade da situação no Pantanal, um dos biomas mais afetados pelas queimadas neste ano.
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Em 2024, o Brasil enfrentou um aumento alarmante nas queimadas, com 29,7 milhões de hectares afetados entre janeiro e novembro, um crescimento de 90% em relação ao ano anterior e o maior índice em seis anos. O Pantanal, especialmente o município de Corumbá, foi severamente impactado, com 837 mil hectares queimados, enquanto a Amazônia liderou as áreas devastadas, totalizando 16,9 milhões de hectares. A maior parte das queimadas ocorreu em vegetação nativa, com 73% do total, e as florestas, que tradicionalmente eram menos afetadas, agora estão entre as mais impactadas. Fatores como eventos climáticos extremos e atividades humanas intensificadas contribuíram para essa situação crítica, destacando a necessidade urgente de controle do uso do fogo e proteção das florestas para garantir a resiliência ecológica.
No período de janeiro a novembro de 2024, o Brasil teve 29,7 milhões de hectares queimados, um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2023 e o maior índice dos últimos seis anos. Para efeito de comparação, a área total devastada pelo fogo é equivalente ao território de todo o Rio Grande do Sul.
“Esse aumento desproporcional da área queimada no Brasil em 2024, principalmente a área de floresta, acende um alerta de que, além de reduzir o desmatamento, precisamos reduzir e controlar o uso do fogo, principalmente em anos onde as condições climáticas são extremas e podem fazer o que seria uma pequena queimada virar um grande incêndio”, destacou Ane Alencar, coordenadora do Monitor do Fogo do MapBiomas,
A Amazônia foi o bioma mais atingido pelo fogo no período, com 16,9 milhões de hectares queimados, seguida pelo Cerrado (9,6 milhões de hectares) e pelo Pantanal, que teve 1,9 milhão de hectares afetados — um aumento de 68% em relação à média dos últimos cinco anos. No Pantanal, o impacto foi sentido de forma expressiva em Corumbá, que se posicionou atrás apenas de São Félix do Xingu (PA), o líder no ranking de área queimada, com 1,47 milhão de hectares.
O relatório também revela que o fogo afetou prioritariamente áreas de vegetação nativa, que representam 73% do total queimado no Brasil. Um quarto (25%) das queimadas ocorreu em florestas. No Pantanal, 87% da área queimada foi em formações campestres, seguidas por formações savânicas e florestas alagáveis. “O recorde de área queimada também em florestas afeta sua capacidade de regeneração e a resiliência ecossistêmica”, destaca Vera Arruda, coordenadora técnica do Monitor do Fogo do MapBiomas.
A sequência de eventos climáticos extremos — incluindo seca prolongada — e a intensificação das atividades humanas são apontadas como fatores que agravaram a situação. Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), destaca que “em 2024, observou-se uma mudança preocupante no padrão das áreas atingidas pelo fogo, enquanto nos últimos seis anos as queimadas afetaram predominantemente áreas de pastagem, neste ano as florestas passaram a ser as mais impactadas”.
Mato Grosso do Sul ficou em oitavo lugar no ranking dos estados mais afetados em novembro, com 50,6 mil hectares queimados apenas neste mês. No total do período de janeiro a novembro, o Brasil apresentou queimadas em todos os biomas, com as seguintes áreas atingidas: 1 milhão de hectares na Mata Atlântica, 3,3 mil hectares no Pampa e 297 mil hectares na Caatinga.
O levantamento evidencia que as pastagens também foram significativamente impactadas, totalizando 6,4 milhões de hectares queimados, o que representa 21% do total nacional. Para Eduardo Velez, da equipe do Pampa do MapBiomas, o quadro contrasta com a situação no Pampa, onde houve a menor área queimada dos últimos três anos. “Trata-se de uma consequência da maior umidade observada na região, com chuvas acima da média para o período”, pontua.